terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Influências Espirituais e suas consequências

Começo Trazendo o Livro dos espíritos, Capítulo 9, com a questão 459, onde temos o seguinte: 
Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?
R – A esse respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem.
Esta resposta nos remete a reflexão clara de que nunca estamos sóis e, por conseguinte, fica margem para outra questão: que tipo de companhia espiritual gostaríamos de ter?
E eis então a obsessão.
Allan Kardec define obsessão como “o domínio que alguns Espíritos podem exercer sobre certas pessoas” – Livro dos Médiuns, Capítulo 23.
Complementa informando que a Obsessão pode ser “Simples”, “Fascinação” ou “Subjugação”. Que trataremos mais adiante.
Todavia, o que nos faz sofrer a influência dos espíritos?
Devemos ter em mente que as influências espirituais têm diversos motivos, não apenas no âmbito da obsessão.
Temos que considerar a necessidade, fator essencial para o homem, da proteção daqueles que retornaram à pátria espiritual e assumiram diante do Pai o papel de amigo e conselheiro espiritual, como nossos Anjos Guardiões, Mentores Espirituais e até mesmo os nossos familiares que já entenderam os mecanismos de sublimação e estão além na escala de evolução moral.
São nossas ações que vão definir que tipos de companhias espirituais poderemos nos associar.
E é justamente pelo fato de não analisarmos adequadamente nossas decisões, que muitos espíritos encontram sintonia conosco e sentem-se em condição, de várias formas, nos conduzirem aos caminhos tortuosos do desequilíbrio, configurando assim o que é classificado como obsessão.
Manoel Philomeno de Miranda no Livro “Nos bastidores da obsessão”, no capítulo Examinando a Obsessão, afirma o seguinte:
“A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente”.
O amigo espiritual, através da mediunidade de Divaldo Franco, nos traz um alerta sobre o fato que, mesmo que estejamos dispostos a realizar as mudanças indispensáveis ao equilíbrio, nenhuma ação obterá resultados imediatos tendo em vista que podemos estar compartilhando destes hábitos há muito tempo, e isto soma-se à nossa consciência e, certamente, ainda iludidos com os equívocos de nossos julgamentos, não consideramos, portanto, como algo importante a ser modificado.
E o escritor espiritual complementa: “Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister.”
Suely Caldas Schubert, no Livro “Obsessão e Desobsessão”, no capítulo sobre “As influenciações Espirituais”, afirma o seguinte:
“Assim, vamos encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores e amigos Espirituais, que buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que, vencendo o túmulo, desejam prosseguir gerindo os membros de seu clã familial, seja com bons ou maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em anteriores reencarnações, e que nos procuram, no tempo e no espaço, para cobrar a dívida que contraímos.”
Lembra ainda, Suely Caldas, no capítulo seguinte, que “Uma simples vibração do nosso ser, a um pensamento emitido, por mais secreto nos pareça, evidenciamos de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão naqueles que estão na mesma frequência vibracional. Assim, atrairemos aqueles que comungam conosco e que se identificam com a qualidade de nossa emissão mental.”
E este comentário me fez lembrar o ditado popular: “Me diga com quem andas que te direi quem tu és.”
Mesmo sendo um tanto conclusivo, sobre o texto que remete a uma séria avaliação, mesmo que precipitado, sobre nossas companhias, não se exterioriza aos olhos da carne a verdadeira índole, caráter ou essência espiritual de nenhuma pessoa. Muitos de nós somos questionados por nossas amizades e que, por sua vez, as pessoas passam a nos perceber como do bem ou do mal. Concluindo muitas vezes que pelas companhias que nós temos não somos dignos de sua amizade.
Nesta analogia, entendo que os espíritos se associam a nós pela nossa vibração, pelo nosso pensamento, pelas escolhas, consequentemente, passamos a entender que tipo de influência sofremos do plano espiritual.
E neste contexto, cabe elucidar como a obsessão ou influencia espiritual pode se configurar na vida comum. Lembramos então, as classificações das obsessões, descritas no Livro dos Médiuns, por Allan Kardec, a saber:
Obsessão Simples – acontece quando um espírito malfazejo se impõe a um médium, intromete-se, a seu mau grado, nas comunicações que recebe, impedindo-o de se comunicar com outros espíritos e se fazendo passar pelos que são evocados;
Fascinação – Tem consequências muito mais sérias. É uma ilusão produzida pela ação direta do espírito sobre o pensamento do médium que paralisa de algum modo sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não acredita ser enganado: o espírito tem a arte de lhe inspirar uma confiança cega, que o impede de ver a fraude e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando salta aos olhos de todos;
Subjugação – É uma atormentação que paralisa a vontade daquele que sofre e faz agir fora da sua normalidade. Está, numa palavra, sob um verdadeiro jugo;
A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é induzido a tomar decisões muitas vezes absurdas e comprometedoras, que, por uma espécie de ilusão, acredita serem sensatas; é uma espécie de fascinação. No segundo caso, o espírito age sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. A subjugação corporal vai algumas vezes mais longe; ela pode levar aos atos mais ridículos.
Evidentemente, que em todos os casos temos a cura. Claro que, em se falando na companhia dos amigos espirituais, que querem nosso bem e nos guiar pelos caminhos do amor e da paz esta companhia será sempre bem vinda. Mas para os casos obsessivos precisamos procurar ajuda e a casa espírita é o local adequado para encontrar lenitivo para tal aflição.
Manoel Philomeno, ainda no Livro Nos Bastidores da Obsessão, nos dá uma simples receita:
“Iniciando o programa de recuperação, deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento, exercitando-se na prática das virtudes Cristãs, e principalmente, moralizando-se. A moralização do enfermo deve ter caráter prioritário, considerando-se que através de uma renovação íntima bem encetada, ele demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem como normativa de felicidade.”
Uma vez consciente da urgente necessidade de realizar a Reforma Íntima devemos, dentro da casa espírita, nos envolver com suas atividades e procurar aumentar sempre o nosso conhecimento das causas e efeitos, das múltiplas existências, e através das obras do nobre codificador e muitas outras enviadas pelos mensageiros da luz, a fim de nos elucidar e ajudar-nos no processo de autoconhecimento e o embasamento para como deveremos fazer nossa transformação moral.
Devemos então mudar nossa vibração, nossos pensamentos e nossas atitudes. Mas tudo isso só surtirá efeito se for plenamente verdade, pois como vimos os espíritos conseguem ver esta verdade que flui naturalmente do nosso espírito e, portanto, não os convenceremos se continuarmos alimentando ilusões a nosso respeito.
E assim, cabem cada vez mais, as orientações do Mestre Jesus que nos convoca a valorizar a ação generosa que o amor pode trazer para nossa vida, lembrando o mandamento maior: “Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda vossa alma e de todo vosso espírito. E complementa: “Amareis o vosso próximo como a vós mesmos.” 
Esta é uma lição de caridade, para consigo, para com o próximo. E tendo consciência da importância que o AMOR tem para nossas vidas e das mudanças que ele pode nos provocar, favorecendo-nos e nos aproximando sempre mais de DEUS, posso afirmar que as influencias danosas de espíritos malfeitores sumirão e apenas os servidores do bem, da paz e do amor estarão ao nosso lado, os que são espíritos de luz, anjos e conselheiros espirituais e por consequência a única coisa que irá nos acontecer, é a principal proposta que o Pai lança sobre nós, o encontro com a plena FELICIDADE.

Que sejamos todos felizes!

Muita paz!

Fernando Oliveira.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Amor, muito além de quatro letras

Ouve-se falar do amor de várias formas.
De vez por outra, um tanto abstrata, animalizada, até mesmo materializada.
Todavia, qual concepção verdadeira do amor?
Qual verdadeiramente seria o sentido ou significado, bem como importância, que o amor pode ter para a vida do homem?
Na rudeza das diversas estiagens humanas, deixamo-nos envolver com a voracidade dos sentidos físicos atribuindo estas sensações ao amor.
Entretanto, sendo o amor sentimento, que pulsa do órgão matriz, que irriga todos demais, seria infeliz considera-lo vinculado tão somente às necessidades genésicas.
Amor que vem do latim amore, expressão da vontade exclusiva do sentido da vida, quando espargida de sensações pueris, faz-se notar de gestos de afeto, associado a respeito, divindade, exaltação dúlcida da emancipação da alma, enquanto real.
Vincular o amor tão somente a coisas materiais é pobreza de espírito ou alma que se deixa levar apenas pelas sensações físicas.
Amor é contexto da Divindade que habita no homem e dela deixa externar sua essência.
No olhar do ser que ama vê-se o brilho que exterioriza o Deus da bondade, que faz sair do coração sua plenitude aproximando-se da excelsa luz do Divino Amigo que é Jesus.
Amar é entrega, doação, afeto, respeito, verdade.
Amor é sentimento sim, portanto, algo imaterial, que vai muito além da simples expressão com quatro letras.

Fernando Oliveira - 03.11.2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Vento amigo

Vento amigo que zumbe em meu ouvido
Quebra o silêncio no sacudir das árvores
Quebra o som no movimento do mar
Intensidade que em redemoinho 
Cria formas da areia inquieta.

Vento amigo leva além meu pedido
Faz os seres da plenitude ouvir minhas dores
Quanto há pra te dizer do amar
Até mesmo dos entretantos dos meus estalidos
Diria, quem sabe, de mim, euforia rouca

Vento amigo, tira a quietude de minha voz
Que não está perdida na foz de minha guela
Que quer gritar para falar, porque não, de mim
Que sabe que do teu ecoar, os grunhidos de meu falar
Ficam mudos na vastidão do teu ensurdecido girar

Vento amigo, tu me renovas
Vento amigo, tu me relaxas
Vento amigo, tu me acalmas
Vento amigo, tu me salvas de mim
Vento amigo, só tu pra me calar.

Fernando Oliveira - 11.10.2016

sábado, 1 de outubro de 2016

Espiritismo - Ciência do Amor



Ouso afirmar que a Doutrina espírita, bem antes do inicio de sua codificação, através do então professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, já era uma verdade, dado que desde quando há vida, desde a existência do primeiro ser, os espíritos vem se demonstrando em sua plenitude.
Desta forma, devemos consentir que a Doutrina Espírita, surge a partir de fatos que geraram questionamentos entre os homens por meados do século XIX, onde foi observado que diversos objetos se movimentavam. De maneira geral, chamavam de “mesas girantes” ou “dança das mesas”. Este fenômeno foi registrado nos estados unidos e logo passou a ser registrado também na Europa.
Ocorre que estes movimentos não eram estáticos, por assim dizer, muitas vezes era brusco, desordenado; outras vezes o objeto era violentamente sacudido, derrubado, levado numa direção qualquer e, contrário a todas as leis da estática, levantado do chão e mantido no espaço.
Em março de 1848, no humilde vilarejo de Hydesville, Estado de Nova Iorque, surgiram fenômenos mediúnicos que abalaram a opinião pública da época. Tais fenômenos ocorreram numa tosca cabana, residência da família Fox. Onde ali moravam as meninas Kate e Magie, de 11 e 14 anos, sendo as médiuns que doavam fluidos para possibilitar a comunicação do espírito em epígrafe. Os acontecimentos a partir do primeiro diálogo com o Espírito, em 31 de março de 1848, empolgaram a população do vilarejo, surgindo, em novembro de 1849, as primeiras demonstrações públicas, com as irmãs Fox.
E na Biografia de Alan Kardec, escrita por Marcel Souto Maior, assim retrata o efeito das mesas girantes:
“A mesas giravam, saltavam e corriam em tais condições que não deixavam lugar para qualquer dúvida.”
E complementa: “Entrevi, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo. Havia um fato que necessariamente decorria de uma causa.”
Assim surge o pesquisador, que começa a compilar, através de pesquisas e cartas que passa a receber de todo o mundo fatos que indicasse de forma séria e comprovada a existência dos espíritos.
Evidentemente que para tanto era necessário aplicar um método, fato que já adotava desde a época de estudante, pois procurava respostas para o devido entendimento de todos os fatos.
E foi com fidelidade a princípios sérios para avaliar, questionar e validar as manifestações dos espíritos naquela época que Allan Kardec prosseguiu com seu trabalho e assim procedia:
“Melhor rejeitar dez verdades como sendo mentiras do que aceitar uma única mentira como sendo verdade”. 
E esta era sua linha de conduta.
Em 18 de abril de 1857 foi publicada a primeira edição do Livro dos Espíritos. Com uma saída de 1.500 exemplares esgotando com dois meses após publicação.
Um livro de perguntas e respostas acerca das manifestações dos espíritos, os princípios da Doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura. Mas que de forma contundente, traz Deus no centro do seu conteúdo, que da sua primeira pergunta questiona:
- O que é Deus?
E como resposta recebe: 
"Deus é suprema inteligência, causa primeira de todas as coisas."
E desta forma, um mundo novo, e eterno, se descortinava a cada página.
E homens reconhecidamente sérios e de muito respeito na sociedade local contribuíram para realização desta tarefa, como o renomado Benjamin Franklin, inventor do para-raios, o matemático Emanuel Swendenborg e mais dois médicos contemporâneos, o alemão Samuel Hahnemann, considerado o pai da homeopatia, e o cirurgião francês Guillaume Dupuytren.
Nesta época a mediunidade era tida como doença. Assim afirmou o médico Clever de Maldigny: “É uma epidemia recente vinda da américa. Uma moléstia mental altamente contagiosa, que fazia vítimas na Alemanha, Inglaterra e, agora, na França. O mal atacava principalmente as moças sensitivas, mais sujeitas à ação magnética.” E este diagnóstico foi dado a garota Ermance Dufaux, com 12 anos na época.
E justamente através desta menina, médium, diagnosticada como doente que surge o contato mediúnico de um dos espíritos que iria contribuir muito com os trabalhos que Allan Kardec estava desenvolvendo. Surge a comunicação do espírito “São Luis”, o rei Luis IX.
E o Sr. Dufaux, pai da menina Ermance, questiona o espírito São Luis para provar a veracidade de sua presença, solicitando ditar-lhe algo edificante em moral, no que recebe como resposta:
“Sê tu, amigo, como um rio benfazejo que derrama por onde passa a fertilidade e a frescura, perdoa a teus inimigos como o salvador que, quase ao expirar, orou por seus carrascos, dando assim aos homens seu derradeiro exemplo de bondade (...).”
“Ama teus inferiores na hierarquia social. Não imites os homens tiranos de seus irmãos, nem os que, por seu exemplo, transviam as almas humildes e obscuras que lhe cumpre guiar e proteger neste vale de provações para todos.”
Em julho de 1859 Kardec lança um espécie de cartilha intitulada “O que é o Espiritismo.”
E assim definia:
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, envolve as relações entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que emanam dessas relações.”
Em resumo: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como suas relações com o mundo corporal.”
Daí revela-se o tríplice aspecto da Doutrina Espírita: Ciência, Filosofia e Religião.
Em 18 de marco de 1860 foi lançada a nova versão do Livro dos Espíritos, onde os originalmente lançados 501 diálogos se tornaram 1.018 perguntas e respostas, acompanhadas de comentários e notas explicativas assinadas por Kardec.
Em janeiro de 1861 Kardec lança o Livro dos Médiuns, onde consta o ensino dos espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e obstáculos que se pode encontrar na prática do espiritismo.
E num encontro na cidade de Lyon com os seguidores da no doutrina, Kardec conclama os discípulos a se unirem para enfrentar o sarcasmo, a zombaria e lança o slogan que até então se torna lema do espiritismo: 
“Fora da caridade não há salvação”.
Não posso deixar de retratar que todas estas revelações causaram incomodo, em especial a igreja católica e seus seguidores que passaram a retaliar e inclusive confiscar as publicações das obras lançada por Kardec e um dos marcos destas atitudes ocorre na Espanha quando o então Bispo Antônio Palau y Termens impedem a entrada de 300 exemplares legalmente enviados por Kardec ao seu amigo, escritor Mauricio Lachâtre.
Este fato ficou conhecido como “O auto de fé de Barcelona”, no que se transformou num marco do espiritismo. Nesta ocasião Kardec até insistiu com a liberação dos exemplares, ou até mesmo a devolução, no que não teve sucesso, vindo a ser ateados em fogo, como nos atos deliberados pela igreja que considerava a necessidade da inquisição.
E abril de 1864 surge o então intitulado “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, renomeado três anos depois como “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que através de mensagens reflexivas sobre passagens bíblicas dos evangelhos de São Mateus, São Marcos, São Lucas, traz novos contextos e esclarecimentos sobre a essência da moral cristã e assim mostra o poder do:
“Amai-vos uns aos outros”.
E em setembro de 1865, Kardec anunciou na Revista Espírita o lançamento do Livro O Céu e o Inferno – ou a justiça divina segundo o espiritismo. Onde em seu contexto faz menções sobre a passagem da vida corporal a vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas.
Em janeiro de 1868, começaram a circular na França os exemplares da obra assinada por Allan Kardec, intitulada por “A Gênese – ou os milagres e predições segundo o espiritismo”. A ciência é chamada a constituir a gênese segundo as leis da natureza. Deus prova sua grandeza e seu poder pela imutabilidade de suas leis, e não pela suspensão. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.
O Espiritismo tem por base as verdade fundamentais de todas religiões: 
- Deus;
- A alma;
- A imortalidade;
- As penas e recompensas futuras.
Vem a provar a imortalidade da alma, sua individualidade depois da morte, sua sobrevivência ao corpo.
Tudo isso baseado em princípios morais, compilados em todas as obras codificadas por Allan Kardec, onde nos faz atentar sobre a necessidade:
- Da caridade;
- Do amor a Deus;
- Do amor aos homens;
- O cumprimento das leis; e
- O reconhecimento da sua justiça Divina. 
Da qual, em sã consciência, nenhum ser encarnado ou desencarnado terá como fugir.
Como na Carta de São Paulo, apóstolo dos gentios, “Fora da Caridade não há salvação, sem amor a caridade real não acontece, pois ele remete ao esquecimento de si mesmo em beneficio dos mais necessitados”. O AMOR não é apenas a essência da Doutrina Espírita, é indubitavelmente a essência da VIDA.
E para encerrar deixo o texto seguinte:
Trecho do poema “À Villequier” de Victor Hugo, escrito em 1854:
“Eu digo que o túmulo que sobre os mortos se fecha

Abre o firmamento

E que aquilo que embaixo acreditamos ser o fim

É o começo.”
Fernando Oliveira – 29.09.2016.

domingo, 21 de agosto de 2016

Ação e Reação



Todos nós temos conhecimento da Lei de Newton que diz que “toda força que um corpo recebe é consequente na força que o outro aplicou”, ou seja, para toda interação, na forma de força, que um corpo A aplica sobre um corpo B, dele A irá receber uma força de mesma direção, intensidade e sentido oposto, o que nada mais é que toda ação remete a necessidade de uma reação imediata.
Em se falando da vida, em se falando do homem e em se falando de Deus, como seriam avaliadas e dimensionadas a “Reações” consequentes de “Ações” por cada ser provocadas? Como entender estas situações?
No Livro A Vida Escreve, texto “O Merecimento”, Conta o espírito Hilário Silva, através do médium Chico Xavier, uma situação que envolve o personagem Saturnino Pereira. Pessoa caridosa, amigo de todos no trabalho, sempre servil. Mas o destino o envolve num acidente no local de trabalho que surpreende todos, pois o generoso amigo não merecia;
Neste acidente Saturnino perdeu um polegar, mesmo com todo o braço ferido que ficara bom com o tempo.
Saturnino, espírita, depois do acidente, vai ao centro espírita que frequenta para reunião habitual, quando tem a seguinte informação do orientador espiritual:
“Quando você se preparava para a excursão no berço terrestre, programou experiências no caminho do reajuste, porém formulou uma sentença contra você; Há oitenta anos, era você poderoso sitiante  no litoral brasileiro e, certo dia, porque pobre empregado enfermo não lhe pudesse obedecer às determinações, obrigou-o a triturar o braço direito no engenho rústico”.
Por muito tempo, no plano espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas você, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Vem trabalhando, se esmerando no dever, lutando. E o plantio disso só pode ser avaliado em definitivo por ocasião da colheita. Sei, porém que hoje, por débito legítimo, alijaria todo o braço, mas perdeu só um dedo... Regozije-se meu amigo!
Veja como é serio o Juiz, chamado consciência. Saturnino não se perdoou, não aceitou o fato de ter sido mal para com seu próximo e pediu a expiação similar ao ato cometido, visto que pediu à misericórdia Divina a oportunidade de saldar em vida seguinte as dívidas de atitudes impensadas no mesmo padrão do ato cometido. Evidentemente que ficamos questionando tais atos...
E diante deste fato, até para que pensemos de forma maior, trago a seguinte descrição bíblica:
“Em Romanos 2 temos: Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Mas pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo sua obra.”
Não estamos isentos do jugo de Deus, mas muito antes do jugo do Pai temos o jugo de nossa própria consciência que irá nos acusar e muito dos erros cometidos.
E assim sendo Kardec nos traz orientações preciosas no Livro Céu e o Inferno, a seguir:
Capítulo XII – Código Penal da Vida Futura...
A felicidade é inerente à perfeição; O bem e o mal que fazemos resultam das qualidades que possuímos;
Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha consequências fatais, como não há única ação meritória, um só bom impulso da alma que se perca, mesmo para os mais perversos;
Visto que tais ações constituem um começo de progresso; Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga: se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes;
Isto comprova o olhar de Deus sobre todos nós, encarnados e desencarnados, mas muito mais que um olhar de um Pai justo, percebemos a sua compaixão.
E para enriquecer nossas reflexões sobre o assunto, trago outro relato:
No Livro Ação e Reação do Escritor Espiritual André Luiz – Médium Chico Xavier, temos a história do paciente “Antônio Olímpio”, diz que por conta da ambição e na intenção de tomar posse de toda herança da família, elabora um plano criminoso para acabar com a vida de seus dois irmãos, Clarindo e Leonel. Convida-os para um passeio de barco, no lago do sítio da família, oferece-lhes um licor, já adicionado a um entorpecente, e dado momento quando percebeu a embriaguez de seus irmãos, fez o barco tombar, deixando-os morrer afogados. Saiu do lago e simulou aos gritos o acidente, herdando assim toda fortuna da família, passando a ser propriedade sua, de seu filho e mulher, que nada sabiam;
Ironia ou não do destino, que sabemos não há acaso, depois de anos passados, sua mulher foi acometida de grave doença, vindo a ficar louca e no mesmo lago do sinistro narrado afoga-se; A tristeza toma conta dele e com o remorso a acusá-lo sem esquecer o crime cometido, perde as forças e veio a desencarnar. Para sua surpresa, ao cerrar os olhos, seus irmãos que supunha mortos, surgem como vingadores, atirando-lhe o crime na cara, flagelando-o sem compaixão, conduzindo-o a tenebrosa turba, que permaneceu por muito tempo. Na sua consciência, em espírito, a culpa manteve-se, mesmo após o socorro para o hospital espiritual, onde afirmava: “Ai de mim... Estou preso a terrível embarcação...Quem me fará dormir ou morrer?"
Esta ultima frase do espírito Antônio Olímpio demonstra como é severa a nossa consciência. O peso da culpa nos persegue quando nossos erros nos acusam incessantemente.
E diante deste contexto, ficamos nos questionando: Como pode um irmão, por ambição, egoísmo, acabar com a vida de seus dois irmãos?! Que coisa horrível! Diríamos.
Não podemos deixar de considerar que como nós, Antônio Olímpio era um espírito encarnado revestido pelas mazelas que a matéria nos impõe como, por exemplo, o desejo exacerbado pelo poder, algo que nos cega e não nos permite perceber com clareza nossos erros, como neste caso.
E claro Kardec nos faz refletir trazendo no Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, o seguinte:
Capítulo XVIII, item 16, temos: Procurai os verdadeiros cristãos e vós os reconhecereis por suas obras. “Uma arvore boa não pode produzir maus frutos, nem uma arvore má produzir bons frutos”. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pois há muitos chamados e poucos escolhidos.
Este texto remete a Parábola da Figueira seca, que tão bem conhecemos, mas muito mais que uma figueira, Jesus claramente se referia a nós que secamos nossos corações quando o encolerizamos com sentimentos que nos fazem muito mal como ódio, rancor, inveja, ambição. Precisamos aprender a equilibrar nossos sentimentos e desta forma nos aproximar da condição divina que Deus nos criou em espírito, visando a felicidade futura.
E mais uma vez no Livro o Céu e o Inferno, trago:
1 – O sofrimento é inerente à imperfeição;
2 – Toda imperfeição, assim como toda falta que dela resulta, traz consigo o próprio castigo em suas consequências naturais e inevitáveis. Assim a doença decorre dos excessos e o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo;
3 – Como todo homem pode libertar-se das imperfeições, desde que o queira, pode igualmente anular os males consequentes e assegurar a sua felicidade futura.
Toda esta reflexão é muito importante visando o nosso equilíbrio, sem deixar de levar em consideração que devemos nos melhorar é nessa existência, haja vista que devemos nos assenhorar de tudo que somo capazes de fazer e reconhecer nossas fraquezas. Uma vez tomando conhecimento de tudo que somos capazes podemos, desta forma, evitar tomadas de decisões que podem comprometer toda uma vida onde para ela traçamos planos de felicidade e esta é a meta que devemos perseguir.
E para encerrar trago duas mensagens que nos fará buscar a plena paz:
“Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis que vos façam.”
“A cada um segundo as suas obras, No Céu como na terra: Tal é a Lei da Justiça Divina.” 

Fernando Oliveira.