terça-feira, 17 de julho de 2012

Necessidade da Caridade segundo São Paulo



Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; – ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. – E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.
A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; – não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. 
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade (S. PAULO, 1ª Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7 e 13.)
Meus irmãos o próprio Paulo de Tarso nos diz em outro texto do evangelho segundo o Espiritismo que “fora da Caridade não há salvação”. Diz ainda: sereis reconhecidos pelo perfume da caridade que espalhas em torno de ti.

Sendo a caridade paciente, benfazeja. Não sendo invejosa, nem desdenhosa e não fazendo sentir-se orgulho, a caridade é a máxima expressão dos bons sentimentos e faz o ser brilhar como um sol que espanta a escuridão da noite da vida de quem mais precisa de ajuda.

Neste texto do Apóstolo dos Gentios, ele faz uma alusão com a expressão “címbalo que retine” que seria o mesmo que dizer: apenas faria um grande barulho e nada mais que isso. Com isso estaria o irmão nos dando a conhecer que fazer caridade é a prática constante do bem. E que fé sem ação não é fé, é apenas uma crença inútil.

A caridade pode ser expressa de outra forma, diz outro espírito, a Irmã Rosália. Através do amor ao próximo. Que não se pode imaginar o efeito que a verdadeira caridade, àquela que feita sem nada desejar em troca, pode trazer ao espírito que a pratica com grandes benefícios e felicidade plena.

Eu lhes afirmo que a caridade torna-se um divisor de águas na vida do espírito que se propõe a praticá-la. É como na Parábola do Grande Banquete, onde Jesus nos afirma que ao darmos um festim convidemos os estropiados, os pobres, aleijados, mancos e cegos. Pois assim estaremos abrindo um espaço para desfrutarmos da felicidade do reino dos Céus. Que ao apresentarmos ao senhor, Ele mesmo nos convide a sentarmos do seu lado direito na condição de servos do bem.

Podemos sim praticar a caridade não só material como espiritualmente. Podemos fazer a caridade através de uma simples prece em rogativa por alguém que esteja passando por uma aflição. Fazê-la dando nossos ouvidos a escutar o sofrimento alheio, oferecendo um conselho sem julgamentos, e também dando um pão para matar a fome de quem está em carência material.

A Caridade é “benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas”. Ter benevolência é praticar o bem com boa vontade, ser indulgente é ser tolerante, ter clemência e perdoar é uma necessidade própria do espírito para libertar-se dos males que lhe assolam.

A Caridade poderia ser confundida assim com a palavra Amor. Pois o próprio Jesus assim o dizia: “Amai ao próximo como a si mesmo”. Fazer caridade é praticar o bem, mesmo que este bem jamais seja reconhecido. Diz Allan Kardec, no Livro Obras Póstumas, que assim entende a caridade Cristã: “Compreendo uma religião que nos prescreve retribuamos o mal com o bem e, com mais forte razão, que retribuamos o bem com o bem. Nunca, entretanto, compreenderia a que nos prescrevesse que paguemos o mal com o mal.”

A Caridade é a ação do bem contra o mal. Pois sendo os oponentes do bem, malfeitores que inviabilizam a ação dos corações bons, estes se sentem tocados com a verdade que emana do coração que a pratica ao ponto de ser beneficiado e assim se tornado um parceiro da ação benfazeja.

Em todas as instâncias praticar a caridade faz feliz o coração de quem a pratica onde este se torna fonte de luz a invadir as trevas do preconceito, da maldade, do desamor, da arrogância, do ódio, do orgulho e do egoísmo. É a humildade, a benevolência suplantando todos os sentimentos contrários a caridade, vencendo as barreiras do sofrimento e da dor.

Digo-vos irmãos que a pratica da caridade é necessária como uma ação contínua a transformar os corações tanto de quem a pratica como também de quem dela se beneficia.

Poderíamos elencar uma grande lista de benfeitores que se dedicaram a prática da caridade, mas aqui abro um espaço especial para “VOCÊ” o agente do bem que trabalha em prol dos necessitados. Que neste contexto você encontre suas ações, sua bondade, seu amor incondicional, seu respeito, sua humildade. Que em cada tempo disponível, onde você poderia estar desfrutando do descanso merecido, está você trabalhando voluntariamente para diminuir o sofrimento, a solidão, a tristeza e o preconceito alheio. Que sem se preocupar com o que possam pensar sobre suas ações, demandas todas as suas forças para trazer a alegria, a paz, o bem estar ao próximo. Que tiras a fome da barriga vazia que passa dias sem alimento, que limpa a ferida daquele que está macerado. Que está a serviço da verdadeira Caridade.

Que Deus, nosso Pai, nos abençoe por toda a caridade que praticarmos pelo próximo!

Fernando Oliveira

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Expiações Coletivas



Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei. – Allan Kardec

Esta frase traz grade reflexão sobre o processo das múltiplas existências, deixando claro que a reencarnação é um ciclo natural vinculado ao desenvolvimento do espírito.
O espírito que por um sopro divino é criado simples e ignorante. Simples porque esta é a melhor definição para a natureza espiritual e ignorante pelo fato de que em sendo criado, não tem as marcas das existências que vai definindo sua formação psico-moral.
Diante deste exposto damos inicio a nossa palestra com o tema “Expiações Coletivas”.
Procurei atualizar meus conhecimentos sobre esta temática, tendo em vista a sua grande complexidade.  Das publicações que pesquisei temos “Obras Póstumas” – Capitulo 40 – Allan Kardec, Transição Planetária do espírito Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo Campos, Planeta Terra em Transição do espírito Ismael / Izonildo Rezende, Cartas e Crônicas do espírito Humberto de Campos e Somos Seis – Espíritos Diversos / Chico Xavier.
Conta-nos o Irmão Manoel Philomeno, em seu livro Transição Planetária, que no plano espiritual surge o alerta para uma terrível catástrofe que aconteceria nas águas do oceano índico. Era um tsunami que iria devastar a Índia, vitimando milhares de pessoas não só daquela região, mas de todos os lugares do mundo que ali se encontravam em passeio. Mas este passeio parecia diferente, pois alguns dos visitantes e moradores desta região usavam de desregramentos morais comprometendo a felicidade de muitas crianças e jovens infelizes por tais situações. E ali as equipes espirituais se encontravam em caravanas, desdobrando-se em amor, dando o apoio necessário para estas vítimas, algumas inconscientes de seu desencarne, outros se unindo por seu teor vibratório aos seus comparsas espirituais para continuarem criando novas vítimas de suas perversões.
Em Cartas e Crônicas o Irmão X, nos trás a mensagem “Tragédia no circo”. Ali o CONCILIUM de Lyon regurgitava em meio aos desmandos dos líderes governantes da época. E em honra a Lucio Galo, proeminente guerreiro, que estava por visitar estas regiões, decide nos seus desvarios, como ato comum, sacrificar mil crianças e mulheres cristãs. Não deveriam ser entregues aos leões trazidos das terras africanas, pois os mesmos estavam cansados, deveriam atear fogo nestes seguidores do Cristo, mal entendidos na época. Mas a providência divina, a bem da lei de causa e efeito, quando em nova romagem, dos espíritos que decidiram tal atrocidade, cobertos pelo véu do esquecimento, no Brasil, Rio de Janeiro, na Cidade de Niterói, reúnem-se novamente todos, para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, em incêndio onde desencarnam em comovedora tragédia também.
No Livro Planeta Terra em Transição do irmão Ismael, muitos relatos sobre mortes coletivas, a primeira e a segunda guerra mundial, os tremores de terra no México, no Haiti, os Tsunamis na Índia e no Japão, as catástrofes no Brasil. São muitos eventos naturais que devastando a terra, levando em massa muitos homens e mulheres, que dentro dos diversos níveis de compromissos assumidos através das encarnações sucessivas, os espíritos afins se reencontram para também expiar.
Também podemos citar aqui no ano de 1974 o terrível incêndio do Edifício Joelma na Cidade de São Paulo, através da psicografia de Chico Xavier com os relatos de diversos espíritos.
Posso certamente mencionar o acidente das Torres Gêmeas, World Trade Center, nos Estados Unidos. Destruídas em 11 de Setembro de 2001, com o choque de dois Boeing 767, a mando do Al-Qaeda, onde ali morreram 2750 pessoas. E outros tantos incidentes que aconteceram durante estes vários anos.
Há que se entenderem tais eventos. As guerras mundiais por efeito da ambição, o desejo desenfreado pelo poder, o egoísmo, a arrogância são alguns dos vilões que provocaram a decisão das lutas seguidas nestes períodos de penumbra, dor e sofrimento.
Muitos soldados inocentes que ali lutavam por um ideal nada compartilhado por seus desejos, além de servirem a sua pátria amada. Muitos pais, mães a perderem seus filhos favorecendo aos descontroles da maldade humana.
Espíritos endurecidos na busca insensata pelo poder, faziam seus compatriotas se digladiar por ambição e desrespeito a vida, decidindo como deuses que podiam matar a quem desejassem.
Aí vem um espírito amargurado, que defende um ideal desmensurado querendo criar uma raça pura, onde o impuro era seu sentimento nazista. Hitler enlouquecido, decide através de seus médicos inconsequentes fazer experiências, decepando, extirpando órgãos, misturando cabeça de um corpo no membro de outro, misturando a vitalidade de um à morte de outro. Para ele sua loucura era seu ideal. Ali estava um espírito de rico saber desviando este valor para a infelicidade de muitos. Os Judeus, aos milhares, deveriam ser sacrificados em caldeiras, e as demais vidas, seja de onde for, seriam também destruídas.
Àqueles seguidores do Hitler seriam reunidos em novas localidades para fim de expiação. Alguns reencanariam no continente africano. Ali onde a miséria, associada ao sofrimento, em penúria e muitos males da saúde faz qualquer ser aprender os valores da vida.
Outros se encontrariam nos locais vitimados pelos mais diversos eventos da natureza. A natureza que grita pelos tratos inadequados que estamos dando a ela. O meio ambiente sofre nossas indisciplinas e destrato. Daí as catástrofes, Tsunamis, terremotos, vulcões em erupção, furações, maremotos, enchentes por chuvas, fora os incidentes que por um lapso de um ser qualquer leva muitos a morrerem com as diversas quedas de aviões, de terríveis desastres nas estradas onde dezenas, centenas de pessoas se vitimaram também.
Outro espírito perturbado, como Bin Laden, assume a responsabilidade de destruir as Torres Gêmeas, sem compreender que toda ação gera uma reação e de acordo com despreparo do algoz e sua vítima as consequências podem ser as piores possíveis, onde deste ato doentio sugiram novas guerras e novas vítimas do desamor.
É a lei de Causa e Efeito.
Todo ato gerado no ontem será cobrado no hoje ou no amanhã. E se nesta vida não assumirmos nova postura sobre nossas ações, muito provavelmente, retornaremos em novo corpo, mas com as lembranças guardadas no recôncavo do nosso espírito, certos de que não fugiremos da paga de nossos erros. Deus infinito em bondade ainda nos permite através do amor e do perdão consertar os erros do passado, através do reencontro em nosso laço familiar, com as nossas vítimas, para liquidar tais dívidas comprometidas.
Ocorre-me também a morte do mestre amado Jesus de Nazaré, que também sofreu pela inveja, a ambição e a busca do poder de todos aqueles espíritos envolvidos neste drama levaram o Santo homem a caminhar em seu calvário, carregando a Cruz dos nossos pecados, sendo apedrejado, até o sacrifício final apregoando-o nesta mesma cruz. Jesus Divino em sua santidade não se importou com seus algozes, apenas os perdoou, onde perto de sua morte falou: “Pai perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”. Ele nos deixou suas lições de amor, de respeito, de benevolência, de caridade, de perdão.
O nosso planeta está passando por um processo de transformação, saindo da condição de provas e expiação para regeneração, e só alcançaremos esta plena regeneração quando todos mudarem em atitudes, em comportamento, em pensamentos. Quando todos descobrirmos que é através do amor, da caridade e do respeito ao próximo que poderemos alcançar a plenitude em espírito.
O que nos falta queridos irmãos para compreender que as expiações coletivas só cessarão quando emanarmos para o cosmos nossas vibrações de amor e paz?
Temos que nos desenvolver em espírito, mas em saber, em moral, em humildade.
Façamos como Jesus nos ensinou, amemos ao próximo, amemos aos nossos inimigos, perdoando-os por suas ofensas. Retiremos as máculas de nossos corações.
Trago-vos para finalizar um trecho do Livro Obras Póstumas de Allan Kardec, em mensagem do espírito “Cléia Duplantier”: “A solidariedade, portanto, que é o verdadeiro laço social, não o é apenas para o presente: estende-se ao passado e ao futuro, pois que as mesmas individualidades se reuniram, reúnem e reunirão, para subir juntas a escala do progresso, auxiliando-se mutuamente. Eis ai o que o Espiritsmo faz compreensível, por meio da equitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres.”

Muita paz!

Palestra realizada em 04.07.2012 no Grupo Espírita Trabalhadores de Jesus


Fernando Oliveira.

domingo, 17 de junho de 2012

Conflitos Familiares


Meus irmãos que as bênçãos de Deus estejam conosco.

Gostaria de iniciar esta palestra falando um pouco sobre a família e seu papel na sociedade.
Tive, em meio às minhas pesquisas, a felicidade de localizar uma bela obra do Divaldo Pereira Franco, denominada Constelação Familiar, de autoria de sua mentora espiritual Joanna de Ângelis. Em 30 tópicos que vão dos primeiros passos do nascituro até seu desfecho com a definição plena do que classifica como Constelação Familiar, este nobre espírito, com tônica terapêutica, esclarece o papel da família na sociedade. Diz no seu prólogo que no pequeno grupo doméstico inicia-se a experiência da fraternidade universal, ensaiando-se os passos para os nobres cometimentos em favor da construção da sociedade equilibrada.
Vejam que a nobre irmã sugere de imediato um fator preponderante para o desenvolvimento psicossocial, utilizando a expressão equilíbrio.
A família, diz ainda Joanna de Ângelis, é a celular mestre da sociedade, pois é na família onde aprendemos a nos preparar para a convivência em grupo. É na família onde conhecemos os princípios básicos da convivência em sociedade. Na família onde é construída a personalidade do ser humano.
Neste contexto, podemos afirmar que sendo a família o resultado da união de duas pessoas para, unidos pelo amor, este sentimento fraterno e sincero, dar-se início a concepção de uma prole, de onde surgirão novos seres para aprender o verdadeiro significado da vida.
Sendo assim, a estrutura basilar da família são os pais, que tem plena e total responsabilidade sobre seus filhos e por consequência o dever de criá-los dignamente. Não basta apenas colocar no mundo. Tem que orientar, alimentar, vestir, educar, exemplificar.
Somos todos espíritos que participamos de um processo de desenvolvimento. E na condição de espíritos, somos convidados por Deus para assumirmos algumas responsabilidades, visando nosso crescimento e adequação às leis divinas. Neste cometimento, somos convocados a receber em nossos elos familiares alguns espíritos já conhecidos, alguns com muita necessidade da nossa guarda e proteção e outros nem tanto.
Precisamos ter consciência desta responsabilidade que assumimos e, portanto nos fortalecer através da fé. Resguardarmos de quaisquer sentimentos contrários ao amor, à bondade e à paciência.
Daí a explicação perene de algumas animosidades em família.
Se tivermos consciência da importância que os laços familiares, que nos uniram, têm sobre nossas existências, com o nosso desenvolvimento e amadurecimento espiritual, por quais razões então não conseguimos nos resignar e nos fortalecer pelo maior sentimento que deve nos unir: O AMOR?
O conjunto familiar é constituído por vários componentes: pai, mãe, filhos, irmãos, avós, primos, tios. Todos com sua parcela de contribuição e responsabilidade para a manutenção deste equilíbrio tão bem elucidado por Joanna de Ângelis. E muitas vezes alguns destes espíritos estão se reencontrando em processo expiatório, em processo de corrigendas de vidas pregressas e isso pode, mesmo que inconscientemente, reacender as chamas de conflitos e problemas não solucionados.
Parece difícil compreender com simplicidade tudo isso, mas então analisemos as causas dos conflitos.
É possível que numa família tenhamos pessoas com comportamentos e atitudes adversas e que independente da formação educacional que cada um recebeu, através da imprescindível orientação dos pais, sua forma de se relacionar seja discrepante. E qual explicação para isso? Simples, somos espíritos e uma vez espíritos, somos únicos e temos nossa própria natureza.
Do ponto de vista espiritual, trazemos em nosso períspirito as lembranças das nossas vidas passadas e daí a justificativa de muitas variações de comportamentos e, por conseguinte, os conflitos entre os familiares.
Alguns espíritos trazem, mesmo que inconscientemente, as recordações dos diversos desregramentos que tiveram em outras vidas. E tentando recuperar o tempo perdido busca em nova encarnação restituir as dívidas contraídas para com o próximo. Evidentemente que nem todo espírito reencarnado está devidamente preparado para os devidos ajustes. Muitos por fraqueza permitem a associação de outros seres do plano espiritual, oferendo sintonia, permitindo que influenciem sobre suas atitudes e comportamentos provocando os diversos distúrbios emocionais.
Com isso, encontraremos pessoas que se deixam levar pelos prazeres equivocados das drogas, do álcool, do sexo desregrado. Aumentando assim o seu compromisso com seu ajuste moral.
É necessário que a base familiar esteja muito bem preparada para suportar os diversos dramas que estarão expostos.
A única forma mais salutar de amenizar os conflitos familiares será sempre através do diálogo e do amor. Não fugindo às vezes de algumas terapias complementares, que não devem ser descartadas, entre um acompanhamento psicológico e a espiritualização do ser.
Diz ainda Joanna de Ângelis, no livro Constelação Familiar, que o exercício do evangelho no lar é uma tônica importante para além de aproximar os espíritos, desenvolver o equilíbrio de todos os membros da família. Complementa que um encontro semanal para o estudo de evangelho, associado a uma conversação simples em torno dos problemas e conflitos familiares, as dificuldades de relacionamentos, enseja em saudável oportunidade para o bom desenvolvimento ético-moral, dirimindo incompreensões e solucionando problemas.
Mas para tanto, como bem mencionei no começo, a boa família começa com os bons exemplos dos pais, associados aos comportamentos de outros membros que tem importância tanto e quanto na estrutura familiar que sãos os avós e os tios. Claro que é descartável falar que estes últimos não podem sob-hipótese alguma, desrespeitar ou desabonar as decisões que os pais tomam sobre seus filhos e sim aconselhá-los e orientar quando percebido o caminho tortuoso tomado.
Numa sociedade onde tudo é possível, tudo é aceitável, os princípios éticos-morais e religiosos são essenciais e os pais devem ter um canal livre de acesso aos filhos, construindo suas personalidades de forma racional e coerente. Desde a concepção do filho, à construção de sua personalidade, à orientação sexual, ao conhecer de suas amizades, ao bom relacionamento com a vizinhança e a inserção do filho na sociedade como um todo, é importante também que tenha abertura para falar sobre assuntos como drogas e alcoolismo e seus riscos e por fim na fase adulta mantendo a aproximação sempre orientando e amando incondicionalmente. Conduzindo a educação desta forma, dificilmente os filhos serão vis à sociedade e muito menos haverá indícios de problemas no relacionamento familiar.
A fé, mais que boa conselheira, é formadora de confiança e fortalecimento para o enfrentamento dos diversos problemas que uma sociedade desregrada oferece ao ser humano.
É pela afinidade de pensamentos, de comportamentos, de atitudes que o espirito se fortalece, em especial quando na família encontra todos estes aparatos.
Vejamos um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, que esclarece definitivamente esta questão: “Não rejeiteis, pois, a criança de berço que repele sua mãe, nem aquele que vos paga com ingratidão; Não é o acaso que o fez assim e que vo-lo deu”.

Isso tudo nos faz refletir que o papel dos pais da concepção até o desencarne é contínuo e cada traço, cada comportamento, cada acerto, cada erro, não são apenas responsabilidades do espírito que o comete e sim também dos pais, pois de acordo com a forma como os educou este será fruto de uma condução positiva ou mal sã refletindo no seu relacionamento com o grupo social ao qual pertence.

Para finalizar, peço permissão para aconselhar: cuidem de seus pares, cuide-se de si mesmo e daqueles que necessitam de sua guarida, de seu apoio, de sua compreensão, de sua orientação. Reflitam sobre os caminhos que seguiram, consertem os desvios, refaçam se necessário o caminho de volta para seguir uma nova trilha para sua ascensão e dos espíritos que se associaram a você, neste processo de resgate destinado a plenitude e purificação do espírito.

Muita paz!

Fernando Oliveira

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Suicídio e Suas Consequências


Quando fui convidado para realizar a palestra tratando o tema: “O SUICÍDIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS”, fiquei em primeiro instante feliz pela oportunidade, mas de imediato me vi apreensivo. Muitas indagações surgiram, mas o certo em minha consciência era que não dava para tratá-lo com simples achismos, em consequência da seriedade que o tema nos traz. Sei que temos muitas dúvidas.
E para as vítimas deste ato? Muita dor e sofrimento, não apenas para seus familiares, mas também para os próprios irmãos que decidiram acabar desta forma, com sua existência carnal.
E para a surpresa destes irmãos, que tomaram a decisão de suicidar-se, a descoberta que a vida não acaba, quando morremos o que se acaba é o corpo e a surpresa maior: Despertam em outro plano de vida. O Mundo Espiritual.
Sei que todos fazem muitas perguntas em torno deste tema: O que faz uma pessoa tomar tal decisão? Porque decidir abdicar da própria vida? E eu como fico sem você? Como você estará agora? Deus perdoa um suicida? Será que quem se mata vai para o inferno? O que faltou para que você não fizesse isso? Onde eu errei com você? O que você fez consigo?
Daria para fazermos muito mais perguntas. Mas eu lhes faço outra pergunta: Onde ficaria o livre arbítrio? Sabemos que a vida é feita de escolhas e que o simples fato de se fechar em copas pode gerar momentos de individualidade e, por consequência, a DEPRESSÃO.
Observem que muitas das informações que recebemos de irmãos que se suicidaram, passavam por momentos de solidão, de tristeza profunda, de depressão até chegarem à consumação deste fato. E porque tudo isso? Diz Allan Kardec no livro O Céu e o inferno que “A felicidade perfeita é inerente à perfeição, isto é, à completa depuração do Espírito. Toda imperfeição é, ao mesmo tempo, causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que toda qualidade adquirida é fonte de gozo e de atenuação dos sofrimentos” CI – Parte primeira – Cap. VII pag. 122.
Partindo por este prisma, começamos a refletir as causas do Suicídio e por consequência os seus efeitos. Ninguém fica impune diante das leis divinas. A Lei de Causa e Efeito ou de Ação e Reação diz que para toda ação haverá uma reação oposta na mesma proporção, na mesma intensidade. É como o nosso pensamento, se pensamos com amor, recebemos amor, se pensamos com ódio, recebemos o ódio.
Procurei ler livros, textos que me trouxessem esclarecimentos sobre este assunto, e num deles o Livro “Memórias de um suicida” escrito pela médium Ivone do Amaral Pereira, o espírito Camilo Cândido Botelho nos traz informações do seu desencarne e de sua experiência no plano espiritual. Ele nos conta que a decisão de se matar trouxe tristes consequências principalmente por ignorar que tudo não se acabaria com a extinção da vida física. E narra no primeiro momento em que se percebe ainda vivo, mas em espírito: “Fora eu surpreendido com meu aprisionamento em região do Mundo Invisível, cujo desolador panorama era composto por vales profundos, a que as sombras presidiam: gargalhadas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam”.
Além do irmão Camilo Cândido Botelho o André Luiz descreve no livro Nosso Lar suas primeiras experiências assim: “Sentia-me, na verdade, amargurado, duende nas grades escuras do horror. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores que os meus respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Algum companheiro desconhecido estaria, a meu ver, prisioneiro da loucura. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.”
Estes textos nos descrevem o quanto triste é a região umbralina onde os espíritos que se suicidam são destinados. Vejam que existem neste local muita dor e sofrimento. E até que ocorra o socorro, dentro do merecimento de cada espírito, muitas aflições, que pode durar, dias, meses, anos, até séculos dado o grau de endurecimento que alguns tenham em seus corações.
Existem dois tipos de suicidas: O voluntário e o involuntário. Claro que em nenhum dos dois o ser que se destina a fazer, não será menos responsável por ato tão vil. Como disse o nosso irmão de Lion “Ninguém fica impune diante das leis divinas”. Enquanto o ser que voluntariamente extingue sua vida por egoísmo, falta de fé, orgulho e maledicências diversas, o involuntário o faz através de diversos tipos de desregramentos que poderíamos nos ousar a elencar entre: hipocondria, uso do álcool, uso do fumo, alimentação desregrada, ódio, vingança, inveja e ociosidade. Há também os casos de quadros obsessivos, onde o indivíduo que está passando por um momento de fraqueza e em consequência de atitudes que causaram dor, sofrimento e tristezas diversas nas vidas de outros seres no pretérito e por não reconhecer seu ato como algo mal, não se arrepender e nem tão pouco pedir perdão, ao ser reencontrado por sua vítima pode ser conduzido, por oferecer sintonia com o mesmo, a desistir da vida. Pode ser conduzido, mesmo que inconscientemente, involuntariamente, ao suicídio. Claro que se o espírito é nobre, pratica o bem, o amor incondicionalmente, faz caridade e age de forma espontânea ajudando aos mais necessitados, este estará protegido e abençoado por Deus impedindo a aproximação destes pobres e sofredores espíritos.
Deus, justo, soberanamente bom, jamais deixará seus filhos sofrer, se o sofrimento não for uma opção reencarnatória, assumida a fim de purificação do espírito para sua redenção.
E nós que estamos nesta romagem, devemos em processo de reforma íntima, numa melhoria contínua, lutar contra nossas fraquezas, nossas tendências danosas para vencer ao mal, fortalecendo-nos pela fé, em preces constantes, em rogativas para Deus pedindo sua orientação, para através do amor, ajudar aos nossos irmãos que sofrem deste triste problema, com fortes tendências ao suicídio.
Quanto aos irmãos que partiram desta forma, através de informes do plano espiritual, sabemos que além do Hospital Santa Maria, tem outros tantos hospitais, que acolhem estes sofridos e queridos filhos de Deus, com os mais variados motivos de desencarne, onde através de terapias e processos de recuperação com o apoio dos enfermeiros e médicos espirituais, esclarecendo o quanto triste foi sua decisão e os convidando a se recuperar e ao mesmo tempo, de acordo com o nível de consciência, aceitação e resignação de cada um, renovar seus votos de amor a Deus retornando para uma nova vida, fortalecidos também pela esperança, mesmo que em corpo deficiente para purificar-se através da dor e do sofrimento.
Aquele que desistiu da vida com um tiro na cabeça, poderia retornar com uma deficiência mental, o que praticou mal com afogamento, poderia retornar com deficiência cardíaca ou respiratória, outro que poderia ter fraquezas múltiplas em função de dependência alcoólica ou química, um cadeirante, uma ausência de uma perna ou braço, mas a certeza é que a providência divina aceita tal pedido como uma condição moral necessária para a purificação do ser como a busca contínua pelo aperfeiçoamento espiritual.
Aqui estamos para evoluir e isto significa que temos que combater sempre ao orgulho, a vaidade, a inveja, o desamor, a ociosidade. O espiritismo nos ensina que somos eternos e é justamente na certeza de uma nova vida que devemos nos renovar na fé praticando incessantemente o bem, a caridade incondicionalmente, sem nada esperar em troca. Que devemos nos renovar a cada dia dando testemunho desta certeza racional. Que o acaso não existe e que não estamos aqui apenas para nascer viver e morrer, pois assim nada teria sentido.
Temos que dar nossa contribuição, não apenas para nossa existência, mas também para os nossos entes queridos comprovando através de ações voluntárias, espontâneas, sem propósitos maiores além da felicidade suprema.
Se precisarmos sofrer para amadurecer, nos fortalecemos na fé. Se nos sentirmos enfraquecidos com as duras provas que a vida nos traz, lembremo-nos de Jesus que seguiu seu calvário molestado e humilhado diversas vezes e em nenhum momento se rebelou, pois sabia Ele que havia um propósito maior, Ele morria para a redenção dos nossos pecados. Ele sim foi forte e não desistiu da vida, ao contrário, foi morto para salvar toda uma sequencia de vidas a partir dali viriam ao nosso planeta criando novas condições para nossa evolução. Claro que muitos erros aconteceriam, mas nada que não tenha sido planejado por nosso Pai, Querido Deus. Ele nos deixa a vontade pra decidir se que queremos evoluir ou não. A nossa consciência irá nos mostrar o caminho certo a seguir, mas não se iludam, nesta vida estamos para o AMOR.
Desistir dela, A VIDA, é um ato de fraqueza, de pouca fé, de desamor.
E desde o dia em que recebi este convite, durante o dia-a-dia me ocorreram várias notícias de pessoas que se suicidaram, a mãe de uma amiga, a filha da secretária de outra, o primo de mais uma amiga e ontem para complementar estas notícias realizei um atendimento na nossa casa de trabalho, a Casa da Sopa de um irmão que tem tendências suicidas. E neste momento me veio um pensamento, será que isto é um laboratório ou mais uma oportunidade de ajudar a este irmão. Segui pela segunda opção e enquanto o atendia pedia a Deus para iluminar este ser e também inspiração, ajuda aos amigos espirituais para me orientar a fim de encontrar as palavras certas a dizer para ele. Este irmão tinha em suas mãos um violão que foi utilizado com as canções ajudando-nos na preparação das atividades da casa e ali me veio a mensagem seguinte: veja como ele toca bem, veja que ele tem arte, arte é beleza, arte é pureza, ai está o seu brilho, valorize o que de bom este irmão tem. E sabem por que tanta depressão, além da dependência de álcool e drogas, o simples fato de sua mãe não o procurar mais, de desistir dele. Havia muita tristeza em suas palavras, muita dor. Dizia ele que se sentia vazio por sentir falta do amor materno.
Não observar a quem sofre é contribuir também com tais atitudes. Olhemos atentamente para o nosso próximo para que o nosso verdadeiro AMOR os impeçam de seguir nas sombras do suicídio. E aos que foram, oremos, peçamos a Deus para ter resignação, compaixão e envie os mensageiros do amor para socorrê-los.

Prece:

“Deus, Pai amado, tende compaixão de nós. Acolhei o nosso pedido por nossos irmãos que sofrem em consequência do suicídio. Olha para eles com tua bondade e perdoa-lhes, querido Deus. Permita que os nossos amigos espirituais, médicos e enfermeiros, que já prepararam este ambiente, deem o devido socorro a estes tantos irmãos que aqui nos acompanham. Sabemos que jamais desistes de nós. Então ousamos ainda mais te pedir que nos proteja, mantendo sempre ao nosso lado os nossos anjos guardiões, nos fortalecendo, orientando, nos conduzindo pelo caminho do bem. Obrigado Senhor Deus. Assim seja!”
Fernando Oliveira – 15.05.2012 

Palestra realizada no SEJA em 15.05.2012.