Sem nenhuma pretensão mística gostaria de conceituar a
palavra FOLCLORE que é um conjunto de manifestações populares constituído por
lendas, mitos, provérbios, danças e costumes que são passados de geração a
geração.
Distinto de conceitos equivocados, o espiritismo surgiu em
meados do século XIX, quando o então curioso, professor lionês Hippolyte Léon
Denizard Rivail pesquisador e profundo conhecedor de ciências, artes, filosofia
e matemática, pois se formou em Yverdun (Suíça) em Letras, Ciências e
Doutorou-se e Medicina. Além disso, era fluente em Inglês, Alemão, Italiano e
Espanhol, fora seu idioma natal francês, abordado por amigos da época, por
volta do ano de 1848, teria sido informado que nos Estados Unidos circulava
informações de movimentos involuntários de objetos que chegavam a fazer batidas
no solo, nas paredes, ruídos entre outros sons que não havia ação direta de
nenhuma pessoa.
Nesta mesma época estes eventos foram classificados como atos
de vandalismo ou bruxaria e que seria uma heresia.
Os informes das batidas e ruídos originaram da cidade de
Hydesville, estado de Nova York nos Estados Unidos, quando em 1847 a família Fox
foi morar, composta pelos Sr. John D. Fox, sua esposa Sra. Margareth e suas
filhas Kate de 7 anos e Margareth de 10 anos. Passaram-se alguns meses quando
no dia 31 de março de 1848 deu-se o grande evento onde se desencadeou uma série
de sons muito fortes e continuados. Kate Fox a menor em sua ingenuidade e
espontaneidade desafiou estes ruídos fazendo sons de batidas de mãos o que teve
sua replica de imediato. A mãe D. Margareth narra em seus escritos
detalhadamente estes eventos que se sucederam por muitos dias.
O Espírito que se comunicava através de batidas se
identificou como sido assassinado naquela residência por motivo de dinheiro e
que fora enterrado na adega o que foi confirmado ao se fazer as escavações.
As crianças Kate e Margareth mesmo assustadas após estudos
criteriosos que seriam compilados pelo insigne Dr. Hippolyte Léon Denizard
Rivail seriam médiuns que ofereciam o que depois se denominou como plasma ou
fluido vital para viabilizar as comunicações do espírito.
A palavra espiritismo foi criada pelo Sr. Allan Kardec quando
em 1857 publicaria a primeira versão do Livro dos Espíritos onde na introdução
deste livro, assim se explica:
“Para as coisas novas necessitam-se de palavras novas, assim
o quer a clareza da linguagem para evitar confusão inseparável do sentido
múltiplo dos mesmos vocábulos. As palavras espiritual,
espiritualista, espiritualismo tem a acepção bem definida: dar-lhes uma
nova para as aplicar à doutrina dos Espíritos seria multiplicar as causas já
numerosas de anfibologia, o mesmo que sentido ambíguo ou duplos sentidos. Com
efeito, o espiritualista é o oposto do materialismo: quem crê haver em si outra
coisa que a matéria, é espiritualista. Mas não se segue daí que crê na
existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em lugar
das palavras espiritual, espiritualismo, das quais a forma lembra a origem e o
sentido radical, e que, por isso mesmo têm a vantagem de ser perfeitamente
inteligíveis, reservando à palavra espiritualismo a sua acepção própria.
Diremos pois, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as
relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os
adeptos do Espiritismo serão espíritas ou, se o quiserem, os espiritistas.”
A Doutrina espírita tem seu tríplice aspecto: Filosófico,
Religioso e Científico. Caracterizando os conceitos basilares dos estudos
doutrinários sobre a existência dos espíritos.
Entenda-se então por espírito um ser imaterial, que preserva
o seu saber ou inteligência, suas emoções e sentimentos.
Um espírito é um ser que em processo de evolução contínua
habita nos dois mundos o dos espíritos enquanto desencarnado ou o dos homens
enquanto encarnado preservando assim o seu princípio inteligente que é
característica principal do espírito.
A Doutrina Espírita vem elencar uma série de princípios
morais vislumbrando dar a conhecer aos homens sobre formas adequadas de
comportamento e respeito mútuo para a boa convivência na sociedade.
Dentro deste paradigma, o mestre Allan Kardec tendo por base
os princípios religiosos que considerava relevantes tentou entender alguns
fundamentos existentes na bíblia, através de perguntas e respostas no então
livro o Evangelho Segundo o Espiritismo, alçando voo para sua compreensão dos
ensinamentos do Mestre Jesus quando de sua passagem pela terra há dois mil
anos.
Daí traz na essência da Doutrina tendo Espelho o Mestre
Jesus, a revelação de que é essencial compreender o próximo e que para tanto
devemos amá-lo, perdoá-lo, e ajuda-lo na condição de corações solidários e
caridosos.
A Doutrina Espírita é
a incontestável comprovação da existência dos espíritos e da capacidade de
comunicabilidade dos espíritos, seres desencarnados, com os homens, seres
encarnados.
Um fato relevante é que como os homens que apresentam
características diferenciadas de comportamentos, o que revela seu teor moral,
quando das suas necessidades meramente materialistas, físicas, e de sensações
que lhes levam a êxtase da sua emoção, no mesmo entendimento, encontramos os
espíritos em escala de evoluções morais diferenciadas.
Nesta mesma sequencia de entendimento encontramos o bem e o
mal que sem necessidade, graças aos entendimentos de cada um, precisam em
certas circunstâncias se sobreporem um ao outro.
Nesta visão, apresentamos situações morais como: desejos, ansiedades,
vontades, que uma vez bem canalizadas, associadas a homens do bem que desejam o
bem comum, enquanto que na sua contra partida, podemos encontrar estas forças
direcionadas para o mal e trazendo muita dor e infelicidade na vida comum.
Como os homens, assim são os espíritos e são os valores
morais que nos vinculam àqueles que se assemelham a nós em sentimentos e
desejos.
Dentro desta visão, Allan Kardec classifica no Livro dos
Espíritos, questão 97, a escala dos espíritos que podem ser primeira ordem,
classificados como puros aqueles que alcançaram a perfeição; os da segunda
ordem alcançaram a metade da escala: o desejo do bem é sua preocupação; e os
imperfeitos, caracterizados pela ignorância, o desejo do mal e todas as más
paixões que lhes retardam o progresso.
Compreender e aceitar a existência dos espíritos é aceitar
que somos envolvidos por forças que de acordo com nossas próprias tendências
podermos nos associar a eles e ser conduzidos a tomar atitudes que serão de
nossa plena responsabilidade no presente que terão como consequências resultados
felizes ou infelizes no nosso futuro.
Em se falando da Umbanda temos que discorrer sobre sua
origem. Vinda da cultura africana quando da vinda dos negros para o Brasil sua
ascendente tida com religião o Candomblé. O Candomblé se baseava na adoração
aos orixás, que representam as forças que controlam a natureza e seus
fenômenos, com água, vento, florestas e raios. Era baseado em ritos e
cerimônias feitos em casa e terreiros ou nos quilombos onde os negros adoravam
as divindades e seus ancestrais.
Mas sendo o Brasil um país de cultura religiosa rudimentar,
direcionado politico e religiosamente pelo culto católico, o Candomblé era
proibido.
Sem uma estrutura segmentada e com métodos individualizados
pelos cantos onde se cultuava, o candomblé que da sua essência em louvar aos
orixás e ancestrais ou eguns (conhecidos como espíritos dos mortos) se
formaliza por conceitos além de espiritualistas onde como no Espiritismo
reconhece a existência dos espíritos considera que para a realização de algumas
tarefas que ora denominam como trabalhos seria necessário remunerar a casa ou terreiro para alcançar os
pedidos desejados. De simples jogo de búzios a sacrifícios de animais o
candomblé foi se estabelecendo no brasil desde o final do século XIX
coincidindo com o reconhecimento do espiritismo através da codificação do Sr.
Allan Kardec.
Alguns candomblecistas acreditam que, cumprindo as
obrigações, os orixás trarão as riquezas desejadas. Outros consideram que a
maior riqueza que os orixás oferecem é o equilíbrio. Entendam como obrigações
oferendas que são dadas aos orixás que numa linguagem específica do candomblé
denominam como santo de cabeça. Estas oferendas variam desde frutas, a pratos
específicos que representam o alimento do orixá como acarajé, manjar, entre
outros e sacrifícios de animais como aves, carneiro e boi, entre outros animais.
Da formatação do candomblé surge no início do século XX a
Umbanda, que segundo dados históricos teria se revelado através da comunicação
do espírito Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio de Moraes,
um rapaz que desfrutava dos 17 anos de idade e tinha como denominamos no
espiritismo mediunidade de psicofonia.
Talvez pela surpresa relativa da ocorrência, interpretado de
forma errônea na época de sua manifestação o espírito comunicante influenciou
ao médium a criar uma segmentação religiosa que veio se denominar como Umbanda.
Diferentemente do Candomblé a Umbanda que a esta altura já se
estabelecia com um mix de personalidades que aceitavam a existência dos
espíritos, e que tinha como seus seguidores brancos, negros, mestiços como um
todo.
Tidas muitas vezes como manifestações folclóricas o candomblé
e a Umbanda, graças ao preconceito e a desinformação sofre ainda hoje
perseguição, indo de encontro a um princípio básico da boa convivência entre os
homens, a paz e a fraternidade.
Nela ficou estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas
que o seu culto não deveria estar vinculado a matanças, nem comidas e que com
isso dispensava o sacrifício de sangue animal. Admitia a oferta de raízes,
folhas, flores e frutos. Os seguidores poderiam expressar sua fé através de
danças, cânticos, visitas a cachoeiras, grutas, cemitérios, rios e beira-mar.
Reconheciam as divindades espirituais através do culto aos orixás, caboclos,
pretos velhos, pretas velhas e exus. Termos que identificavam como numa
hierarquia os níveis dos espíritos na acepção dos cultos que realizam.
Em se comparando o Espiritismo com a Umbanda reconhecemos nas
duas situações a existência dos espíritos e a influência que eles podem ter
sobre os homens. O Espiritismo surgiu na França através da codificação de Allan
Kardec com um sistema de orientações e condutas visando melhoria geral da
humanidade e mudanças de atitudes para aproximação da única divindade que
devemos cultuar Deus nosso Pai, enquanto que na umbanda os cultos variam de
acordo com as necessidades das individualidades e objetivos de certa forma
materiais, buscando em vez de equilíbrio emocional, harmonia e paz, conquistas
emotivas e materiais, com emprego, amor e poder.
Nas duas há comunicabilidade dos espíritos.
No Espiritismo as únicas ofertas necessárias são a fé, o
amor, a caridade e preces em benefício da harmonização do indivíduo, de uma
comunidade ou conjunto de indivíduos. Na Umbanda pra obter os benefícios e
proteção dos espíritos são necessárias oferendas onde com isso se garante a proteção
desejada ou até mesmo conquistas, digamos materiais.
É indiscutível que estamos num processo de encaminhamento
para o entendimento de nossas existências. Neste processo onde reconhecemos que
cada ser está na sua escala adequada de evolução cada expressão religiosa como
o Espiritismo, Espiritualismo, Candomblé, Umbanda ou qualquer outra fé que
reconhece a existência e importância dos espíritos tem seu valor e servem mesmo
que sem conhecimento a um propósito que é o próprio amadurecimento do indivíduo.
Temos em nossas reuniões mediúnicas verdadeiros servidores do
bem que surgem em nossa presença com a caracterização de pretos velhos, pretas
velhas, caboclos, Indus, médicos, mestres. Estas são as expressões das
necessidades, que nós humanos, temos de corporificar as coisas ou pessoas e com
isso temos indicativos temos muito a melhorar e que estamos ainda num processo de
desenvolvimento intelecto e moral.
Não podemos classificar, sob hipótese nenhuma, em que escala
de desenvolvimento se encontra um ou outro espírito. Se um ou outro é
imperfeito, se as necessidades materiais suplantam as do espírito, do coração,
se a bondade esta longe de se conquistar. O mais importante é que no
entendimento amplo devemos respeitar a fé que cada ser professar e que devemos
canalizar nossas forças para o bem comum, servindo apenas a um DEUS. O Deus do
amor, da caridade, da bondade que são orientações que recebemos através da codificação
do professor Lionês Allan Kardec nos livros que temos conhecimento.