- Defeito pelo qual uma pessoa ou uma coisa se afasta do tipo considerado normal, ficando inapta a cumprir determinado fim ou a desempenhar certa função;
- Hábito profundamente enraizado de ações consideradas moralmente condenáveis; libertinagem; desregramento; desmoralização;
- Prática de atos geralmente prejudiciais ou moralmente censuráveis; mau hábito; costume condenável;
- Disposição natural para algo; propensão irresistível; tendência;
- Erro contra as regras da arte ou da ciência;
- Hábito repetitivo de praticar certos atos; erro sistemático; mania;
- Dependência em relação ao consumo de determinada substância (álcool, tabaco, etc.).
Seguindo as definições acima,
podemos considerar que em determinado momento adquirimos ou estamos em via de
adquirir algum tipo de vício. Um dos exemplos mais comuns na atualidade é o uso
exagerado de telefone com as redes sociais (cybervício), o exagero que algumas
pessoas aplicam na prática de exercício, os desequilíbrios alimentares, tanto
para o excesso como na redução, entre outros. Ou seja, tudo isso indica
desregramento, propensão irresistível, mau hábito. No entanto, temos que levar
em consideração um fato relevante: Temos tendência aos vícios!
Entre os diversos tipos de
vícios podemos destacar:
1 – Vício por trabalho – os que são considerados workaholic. Àquele
que cria dependência extrema pelo trabalho, podendo abdicar do convívio com a família,
convívio social. O que tem necessidade extrema de se destacar entre os demais,
sem levar em consideração os malefícios que pode causar aos colegas de
trabalho, ambição, concorrência, vaidade, ganância.
2 – Vício por comida – A gula está entre os sete pecados
capitais. Também tem os que se privam da alimentação adequada para se sentirem
com o corpo perfeito, podendo desenvolver a anorexia.
3 – Vício por exercícios – Um dos hábitos sociais em plena
evidência, o cuidado com o corpo, é uma necessidade de saúde física, no entanto
há os que se dedicam em excesso sem considerar os seus limites físicos e
possíveis consequências que podem levá-los a consequências drásticas como
problemas de coluna, fissuras musculares, entre outras.
4 – Cybervício ou vício por internet – O conhecimento da
tecnologia é uma necessidade da atualidade, no entanto precisamos avaliar os
excessos. Tenho visto muitas pessoas que perdem o sono na prática de jogos, uso
de redes sociais para saber as novidades, conversas por meio das redes sem
estabelecer o diálogo no convício social e com a família, pessoas que não larga
o telefone nem na hora que senta na mesa para se alimentar, fora o uso
inadequado deste instrumento para alimentar outros tipos de vícios.
5 – Sexolatria ou vício por sexo – O sexo é algo natural, mas
transformá-lo numa necessidade visceral pode caracterizar em vício. Alguns não conseguem
controlar ao ponto de destruir as boas relações em busca de aventuras, sem
contar os riscos de saúde que pode ocasionar.
6 – Alcoolismo ou vício por bebidas alcoólicas – Para alguns
tomar um drink no fim de semana é necessidade social, justificando o exagero
que pode comprometer a saúde, começa com um copo e perde por completo o controle
na hora de parar. O dependente alcoólico nunca assume que precisa de ajuda pois
acha que beber é algo natural, mas não consegue passar um fim de semana sem o
consumo desta que também é considerada como droga, afeta o organismo, causando
cirrose, câncer, problemas cardíacos e outras disfunções orgânicas.
7 – Dependência química – A drogadição hoje considerada um
problema de saúde pública tem gerado diversos transtornos ao dependente, ao codependente
(família e amigos) e a sociedade em geral. O uso de droga afeta o sistema
nervoso, bem como, toda a estrutura física de quem a consome. O uso de drogas
baixa a percepção, a concentração da pessoa, além de alterar o estado de consciência,
podendo o indivíduo praticar atos nocivos a si mesmo e a outrem, não lembrando
posteriormente, devido sua alteração de comportamento.
Dentro deste prisma, podemos
afirmar que os vícios são doenças, portanto devem ser tratados. Se há algum
indício destas doenças é necessário procurar um profissional da área da saúde
para aconselhar e indicar a terapia adequada.
E o espiritismo, o que diz a
respeito dos vícios?
No Livro dos Espíritos
questão 361. A, tem a seguinte pergunta: Seguir-se-á daí que o homem de bem é a
encarnação de um bom Espírito e o homem vicioso a de um Espírito mau?
“Sim, mas, dize antes que o
homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito, pois, do contrário,
poderias fazer crer na existência de Espíritos sempre maus, a que chamais
demônios.”
Também na questão 484, temos
o seguinte: Os Espíritos se afeiçoam de preferência a certas pessoas?
“Os bons Espíritos
simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem. Os Espíritos
inferiores com os homens viciosos, ou que podem tornar-se tais. Daí suas
afeições, como consequência da conformidade dos sentimentos.”
Destas questões iniciais,
levando em consideração que vivemos num orbe em processo de evolução, e
sabedores que sua classificação espiritual é de expiação e provas, entendemos
que a perfeição é um processo lento e que devemos combater nossas imperfeições.
Sendo espíritos ainda impregnados nas necessidades materiais, temos que evitar
os excessos, fazer as escolhas certas e não nos influenciarmos pelos comportamentos
exagerados e contumazes de uma sociedade ainda preza aos rótulos e imposições
de costumes desregrados e muitas vezes desnecessários.
Além destes aspectos na
questão 484 nos alertam os espíritos que os vícios são portas abertas para obsessões.
Se sintonizamos com coisas e atitudes vulgares evidentemente se associarão nós
os espíritos que vibram nesta mesma onda energética, ou seja espíritos
inferiores de má conduta dependentes das sensações físicas e desejos
desmedidos.
Na Revista Espírita do ano
de 1864, também temos a seguinte explicação do que configura um processo
obsessivo: “Mas, somos Espíritos
imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. Em
nós mesmos está a causa primária do mal e os Espíritos maus não fazem mais do
que aproveitar os nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos
tentarem.”
“Cada imperfeição é uma
porta aberta à influência deles, ao passo que são impotentes e renunciam a toda
tentativa contra os seres perfeitos. É inútil tudo o que possamos fazer para
afastá-los, se não lhes opusermos decidida e inabalável vontade de permanecer
no bem e absoluta renúncia ao mal.”
E na Revista Espírita do ano
de 1867, mais esta explicação, elucidando a possível predisposição de um
espírito ao vício, partindo da premissa que somos reencarnados: “Conforme os
indivíduos há faculdades, aptidões, tendências que se manifestam desde o começo
da vida, enquanto outras se revelam em épocas mais tardias e produzem as
mudanças de caráter e de disposições que se notam em certas pessoas. Neste último
caso, geralmente não são disposições novas, mas aptidões preexistentes, que
dormitam até que uma circunstância as venha estimular e despertar. Pode-se
estar certo de que as disposições viciosas, que por vezes se manifestam
subitamente e tardiamente, tinham seu germe preexistente nas imperfeições do
Espírito, porque este, marchando sempre para o progresso, se for essencialmente
bom não pode tornar-se mau, ao passo que de mau pode tornar-se bom.”
Manoel Philomeno de Miranda,
através da mediunidade de Divaldo Franco no livro Sexo e Obsessão narrando suas
experiências de acompanhamento de um grave processo obsessivo narra: "Simultaneamente,
as legiões de Espíritos viciosos e dependentes dos fluidos degenerativos das
sensações perversas, sincronizam suas mentes nesses comportamentos doentios,
passando a sofrer-lhes as injunções morbosas e devastadoras. A cada dia, mais
difícil se torna a saúde sexual das pessoas, em razão desses e de outros
fatores que procedem de reencarnações transatas, nas quais se comprometeram com
os usos indevidos da função sexual, ou utilizaram-se do sexo para fins
ignóbeis. Essa atitude gera processos danosos que as afligem, e obrigam-nas a
retornar ao proscênio terrestre em situações deploráveis, atormentadas ante a
multiplicidade de conflitos de comportamento, para logo tombarem nas viciações
que ora predominam nos grupamentos sociais, fazendo-as vítimas de si mesmas e
de outros do mesmo tipo, que se lhes acoplam em processos complexos de
obsessões perversas e devastadoras."
E no Livro Tormentos da
Obsessão, Manoel Philomeno, acrescenta: “Quando
essas formulações possuem conteúdo edificante, saudável, e aspirações nobres,
transformam-se em paisagens de beleza e de alegria, favorecendo o bem-estar e a
tranquilidade naquele que as cultiva. Da mesma forma, quando tendem ao
primarismo, ao exclusivamente sensorial, particularmente nas áreas do prazer e do
mesquinho, igualmente se convertem em províncias de gozo rápido e sombrio, envoltas
em névoa densa, na qual se movimentam e se vitalizam arquétipos grosseiros e
princípios espirituais em transição evolutiva. Noutras ocasiões, homiziam-se,
nesses redutos mentais, Espíritos profundamente asselvajados que se alimentam
dessas emanações deletérias em um círculo vicioso entre o paciente, seus
hospedeiros e vice-versa. Como efeito do baixo teor dessas vibrações, a mente
degenera na seleção de mensagens e retrai-se, fixando-se apenas naquelas em que
se comprazem os indivíduos.”
No caso acima o nobre
orientador espiritual esclarece que podemos mudar nossa faixa vibratória construindo
em nossa mente o que denomina como: “formulações possuem conteúdo edificante,
saudável, e aspirações nobres” que se “transformam em paisagens de beleza e de
alegria, favorecendo o bem-estar e a tranquilidade naquele que as cultiva.”
Ensina-nos então um caminho para a cura destas mazelas.
Emmanuel, através da mediunidade
de Chico Xavier, nos dá algumas orientações como um formato a seguir para
combater nossas imperfeições, nos livrar das obsessões, bem como evitar as
tendências aos vícios, que são:
“Não basta fazer o Cristo
Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transforma-lo em padrão
permanente da vida, por exemplo, e modelo de cada dia.”
“Em qualquer idade, podemos
e devemos operar a iluminação ou o aprimoramento de nós mesmos.”
“O trabalho é a escada
divina de acesso aos lauréis imarcescíveis do espírito.”
“Não olvidemos que Jesus
passou entre nós, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperação
sacrificial e aprendamos com o Mestre a felicidade de servir santamente.”
“O Evangelho é código de paz
e felicidade que precisamos substancializar dentro da própria vida!”
“Aprende a semear a luz no
solo dos corações, conduzindo o arado milagroso do amor, para que as sombras da
ignorância abandonem a Terra para sempre.”
O tratamento espiritual vem
a complementar as terapias convencionais (tratamento médico), visando o
equilíbrio do espírito. Destacamos como forma de atendimento o estudo do evangelho
de Jesus, o passe (transfusão de fluidos bioenergéticos e espirituais), a água
fluidificada, a prática do evangelho no lar, a prática constante da oração ou
prece e o esforço constante de realizar a transformação moral, também conhecida
como reforma íntima.
Jesus nos ensina: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida” (João – 14:6). Unir-se aos ensinamentos do mestre,
tornando nossa vida operosa no sentido de trabalhar pelo bem comum,
considerando que somos espíritos eternos e diante deste fato, nesta existência,
estamos preparando a trilha para a vida futura, galgando a felicidade suprema,
não podemos desperdiçar as belas orientações do Mestre que nos apresentou o
consolador prometido, o espiritismo, que nos trás consciência e conhecimento e
diante destes fatos, combater nossas viciações é vitalizar nosso espírito como
forma redentora que nos libertará do mal que somos capazes de fazer a nós
mesmos. Também não esqueçamos os múltiplos benefícios que a oração nos dá, nos
fortalece e nos equilibra.
Que Deus seja a luz que
brilha em nosso viver!
Fernando Oliveira – 24.02.2018