segunda-feira, 10 de junho de 2013

Doutrina Espírita e Umbanda

Sem nenhuma pretensão mística gostaria de conceituar a palavra FOLCLORE que é um conjunto de manifestações populares constituído por lendas, mitos, provérbios, danças e costumes que são passados de geração a geração.

Distinto de conceitos equivocados, o espiritismo surgiu em meados do século XIX, quando o então curioso, professor lionês Hippolyte Léon Denizard Rivail pesquisador e profundo conhecedor de ciências, artes, filosofia e matemática, pois se formou em Yverdun (Suíça) em Letras, Ciências e Doutorou-se e Medicina. Além disso, era fluente em Inglês, Alemão, Italiano e Espanhol, fora seu idioma natal francês, abordado por amigos da época, por volta do ano de 1848, teria sido informado que nos Estados Unidos circulava informações de movimentos involuntários de objetos que chegavam a fazer batidas no solo, nas paredes, ruídos entre outros sons que não havia ação direta de nenhuma pessoa.

Nesta mesma época estes eventos foram classificados como atos de vandalismo ou bruxaria e que seria uma heresia.

Os informes das batidas e ruídos originaram da cidade de Hydesville, estado de Nova York nos Estados Unidos, quando em 1847 a família Fox foi morar, composta pelos Sr. John D. Fox, sua esposa Sra. Margareth e suas filhas Kate de 7 anos e Margareth de 10 anos. Passaram-se alguns meses quando no dia 31 de março de 1848 deu-se o grande evento onde se desencadeou uma série de sons muito fortes e continuados. Kate Fox a menor em sua ingenuidade e espontaneidade desafiou estes ruídos fazendo sons de batidas de mãos o que teve sua replica de imediato. A mãe D. Margareth narra em seus escritos detalhadamente estes eventos que se sucederam por muitos dias.

O Espírito que se comunicava através de batidas se identificou como sido assassinado naquela residência por motivo de dinheiro e que fora enterrado na adega o que foi confirmado ao se fazer as escavações.

As crianças Kate e Margareth mesmo assustadas após estudos criteriosos que seriam compilados pelo insigne Dr. Hippolyte Léon Denizard Rivail seriam médiuns que ofereciam o que depois se denominou como plasma ou fluido vital para viabilizar as comunicações do espírito.

A palavra espiritismo foi criada pelo Sr. Allan Kardec quando em 1857 publicaria a primeira versão do Livro dos Espíritos onde na introdução deste livro, assim se explica:

“Para as coisas novas necessitam-se de palavras novas, assim o quer a clareza da linguagem para evitar confusão inseparável do sentido múltiplo dos mesmos vocábulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo tem a acepção bem definida: dar-lhes uma nova para as aplicar à doutrina dos Espíritos seria multiplicar as causas já numerosas de anfibologia, o mesmo que sentido ambíguo ou duplos sentidos. Com efeito, o espiritualista é o oposto do materialismo: quem crê haver em si outra coisa que a matéria, é espiritualista. Mas não se segue daí que crê na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em lugar das palavras espiritual, espiritualismo, das quais a forma lembra a origem e o sentido radical, e que, por isso mesmo têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, reservando à palavra espiritualismo a sua acepção própria. Diremos pois, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão espíritas ou, se o quiserem, os espiritistas.”

A Doutrina espírita tem seu tríplice aspecto: Filosófico, Religioso e Científico. Caracterizando os conceitos basilares dos estudos doutrinários sobre a existência dos espíritos.

Entenda-se então por espírito um ser imaterial, que preserva o seu saber ou inteligência, suas emoções e sentimentos.

Um espírito é um ser que em processo de evolução contínua habita nos dois mundos o dos espíritos enquanto desencarnado ou o dos homens enquanto encarnado preservando assim o seu princípio inteligente que é característica principal do espírito.

A Doutrina Espírita vem elencar uma série de princípios morais vislumbrando dar a conhecer aos homens sobre formas adequadas de comportamento e respeito mútuo para a boa convivência na sociedade.

Dentro deste paradigma, o mestre Allan Kardec tendo por base os princípios religiosos que considerava relevantes tentou entender alguns fundamentos existentes na bíblia, através de perguntas e respostas no então livro o Evangelho Segundo o Espiritismo, alçando voo para sua compreensão dos ensinamentos do Mestre Jesus quando de sua passagem pela terra há dois mil anos.

Daí traz na essência da Doutrina tendo Espelho o Mestre Jesus, a revelação de que é essencial compreender o próximo e que para tanto devemos amá-lo, perdoá-lo, e ajuda-lo na condição de corações solidários e caridosos.

 A Doutrina Espírita é a incontestável comprovação da existência dos espíritos e da capacidade de comunicabilidade dos espíritos, seres desencarnados, com os homens, seres encarnados.

Um fato relevante é que como os homens que apresentam características diferenciadas de comportamentos, o que revela seu teor moral, quando das suas necessidades meramente materialistas, físicas, e de sensações que lhes levam a êxtase da sua emoção, no mesmo entendimento, encontramos os espíritos em escala de evoluções morais diferenciadas.

Nesta mesma sequencia de entendimento encontramos o bem e o mal que sem necessidade, graças aos entendimentos de cada um, precisam em certas circunstâncias se sobreporem um ao outro.

Nesta visão, apresentamos situações morais como: desejos, ansiedades, vontades, que uma vez bem canalizadas, associadas a homens do bem que desejam o bem comum, enquanto que na sua contra partida, podemos encontrar estas forças direcionadas para o mal e trazendo muita dor e infelicidade na vida comum.

Como os homens, assim são os espíritos e são os valores morais que nos vinculam àqueles que se assemelham a nós em sentimentos e desejos.

Dentro desta visão, Allan Kardec classifica no Livro dos Espíritos, questão 97, a escala dos espíritos que podem ser primeira ordem, classificados como puros aqueles que alcançaram a perfeição; os da segunda ordem alcançaram a metade da escala: o desejo do bem é sua preocupação; e os imperfeitos, caracterizados pela ignorância, o desejo do mal e todas as más paixões que lhes retardam o progresso.

Compreender e aceitar a existência dos espíritos é aceitar que somos envolvidos por forças que de acordo com nossas próprias tendências podermos nos associar a eles e ser conduzidos a tomar atitudes que serão de nossa plena responsabilidade no presente que terão como consequências resultados felizes ou infelizes no nosso futuro.

Em se falando da Umbanda temos que discorrer sobre sua origem. Vinda da cultura africana quando da vinda dos negros para o Brasil sua ascendente tida com religião o Candomblé. O Candomblé se baseava na adoração aos orixás, que representam as forças que controlam a natureza e seus fenômenos, com água, vento, florestas e raios. Era baseado em ritos e cerimônias feitos em casa e terreiros ou nos quilombos onde os negros adoravam as divindades e seus ancestrais.

Mas sendo o Brasil um país de cultura religiosa rudimentar, direcionado politico e religiosamente pelo culto católico, o Candomblé era proibido.

Sem uma estrutura segmentada e com métodos individualizados pelos cantos onde se cultuava, o candomblé que da sua essência em louvar aos orixás e ancestrais ou eguns (conhecidos como espíritos dos mortos) se formaliza por conceitos além de espiritualistas onde como no Espiritismo reconhece a existência dos espíritos considera que para a realização de algumas tarefas que ora denominam como trabalhos seria necessário  remunerar a casa ou terreiro para alcançar os pedidos desejados. De simples jogo de búzios a sacrifícios de animais o candomblé foi se estabelecendo no brasil desde o final do século XIX coincidindo com o reconhecimento do espiritismo através da codificação do Sr. Allan Kardec.

Alguns candomblecistas acreditam que, cumprindo as obrigações, os orixás trarão as riquezas desejadas. Outros consideram que a maior riqueza que os orixás oferecem é o equilíbrio. Entendam como obrigações oferendas que são dadas aos orixás que numa linguagem específica do candomblé denominam como santo de cabeça. Estas oferendas variam desde frutas, a pratos específicos que representam o alimento do orixá como acarajé, manjar, entre outros e sacrifícios de animais como aves, carneiro e boi, entre outros animais.

Da formatação do candomblé surge no início do século XX a Umbanda, que segundo dados históricos teria se revelado através da comunicação do espírito Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio de Moraes, um rapaz que desfrutava dos 17 anos de idade e tinha como denominamos no espiritismo mediunidade de psicofonia.

Talvez pela surpresa relativa da ocorrência, interpretado de forma errônea na época de sua manifestação o espírito comunicante influenciou ao médium a criar uma segmentação religiosa que veio se denominar como Umbanda.

Diferentemente do Candomblé a Umbanda que a esta altura já se estabelecia com um mix de personalidades que aceitavam a existência dos espíritos, e que tinha como seus seguidores brancos, negros, mestiços como um todo.

Tidas muitas vezes como manifestações folclóricas o candomblé e a Umbanda, graças ao preconceito e a desinformação sofre ainda hoje perseguição, indo de encontro a um princípio básico da boa convivência entre os homens, a paz e a fraternidade.

Nela ficou estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas que o seu culto não deveria estar vinculado a matanças, nem comidas e que com isso dispensava o sacrifício de sangue animal. Admitia a oferta de raízes, folhas, flores e frutos. Os seguidores poderiam expressar sua fé através de danças, cânticos, visitas a cachoeiras, grutas, cemitérios, rios e beira-mar. Reconheciam as divindades espirituais através do culto aos orixás, caboclos, pretos velhos, pretas velhas e exus. Termos que identificavam como numa hierarquia os níveis dos espíritos na acepção dos cultos que realizam.

Em se comparando o Espiritismo com a Umbanda reconhecemos nas duas situações a existência dos espíritos e a influência que eles podem ter sobre os homens. O Espiritismo surgiu na França através da codificação de Allan Kardec com um sistema de orientações e condutas visando melhoria geral da humanidade e mudanças de atitudes para aproximação da única divindade que devemos cultuar Deus nosso Pai, enquanto que na umbanda os cultos variam de acordo com as necessidades das individualidades e objetivos de certa forma materiais, buscando em vez de equilíbrio emocional, harmonia e paz, conquistas emotivas e materiais, com emprego, amor e poder.

Nas duas há comunicabilidade dos espíritos.

No Espiritismo as únicas ofertas necessárias são a fé, o amor, a caridade e preces em benefício da harmonização do indivíduo, de uma comunidade ou conjunto de indivíduos. Na Umbanda pra obter os benefícios e proteção dos espíritos são necessárias oferendas onde com isso se garante a proteção desejada ou até mesmo conquistas, digamos materiais.

É indiscutível que estamos num processo de encaminhamento para o entendimento de nossas existências. Neste processo onde reconhecemos que cada ser está na sua escala adequada de evolução cada expressão religiosa como o Espiritismo, Espiritualismo, Candomblé, Umbanda ou qualquer outra fé que reconhece a existência e importância dos espíritos tem seu valor e servem mesmo que sem conhecimento a um propósito que é o próprio amadurecimento do indivíduo.

Temos em nossas reuniões mediúnicas verdadeiros servidores do bem que surgem em nossa presença com a caracterização de pretos velhos, pretas velhas, caboclos, Indus, médicos, mestres. Estas são as expressões das necessidades, que nós humanos, temos de corporificar as coisas ou pessoas e com isso temos indicativos temos muito a melhorar e que estamos ainda num processo de desenvolvimento intelecto e moral.

Não podemos classificar, sob hipótese nenhuma, em que escala de desenvolvimento se encontra um ou outro espírito. Se um ou outro é imperfeito, se as necessidades materiais suplantam as do espírito, do coração, se a bondade esta longe de se conquistar. O mais importante é que no entendimento amplo devemos respeitar a fé que cada ser professar e que devemos canalizar nossas forças para o bem comum, servindo apenas a um DEUS. O Deus do amor, da caridade, da bondade que são orientações que recebemos através da codificação do professor Lionês Allan Kardec nos livros que temos conhecimento.