domingo, 5 de maio de 2013

Apreciação do Evangelho Segundo o Espiritismo

Fui convidado para realizar uma palestra sobre o tema: Apreciação do Evangelho Segundo o Espiritismo. É certo que apreciar esta rica obra do lionês Allan Kardec seria um grande desafio, que minha humilde pessoa não permite considerar-me devidamente preparado. Este grande orientador nos permitiu desvendar os mistérios dos espíritos, da vida em sua plenitude, e com respeito e admiração, aqui descrevo alguns dados que talvez sirva de caminho para despertar o interesse de alguns estudiosos ou curiosos sobre o espiritismo:

Inicia Allan Kardec descrevendo que o objetivo principal desta obra é tratar e esclarecer as Leis Morais e mostrar a revelação sobre a vida eterna.

Faz uma menção, que as coisas pouco esclarecidas no evangelho se faziam entender através do espiritismo e diz: “Se ele abre horizontes novos para o futuro, derrama luz não menos viva sobre os mistérios do passado”.

Kardec traz nesta obra a sua característica de educador, a explicação e elucidação de alguns termos que serão utilizados em diversos capítulos, como: Samaritanos - seguidores do pentateuco da Lei de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Numero e Deuteronômio; Nazarenos - Judeus que faziam voto de conservar sua pureza e mais adiante, os primeiros Cristãos por seguirem Jesus de Nazaré; Publicanos os cobradores de impostos; Portageiros - os cobradores de baixa categoria, responsáveis inclusive da arrecadação dos direitos de entrada nas cidades; Fariseus - os interpretadores da teologia judaica; Escribas, doutores que ensinavam as Leis de Moisés; Sinagogas – Templos onde se celebravam os grandes eventos religiosos de época; Saduceus – Seita judia que se formou por volta do ano 248 A.C. Não acreditavam nem na imortalidade da alma, nem na ressurreição, nem nos bons ou maus anjos; Essênios e Esseus – Seita judia fundada por volta do ano 150 A.C. Distinguiam-se pelos costumes brandos e virtudes austeras, ensinavam o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da alma e acreditavam na ressurreição; e os Terapeutas – ditos como servidores de Deus e curandeiros, devotados ao celibato e à vida solitária. Formavam uma verdadeira ordem religiosa.

Sócrates e Platão: Através dos escritos do seu seguidor Platão, Sócrates que nada deixou registrado, trouxe-nos grandes ensinamentos religiosos. Tido como o precursor do espiritismo, que é a Doutrina reencarnacionista. Sócrates, como Jesus, foi acusado pelos Fariseus de corromper o povo pelos seus ensinamentos. Combateu os preconceitos religiosos. E Sócrates defendia que o homem é um ser encarnado. Antes da sua encarnação, ela existia aos tipos primordiais, à ideias do verdadeiro, do bem e do belo; deles se separa em se encarnando e, recordando seu passado, está mais ou menos atormentada pelo desejo de a eles retornar; Dizia mais: enquanto tenhamos nosso corpo, e a alma se encontre mergulhada nessa corrupção, jamais possuiremos o objeto dos nossos desejos: a verdade. E outros tantos conceitos que tem todo o principio do espiritismo.

O Evangelho Segundo o Espiritismo contém vinte e oito capítulos, onde vinte e sete deles trata os ensinamentos para a conduta intelecto-moral e o ultimo um conjunto de preces, notadamente como forma orientadora para aprendermos como orar ou rezar. E começa o seu primeiro capítulo com o tema: “Eu não vim destruir a Lei”. São Mateus, no cap. V, v 17 e 18 nos diz: Não penses que vim destruir a lei ou os profetas; eu não vim destruí-los, mas dar-lhes cumprimento; porque eu vos digo em verdade que o céu e a Terra não passarão antes que tudo o que está na lei seja cumprido perfeitamente, até um único jota e um só ponto. Neste mesmo capítulo tem um parágrafo que trata o Espiritismo, com as seguintes colocações: “O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal; ele no-lo mostra, não mais como uma coisa sobre natural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas da Natureza.

No capítulo dois como o tema: “Meu Reino não é deste mundo”, Jesus nos esclarece que existe um reino de boa aventurança nos esperando na eternidade, reino este que ele faz parte nação dos anjos protetores onde é o ser supremo que nos guia e orienta. Foi no encontro com Pôncio Pilatos, que se sentindo aviltado por seu poder perante o povo que foi questionado com se pode ter tanta força se não tem um reino e daí a indagação sobre o fato de ser rei sendo humildemente respondido com tanto saber e elevação moral.

No capítulo três, “Há muitas moradas na casa do meu Pai” tem as elucidações sobre os diversos mundos habitados, com níveis de evolução moral diferenciados. Dos mundos inferiores, onde seres o que os habitam são bem rudimentares, só a força bruta prevalece, estão totalmente presos às necessidades materiais, são raças selvagens num nível primitivo de existência. Dos mundos de provas expiação, onde o mal prevalece sobre o bem. Que os seres que habitam já se encontram em processo de evolução, mas que ainda estão muito presos à matéria, dado os vícios que são inclinados, deixando claro sua grande imperfeição moral. Nos mundos de regeneração, onde as almas arrependidas encontram consolo neste estado transitório entre provas e expiação e mundos felizes. Ainda num processo de amadurecimento, mas em condições de evolução melhores do que dos mundos em estados morais inferiores. E nos mundos felizes há a ventura da plenitude do espírito que se livrou das viciações e das imperfeições natas das prisões materiais. O espírito alcançou a angelitude.

Daí Kardec nos traz o capítulo quatro falando sobre a reencarnação sob o tema “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”. Num diálogo estabelecido entre Jesus e seus discípulos sobre Elias, Jesus diz que o mesmo encontra-se novamente na carne e que estava entre eles dando-lhes a entender que se tratava de João Batista o que anunciou a vinda do Cristo, o salvador. E em outro diálogo Jesus pergunta aos seus discípulos quem Ele é, e Simão Pedro lhe responde: Vós sois o Cristo, o Filho de Deus vivo. Entre muitos diálogos que o Cristo teve com seus discípulos esclarecia que é necessário ter fé para entender as coisas do espírito, como nesta passagem de São João Cap. III: Mas se não credes quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis quando vos falar das coisas do céu?

Nos capítulos cinco, sete a dez tem as bem aventuranças. Um conjunto de orientações que trata temas como as aflições da vida, o perdão das ofensas, o orgulho, a humildade, a cólera, a pobreza de espírito, pecado por pensamentos, adultério, a afabilidade e a doçura, a paciência, a indulgência.

No capítulo seis, fala justamente sobre o espiritismo na condição de ser o consolador prometido. Do advento do nascimento de Moisés e sua missão, de Jesus Cristo e todos os ensinamentos de amor e abnegação que nos trouxe e por fim a terceira revelação, o consolador prometido: O Espiritismo, este divisor de águas no nosso saber com incontestáveis provas da existência dos espíritos entre nós, em seu tríplice aspecto: Religioso, Filosófico e Científico.

No capítulo doze, vem a maior lição do Cristo sobre o amor: Amai vossos inimigos.

Nos capítulos treze e quinze fala-nos sobre a caridade com os temas: “Que a vossa mão esquerda não saiba o que dá a vossa mão direita” e “Fora da caridade não há salvação”.

Capítulo catorze e vinte e quatro “Honrai vosso pai e vossa mãe” e “Moral estranha”  o precioso ensinamento de que nossos entes mais próximos é a primeira escola para a regeneração na peregrinação do espírito e que devemos ter gratidão pelo fato de estarmos estagiando no convívio destes que tem relação direta com nossas expiações.

E daí os outros capítulos sobre a devoção e necessidade de se melhorar continuadamente, como: “Não se pode servir a Deus e a Mamon”, “Sede Perfeitos”, “Muitos serão chamados e poucos escolhidos”, “A fé transporta montanhas”, “Os trabalhadores da ultima hora”, “Haverá falsos cristos e falsos profetas”, “Não separeis o que Deus juntou”, “Não coloqueis a candeia sob o alqueire”, “Buscais e achareis” e “Pedi e Obtereis”.

O Evangelho Segundo o Espiritismo é sem dúvidas um livro que deve estar na cabeceira de nossa cama como um verdadeiro conselheiro para nos alimentar a consciência da urgência de nos melhorarmos, de disciplinarmos nossas vidas no caminho para a luz.

De cada capítulo ou tema abordado, muitos ensinamentos que devem ser refletidos para pormos em prática no nosso dia-a-dia. E quando falamos de prática lembremos que o seu maior ensinamento é a “Moral Cristã”. Que associado a ela o exercício do amor associado a caridade que o Mestre Jesus nos ensinou e seus discípulos e seguidores continuam até hoje nos  orientando. Estes ícones no amor Jesus Cristo, Paulo o Apóstolo dos Gentios, Gandhi,  Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Chico Xavier, e outros tantos que ficaram invisíveis ao nosso saber mas que espalharam na terra a semente do amor, da paz e da bondade.

Está aí a grande lição que o Evangelho nos traz, lição esta que nada é mais que os escritos dos ensinamentos dos grandes espíritos que paginaram este livro lembrando que Cristo em seu sacrifício lembra-nos que há possibilidades múltiplas de tornarmos melhores, basta apenas dar o primeiro passo, que poderá ser um grande salto para as esferas luminescentes de um mundo cheio de ventura, no encontro com os anjos da bondade dando-nos acesso ao nosso pai que poderá nos convidar a sentar a sua direita.

Muita Paz!

Fernando Oliveira