domingo, 24 de fevereiro de 2019

COMO VENCER NOSSOS VÍCIOS

Conforme o dicionário Infopédia, vício é:
  • Defeito pelo qual uma pessoa ou uma coisa se afasta do tipo considerado normal, ficando inapta a cumprir determinado fim ou a desempenhar certa função;
  • Hábito profundamente enraizado de ações consideradas moralmente condenáveis; libertinagem; desregramento; desmoralização;
  • Prática de atos geralmente prejudiciais ou moralmente censuráveis; mau hábito; costume condenável;
  • Disposição natural para algo; propensão irresistível; tendência;
  • Erro contra as regras da arte ou da ciência;
  • Hábito repetitivo de praticar certos atos; erro sistemático; mania;
  • Dependência em relação ao consumo de determinada substância (álcool, tabaco, etc.).
Seguindo as definições acima, podemos considerar que em determinado momento adquirimos ou estamos em via de adquirir algum tipo de vício. Um dos exemplos mais comuns na atualidade é o uso exagerado de telefone com as redes sociais (cybervício), o exagero que algumas pessoas aplicam na prática de exercício, os desequilíbrios alimentares, tanto para o excesso como na redução, entre outros. Ou seja, tudo isso indica desregramento, propensão irresistível, mau hábito. No entanto, temos que levar em consideração um fato relevante: Temos tendência aos vícios!

Entre os diversos tipos de vícios podemos destacar:

1 – Vício por trabalho – os que são considerados workaholic. Àquele que cria dependência extrema pelo trabalho, podendo abdicar do convívio com a família, convívio social. O que tem necessidade extrema de se destacar entre os demais, sem levar em consideração os malefícios que pode causar aos colegas de trabalho, ambição, concorrência, vaidade, ganância.

2 – Vício por comida – A gula está entre os sete pecados capitais. Também tem os que se privam da alimentação adequada para se sentirem com o corpo perfeito, podendo desenvolver a anorexia.

3 – Vício por exercícios – Um dos hábitos sociais em plena evidência, o cuidado com o corpo, é uma necessidade de saúde física, no entanto há os que se dedicam em excesso sem considerar os seus limites físicos e possíveis consequências que podem levá-los a consequências drásticas como problemas de coluna, fissuras musculares, entre outras.

4 – Cybervício ou vício por internet – O conhecimento da tecnologia é uma necessidade da atualidade, no entanto precisamos avaliar os excessos. Tenho visto muitas pessoas que perdem o sono na prática de jogos, uso de redes sociais para saber as novidades, conversas por meio das redes sem estabelecer o diálogo no convício social e com a família, pessoas que não larga o telefone nem na hora que senta na mesa para se alimentar, fora o uso inadequado deste instrumento para alimentar outros tipos de vícios.

5 – Sexolatria ou vício por sexo – O sexo é algo natural, mas transformá-lo numa necessidade visceral pode caracterizar em vício. Alguns não conseguem controlar ao ponto de destruir as boas relações em busca de aventuras, sem contar os riscos de saúde que pode ocasionar.

6 – Alcoolismo ou vício por bebidas alcoólicas – Para alguns tomar um drink no fim de semana é necessidade social, justificando o exagero que pode comprometer a saúde, começa com um copo e perde por completo o controle na hora de parar. O dependente alcoólico nunca assume que precisa de ajuda pois acha que beber é algo natural, mas não consegue passar um fim de semana sem o consumo desta que também é considerada como droga, afeta o organismo, causando cirrose, câncer, problemas cardíacos e outras disfunções orgânicas.

7 – Dependência química – A drogadição hoje considerada um problema de saúde pública tem gerado diversos transtornos ao dependente, ao codependente (família e amigos) e a sociedade em geral. O uso de droga afeta o sistema nervoso, bem como, toda a estrutura física de quem a consome. O uso de drogas baixa a percepção, a concentração da pessoa, além de alterar o estado de consciência, podendo o indivíduo praticar atos nocivos a si mesmo e a outrem, não lembrando posteriormente, devido sua alteração de comportamento.

Dentro deste prisma, podemos afirmar que os vícios são doenças, portanto devem ser tratados. Se há algum indício destas doenças é necessário procurar um profissional da área da saúde para aconselhar e indicar a terapia adequada.

E o espiritismo, o que diz a respeito dos vícios?

No Livro dos Espíritos questão 361. A, tem a seguinte pergunta: Seguir-se-á daí que o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?
“Sim, mas, dize antes que o homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário, poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais demônios.”

Também na questão 484, temos o seguinte: Os Espíritos se afeiçoam de preferência a certas pessoas?
“Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem. Os Espíritos inferiores com os homens viciosos, ou que podem tornar-se tais. Daí suas afeições, como consequência da conformidade dos sentimentos.”
Destas questões iniciais, levando em consideração que vivemos num orbe em processo de evolução, e sabedores que sua classificação espiritual é de expiação e provas, entendemos que a perfeição é um processo lento e que devemos combater nossas imperfeições. Sendo espíritos ainda impregnados nas necessidades materiais, temos que evitar os excessos, fazer as escolhas certas e não nos influenciarmos pelos comportamentos exagerados e contumazes de uma sociedade ainda preza aos rótulos e imposições de costumes desregrados e muitas vezes desnecessários.

Além destes aspectos na questão 484 nos alertam os espíritos que os vícios são portas abertas para obsessões. Se sintonizamos com coisas e atitudes vulgares evidentemente se associarão nós os espíritos que vibram nesta mesma onda energética, ou seja espíritos inferiores de má conduta dependentes das sensações físicas e desejos desmedidos.

Na Revista Espírita do ano de 1864, também temos a seguinte explicação do que configura um processo obsessivo: “Mas, somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. Em nós mesmos está a causa primária do mal e os Espíritos maus não fazem mais do que aproveitar os nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos tentarem.”
“Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, ao passo que são impotentes e renunciam a toda tentativa contra os seres perfeitos. É inútil tudo o que possamos fazer para afastá-los, se não lhes opusermos decidida e inabalável vontade de permanecer no bem e absoluta renúncia ao mal.”

E na Revista Espírita do ano de 1867, mais esta explicação, elucidando a possível predisposição de um espírito ao vício, partindo da premissa que somos reencarnados: “Conforme os indivíduos há faculdades, aptidões, tendências que se manifestam desde o começo da vida, enquanto outras se revelam em épocas mais tardias e produzem as mudanças de caráter e de disposições que se notam em certas pessoas. Neste último caso, geralmente não são disposições novas, mas aptidões preexistentes, que dormitam até que uma circunstância as venha estimular e despertar. Pode-se estar certo de que as disposições viciosas, que por vezes se manifestam subitamente e tardiamente, tinham seu germe preexistente nas imperfeições do Espírito, porque este, marchando sempre para o progresso, se for essencialmente bom não pode tornar-se mau, ao passo que de mau pode tornar-se bom.”

Manoel Philomeno de Miranda, através da mediunidade de Divaldo Franco no livro Sexo e Obsessão narrando suas experiências de acompanhamento de um grave processo obsessivo narra: "Simultaneamente, as legiões de Espíritos viciosos e dependentes dos fluidos degenerativos das sensações perversas, sincronizam suas mentes nesses comportamentos doentios, passando a sofrer-lhes as injunções morbosas e devastadoras. A cada dia, mais difícil se torna a saúde sexual das pessoas, em razão desses e de outros fatores que procedem de reencarnações transatas, nas quais se comprometeram com os usos indevidos da função sexual, ou utilizaram-se do sexo para fins ignóbeis. Essa atitude gera processos danosos que as afligem, e obrigam-nas a retornar ao proscênio terrestre em situações deploráveis, atormentadas ante a multiplicidade de conflitos de comportamento, para logo tombarem nas viciações que ora predominam nos grupamentos sociais, fazendo-as vítimas de si mesmas e de outros do mesmo tipo, que se lhes acoplam em processos complexos de obsessões perversas e devastadoras."

E no Livro Tormentos da Obsessão, Manoel Philomeno, acrescenta: “Quando essas formulações possuem conteúdo edificante, saudável, e aspirações nobres, transformam-se em paisagens de beleza e de alegria, favorecendo o bem-estar e a tranquilidade naquele que as cultiva. Da mesma forma, quando tendem ao primarismo, ao exclusivamente sensorial, particularmente nas áreas do prazer e do mesquinho, igualmente se convertem em províncias de gozo rápido e sombrio, envoltas em névoa densa, na qual se movimentam e se vitalizam arquétipos grosseiros e princípios espirituais em transição evolutiva. Noutras ocasiões, homiziam-se, nesses redutos mentais, Espíritos profundamente asselvajados que se alimentam dessas emanações deletérias em um círculo vicioso entre o paciente, seus hospedeiros e vice-versa. Como efeito do baixo teor dessas vibrações, a mente degenera na seleção de mensagens e retrai-se, fixando-se apenas naquelas em que se comprazem os indivíduos.”

No caso acima o nobre orientador espiritual esclarece que podemos mudar nossa faixa vibratória construindo em nossa mente o que denomina como: “formulações possuem conteúdo edificante, saudável, e aspirações nobres” que se “transformam em paisagens de beleza e de alegria, favorecendo o bem-estar e a tranquilidade naquele que as cultiva.” Ensina-nos então um caminho para a cura destas mazelas.

Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, nos dá algumas orientações como um formato a seguir para combater nossas imperfeições, nos livrar das obsessões, bem como evitar as tendências aos vícios, que são:
“Não basta fazer o Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transforma-lo em padrão permanente da vida, por exemplo, e modelo de cada dia.”
“Em qualquer idade, podemos e devemos operar a iluminação ou o aprimoramento de nós mesmos.”
“O trabalho é a escada divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.”
“Não olvidemos que Jesus passou entre nós, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperação sacrificial e aprendamos com o Mestre a felicidade de servir santamente.”
“O Evangelho é código de paz e felicidade que precisamos substancializar dentro da própria vida!”
“Aprende a semear a luz no solo dos corações, conduzindo o arado milagroso do amor, para que as sombras da ignorância abandonem a Terra para sempre.”

O tratamento espiritual vem a complementar as terapias convencionais (tratamento médico), visando o equilíbrio do espírito. Destacamos como forma de atendimento o estudo do evangelho de Jesus, o passe (transfusão de fluidos bioenergéticos e espirituais), a água fluidificada, a prática do evangelho no lar, a prática constante da oração ou prece e o esforço constante de realizar a transformação moral, também conhecida como reforma íntima.

Jesus nos ensina: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João – 14:6). Unir-se aos ensinamentos do mestre, tornando nossa vida operosa no sentido de trabalhar pelo bem comum, considerando que somos espíritos eternos e diante deste fato, nesta existência, estamos preparando a trilha para a vida futura, galgando a felicidade suprema, não podemos desperdiçar as belas orientações do Mestre que nos apresentou o consolador prometido, o espiritismo, que nos trás consciência e conhecimento e diante destes fatos, combater nossas viciações é vitalizar nosso espírito como forma redentora que nos libertará do mal que somos capazes de fazer a nós mesmos. Também não esqueçamos os múltiplos benefícios que a oração nos dá, nos fortalece e nos equilibra.

Que Deus seja a luz que brilha em nosso viver!

Fernando Oliveira – 24.02.2018