sexta-feira, 23 de junho de 2017

Dai de graça o que recebeste de graça.



Meus irmãos há muito venho me questionando sobre a prática da mediunidade em busca de benefícios pessoais ou até mesmo no propósito da auto divulgação.

Evidentemente que o nobre codificador não poderia deixar de nos abastecer com orientações neste contexto, visto que o próprio Jesus nos traz em suas passagens, quando de suas instruções aos discípulos, a forma correta de se comportar em torno deste assunto, a saber:

Está no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 26: Dai gratuitamente o que recebeste gratuitamente.

No item 1 temos: "Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente." (Mateus, 10:8)

O Dom de curar é um ato divino, concedido por Deus àqueles que priori deveriam utilizar esta divina sensibilidade para o restabelecimento do equilíbrio psíquico/físico/espiritual aos que de alguma forma possam estar em estado de desarmonia. Daí a orientação do Mestre Jesus, conforme descrito por Mateus.

Acrescenta Alan Kardec em sua apreciação sobre esta passagem bíblica:

Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente, disse Jesus a seus discípulos. Por este ensinamento recomenda não cobrar por aquilo que nada se pagou; portanto, o que tinham recebido gratuitamente era o dom de curar as doenças e de expulsar os demônios, ou seja, os maus Espíritos; esse dom lhes havia sido dado gratuitamente por Deus para o alívio dos que sofrem, para ajudar a propagação da fé, e lhes disse para não fazerem dele um meio de comércio, nem de especulação, nem um meio de vida.”

Mas não satisfeito com o comportamento humano da época, que não nos parece distinto nos tempos de então, Jesus acrescenta mais ainda em torno deste tema:

“Disse em seguida a seus discípulos, na presença de todo o povo que o escutava: Guardai-vos dos escribas que se exibem passeando em longas túnicas, que adoram ser saudados em lugares públicos, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nas festas; que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas. Essas pessoas receberão uma condenação mais rigorosa. (Lucas, 20:45 a 47; Marcos, 12:38 a 40; Mateus, 23:14)”

A referência desta passagem bíblica faz alusão aos que se sentem revestidos do poder de curar, fazer orações ou afastar os demônios e com isso sentem-se vaidosos por tal ação e ainda acham-se no direito de cobrar como se este DOM seja propriedade exclusiva e com isso pensam poder gozar dos benefícios, em se destacando dos demais, como sendo alguém especial. Cuidado com o orgulho e a vaidade, estas duas máculas da sociedade!

Kardec Alerta:

“Exigir pagamento por orar a Deus por outrem é transformar-se em intermediário assalariado.”

“Como sabemos, Deus não cobra pelos benefícios que concede. Como pode alguém, que nem mesmo é o distribuidor deles, que não pode garantir sua obtenção, pretender cobrar por um pedido que talvez nenhum resultado produza?”

E mais um exemplo da índole e caráter de Jesus se mostra no texto seguinte:

Vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, tendo entrado no templo, começou a expulsar de lá os que vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombos; e não permitiu que ninguém transportasse qualquer utensílio pelo templo. Também os instruiu ao dizer: Não está escrito que minha casa será chamada casa de orações por todas as nações? E, entretanto, fizestes dela um covil de ladrões. Os príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, procuravam um meio de prendê-Lo; pois temiam-No, uma vez que todos estavam tomados de admiração pela sua doutrina. (Marcos, 11:15 a 18; Mateus, 21:12 e 13).”

Jesus mostra claramente que não estava preocupado com o julgamento que fariam de suas atitudes neste caso. Ele deixa claro que a fé não é mercadoria, que o cuidar do próximo tem que ser um ato de Caridade, de benevolência e de entrega plena. Como então utilizar um local destinado à oração e encontro com Deus para fins escusos?!

“A cada um segundo suas obras! (Romanos 2:6)”

Mas e no que tange a Mediunidade? É certo utilizá-la como forma de auto promoção? É justo se sentir diferenciado por saber ter mediunidade, a possibilidade de se comunicar com os desencarnados, de perceber suas presenças e ainda assim utilizar este mecanismo como forma de ser gratificado, como forma de pagamento, para seu uso pessoal? O que dizer então daqueles que tem dons magnéticos e os utilizam para prejudicar o outro, para desequilibrar a vida de alguém apenas pelo fato de não gostar, de ter algum desentendimento?

Assim está no Evangelho Segundo o Espiritismo no texto “Mediunidade Gratuita”:

“Os médiuns de agora – visto que também os apóstolos tinham mediunidade – receberam igualmente de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para instruírem os homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé e não para venderem palavras que não lhes pertencem, visto que não são o produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre seja deserdado dela e possa dizer: Não tive fé, porque não pude pagá-la; não tive o consolo de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles que  choro, porque sou pobre. É por isso que a mediunidade não é um privilégio, e se encontra por toda parte. Cobrar por ela seria desviá-la de seu objetivo providencial.”

“Quem conhece as condições em que os Espíritos bons se comunicam, a repulsa que sentem por tudo que é de interesse egoísta, e sabe quão pouco é preciso para os afastar, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores esteja à disposição do primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão. O simples bom senso repele semelhante ideia.”

O destaque acima por si só já esclarece que a hipocrisia e a má conduta de alguns que utilizam a mediunidade de forma errada os afastam da assistência dos bons espíritos, pois somos uma forte energética e através de nós mesmos nos associamos aos bons, se formos bons, e aos maus, se o mal desejarmos.

Esclarecem mais os espíritos na codificação:

“Mediunidade séria não pode ser e jamais será uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo se assemelharia aos que leem a sorte, mas também porque um obstáculo se opõe a isso. É que a mediunidade é um dom essencialmente móvel, fugidio, variável e inconstante. Ela seria, pois, para o explorador, um recurso completamente incerto, que poderia lhe faltar no momento mais necessário.”

“Aquele, pois, que não tem do que viver, que procure recursos em outros lugares, menos na mediunidade, e que apenas dedique a ela, se for o caso, o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifícios, enquanto se afastarão daqueles que esperam fazer da mediunidade um modo de subir na vida.”

O que nos falta então para agir conforme as orientações do Divino Mestre e dos Espíritos amigos?

Penso que a nossa conduta já define quem somos. Nossas atitudes, comportamentos, formas de agir e pensar.

Edgar Harmond no Livro Passes e Radiações afirma: 
“Referimo-nos aos esforços íntimos em relação aos hábitos, costumes, necessidades e outros aspectos da vida moral do indivíduo, destinados a mudar os seus sentimentos negativos, vencer vícios e defeitos, dominar paixões inferiores e conquistar virtudes espirituais, isto é, a reforma íntima.”

Devemos atentar constantemente para nossos hábitos e costumes. Observar se o certo que incutimos em nosso comportamento e forma de pensar é de fato o correto. Parar de agir como se nossas atitudes não refletissem sobre a vida dos outros. Combater o egoísmo, deixar de ser individualistas, arrogantes, orgulhosos e vaidosos.

Lembro então o Apóstolo Paulo: 
“Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também vos levará a praticar o bem, já que não basta uma virtude negativa: é necessária uma virtude ativa. Para fazer o bem é preciso sempre a ação da vontade; para não se praticar o mal, basta muitas vezes a inércia e a indiferença.”

E assim chancela a máxima que todo cristão deve perseguir e praticar constantemente:

“FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.”

É por isso que Jesus nos orienta “DAI DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE”.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O Bem e o Mal


No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo V, O Espírito Lacordaire, no texto “Bem e Mal sofrer”, afirma: “Poucos sabem sofrer. Poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir o homem ao reino de Deus”. E complementa: “Jesus vos disse muitas vezes que não se colocava um fardo pesado sobre ombros fracos, e sim que o fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tão mais generosa quanto mais difícil tiver sido a aflição. Mas é preciso merecer a recompensa e é por isso que a vida está cheia de tribulações”.

Não podemos deixar de lembrar que a vida, em vários aspectos, nos parece um verdadeiro fardo. Pois nos remete a provas que muitas vezes, diante da intensa dificuldade que proporciona, sentimo-nos fragilizados e daí, consequentemente, nossa fé passa por um teste que não estamos prontos para superar.

Esta dicotomia que o Bem e Mal nos oferece, nos enfrentamentos da vida, sem dúvidas, traz-nos o inevitável amadurecimento, fato enriquecedor para o espírito, que somos nós, em processo de transformação e, por conseguinte, em situação de prova e expiação.

No Livro dos Espíritos, Kardec, na questão 132, pergunta: 
132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? 
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.

Diante deste fato, a questão nos alerta sobre o quanto necessitamos nos esforçar para alcançar a sublimação, mas claro que sem a inevitável entrega não lograremos êxito.

Ainda no Livro dos Espíritos, Kardec aprofunda o entendimento sobre o Bem e o Mal com as questões 629 a 646:
E no item 630, questiona:
Como se pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que está conforme a lei de Deus; o mal, o tudo o que é contrário. Assim fazer o bem é proceder conforme a lei de Deus; fazer o mal é infringir essa lei.”

No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XVII, no item o Homem de Bem ,temos a elucidação dessa questão, a 630:
“O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Questiona sua consciência sobre seus próprios atos, perguntará se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se negligenciou voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem queixa dele, enfim, se fez aos outros tudo o que gostaria que lhe fizessem.”

E analisando todos estes fatores, apresentados pelo espírito, não podemos deixar de atentar de quantas pedras deveremos retirar de nosso caminho, tantos obstáculos deveremos superar para alcançar este nível de perfeição, no combate diário, em nós mesmos, do bem e do mal que somos capazes de fazer.

A questão é:
Será que estamos prontos para tal desafio?

O Espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Franco, no Livro Em busca da verdade, no capítulo que trata “O Bem e o Mal”, afirma:
“O Bem é tudo aquilo que contribui em favor da vida, do seu desenvolvimento ético e moral, a sua construção edificante e propiciadora de satisfações emocionais.”
E Complementa: “Necessário, no entanto, evitar confundir o de natureza física com a emoção de harmonia, de equilíbrio interior, de felicidade que se adquire por meio de pensamentos, palavras e ações dignificantes, não geradoras de culpa.”

Já sobre o Mal, afirma:
“O mal é tudo quanto gera aflição, que se transforma em problema, que trabalha pelo prejuízo de outrem e do grupo social, levando ao desconforto moral, à destruição.”

E alerta: “Por outro lado, o que pode parecer um mal para determinado indivíduo, proporciona-lhe o despertar da consciência, o caminho que o levará ao autoconhecimento.”

E eis que no contexto da análise psíquica, feita por Joanna de Angelis, acende-nos a luz de uma razão pura de nome “Consciência”. Pois justamente a nossa consciência que ira provocar o nosso despertar para as virtudes essenciais para uma vida equilibrada e em sintonia com Deus.

“O esforço para adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às responsabilidades pertinentes à vida.” Livro Momentos de Consciência de Joanna de Ângelis – Divaldo Franco.

Todavia, os espíritos respondem a Kardec no item 642, algo muito relevante, quando questionados: 
642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? 
“Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

Não podemos nos isentar da ausência de ação quando o mal nos assola e simplesmente decidimos nos omitir diante da necessidade de realizar com toda força do nosso coração o tão necessário bem.

Alerta Humberto de Campos, através da mediunidade de Chico Xavier, no Livro Luz Acima, que somos compelidos ao ajuste e às reflexões cotidianamente através das sugestões dos Gênios do Bem e do Mal. Que enquanto um nos compele ao caminho para a luz eterna, o outro aproveita nossos desvarios e prisões materiais. Que se o Gênio do Bem nos convoca a renúncia, a humildade, ao perdão e a caridade, o outro luta por eliminar dos nossos sentimentos todas as virtudes e insinua a ambição, à covardia, ao ódio e à inveja.

Todavia, nesta luta cotidiana entre o que nutrimos como bem e mal, e se, somente se, optarmos por nossas fraquezas, inevitavelmente, dia Humberto de Campos, outro gênio, o da dor e do sofrimento nos visitará, de forma a nos ajustar e fazer-nos retomar o caminho da essência divina que Deus nos apresenta, que é AMAR sobre todas as coisas.

Pois é o AMOR que nos torna gentis, afáveis, amigos. O AMOR nos aproxima do Pai. O AMOR faz com que o BEM prevaleça sempre sobre o mal.

Então meus irmãos, deixemos brilhar a nossa luz!

Muita paz! 
Fernando Oliveira - 08/02/2017

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Influências Espirituais e suas consequências

Começo Trazendo o Livro dos espíritos, Capítulo 9, com a questão 459, onde temos o seguinte: 
Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?
R – A esse respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são eles que vos dirigem.
Esta resposta nos remete a reflexão clara de que nunca estamos sóis e, por conseguinte, fica margem para outra questão: que tipo de companhia espiritual gostaríamos de ter?
E eis então a obsessão.
Allan Kardec define obsessão como “o domínio que alguns Espíritos podem exercer sobre certas pessoas” – Livro dos Médiuns, Capítulo 23.
Complementa informando que a Obsessão pode ser “Simples”, “Fascinação” ou “Subjugação”. Que trataremos mais adiante.
Todavia, o que nos faz sofrer a influência dos espíritos?
Devemos ter em mente que as influências espirituais têm diversos motivos, não apenas no âmbito da obsessão.
Temos que considerar a necessidade, fator essencial para o homem, da proteção daqueles que retornaram à pátria espiritual e assumiram diante do Pai o papel de amigo e conselheiro espiritual, como nossos Anjos Guardiões, Mentores Espirituais e até mesmo os nossos familiares que já entenderam os mecanismos de sublimação e estão além na escala de evolução moral.
São nossas ações que vão definir que tipos de companhias espirituais poderemos nos associar.
E é justamente pelo fato de não analisarmos adequadamente nossas decisões, que muitos espíritos encontram sintonia conosco e sentem-se em condição, de várias formas, nos conduzirem aos caminhos tortuosos do desequilíbrio, configurando assim o que é classificado como obsessão.
Manoel Philomeno de Miranda no Livro “Nos bastidores da obsessão”, no capítulo Examinando a Obsessão, afirma o seguinte:
“A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente”.
O amigo espiritual, através da mediunidade de Divaldo Franco, nos traz um alerta sobre o fato que, mesmo que estejamos dispostos a realizar as mudanças indispensáveis ao equilíbrio, nenhuma ação obterá resultados imediatos tendo em vista que podemos estar compartilhando destes hábitos há muito tempo, e isto soma-se à nossa consciência e, certamente, ainda iludidos com os equívocos de nossos julgamentos, não consideramos, portanto, como algo importante a ser modificado.
E o escritor espiritual complementa: “Os tratamentos da obsessão, por conseguinte, são complexos, impondo alta dose de renúncia e abnegação àqueles que se oferecem e se dedicam a tal mister.”
Suely Caldas Schubert, no Livro “Obsessão e Desobsessão”, no capítulo sobre “As influenciações Espirituais”, afirma o seguinte:
“Assim, vamos encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores e amigos Espirituais, que buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que, vencendo o túmulo, desejam prosseguir gerindo os membros de seu clã familial, seja com bons ou maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em anteriores reencarnações, e que nos procuram, no tempo e no espaço, para cobrar a dívida que contraímos.”
Lembra ainda, Suely Caldas, no capítulo seguinte, que “Uma simples vibração do nosso ser, a um pensamento emitido, por mais secreto nos pareça, evidenciamos de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão naqueles que estão na mesma frequência vibracional. Assim, atrairemos aqueles que comungam conosco e que se identificam com a qualidade de nossa emissão mental.”
E este comentário me fez lembrar o ditado popular: “Me diga com quem andas que te direi quem tu és.”
Mesmo sendo um tanto conclusivo, sobre o texto que remete a uma séria avaliação, mesmo que precipitado, sobre nossas companhias, não se exterioriza aos olhos da carne a verdadeira índole, caráter ou essência espiritual de nenhuma pessoa. Muitos de nós somos questionados por nossas amizades e que, por sua vez, as pessoas passam a nos perceber como do bem ou do mal. Concluindo muitas vezes que pelas companhias que nós temos não somos dignos de sua amizade.
Nesta analogia, entendo que os espíritos se associam a nós pela nossa vibração, pelo nosso pensamento, pelas escolhas, consequentemente, passamos a entender que tipo de influência sofremos do plano espiritual.
E neste contexto, cabe elucidar como a obsessão ou influencia espiritual pode se configurar na vida comum. Lembramos então, as classificações das obsessões, descritas no Livro dos Médiuns, por Allan Kardec, a saber:
Obsessão Simples – acontece quando um espírito malfazejo se impõe a um médium, intromete-se, a seu mau grado, nas comunicações que recebe, impedindo-o de se comunicar com outros espíritos e se fazendo passar pelos que são evocados;
Fascinação – Tem consequências muito mais sérias. É uma ilusão produzida pela ação direta do espírito sobre o pensamento do médium que paralisa de algum modo sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não acredita ser enganado: o espírito tem a arte de lhe inspirar uma confiança cega, que o impede de ver a fraude e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando salta aos olhos de todos;
Subjugação – É uma atormentação que paralisa a vontade daquele que sofre e faz agir fora da sua normalidade. Está, numa palavra, sob um verdadeiro jugo;
A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é induzido a tomar decisões muitas vezes absurdas e comprometedoras, que, por uma espécie de ilusão, acredita serem sensatas; é uma espécie de fascinação. No segundo caso, o espírito age sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. A subjugação corporal vai algumas vezes mais longe; ela pode levar aos atos mais ridículos.
Evidentemente, que em todos os casos temos a cura. Claro que, em se falando na companhia dos amigos espirituais, que querem nosso bem e nos guiar pelos caminhos do amor e da paz esta companhia será sempre bem vinda. Mas para os casos obsessivos precisamos procurar ajuda e a casa espírita é o local adequado para encontrar lenitivo para tal aflição.
Manoel Philomeno, ainda no Livro Nos Bastidores da Obsessão, nos dá uma simples receita:
“Iniciando o programa de recuperação, deve este esforçar-se de imediato para a modificação radical do comportamento, exercitando-se na prática das virtudes Cristãs, e principalmente, moralizando-se. A moralização do enfermo deve ter caráter prioritário, considerando-se que através de uma renovação íntima bem encetada, ele demonstra para o seu desafeto a eficiência das diretrizes que lhe oferecem como normativa de felicidade.”
Uma vez consciente da urgente necessidade de realizar a Reforma Íntima devemos, dentro da casa espírita, nos envolver com suas atividades e procurar aumentar sempre o nosso conhecimento das causas e efeitos, das múltiplas existências, e através das obras do nobre codificador e muitas outras enviadas pelos mensageiros da luz, a fim de nos elucidar e ajudar-nos no processo de autoconhecimento e o embasamento para como deveremos fazer nossa transformação moral.
Devemos então mudar nossa vibração, nossos pensamentos e nossas atitudes. Mas tudo isso só surtirá efeito se for plenamente verdade, pois como vimos os espíritos conseguem ver esta verdade que flui naturalmente do nosso espírito e, portanto, não os convenceremos se continuarmos alimentando ilusões a nosso respeito.
E assim, cabem cada vez mais, as orientações do Mestre Jesus que nos convoca a valorizar a ação generosa que o amor pode trazer para nossa vida, lembrando o mandamento maior: “Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda vossa alma e de todo vosso espírito. E complementa: “Amareis o vosso próximo como a vós mesmos.” 
Esta é uma lição de caridade, para consigo, para com o próximo. E tendo consciência da importância que o AMOR tem para nossas vidas e das mudanças que ele pode nos provocar, favorecendo-nos e nos aproximando sempre mais de DEUS, posso afirmar que as influencias danosas de espíritos malfeitores sumirão e apenas os servidores do bem, da paz e do amor estarão ao nosso lado, os que são espíritos de luz, anjos e conselheiros espirituais e por consequência a única coisa que irá nos acontecer, é a principal proposta que o Pai lança sobre nós, o encontro com a plena FELICIDADE.

Que sejamos todos felizes!

Muita paz!

Fernando Oliveira.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Amor, muito além de quatro letras

Ouve-se falar do amor de várias formas.
De vez por outra, um tanto abstrata, animalizada, até mesmo materializada.
Todavia, qual concepção verdadeira do amor?
Qual verdadeiramente seria o sentido ou significado, bem como importância, que o amor pode ter para a vida do homem?
Na rudeza das diversas estiagens humanas, deixamo-nos envolver com a voracidade dos sentidos físicos atribuindo estas sensações ao amor.
Entretanto, sendo o amor sentimento, que pulsa do órgão matriz, que irriga todos demais, seria infeliz considera-lo vinculado tão somente às necessidades genésicas.
Amor que vem do latim amore, expressão da vontade exclusiva do sentido da vida, quando espargida de sensações pueris, faz-se notar de gestos de afeto, associado a respeito, divindade, exaltação dúlcida da emancipação da alma, enquanto real.
Vincular o amor tão somente a coisas materiais é pobreza de espírito ou alma que se deixa levar apenas pelas sensações físicas.
Amor é contexto da Divindade que habita no homem e dela deixa externar sua essência.
No olhar do ser que ama vê-se o brilho que exterioriza o Deus da bondade, que faz sair do coração sua plenitude aproximando-se da excelsa luz do Divino Amigo que é Jesus.
Amar é entrega, doação, afeto, respeito, verdade.
Amor é sentimento sim, portanto, algo imaterial, que vai muito além da simples expressão com quatro letras.

Fernando Oliveira - 03.11.2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Vento amigo

Vento amigo que zumbe em meu ouvido
Quebra o silêncio no sacudir das árvores
Quebra o som no movimento do mar
Intensidade que em redemoinho 
Cria formas da areia inquieta.

Vento amigo leva além meu pedido
Faz os seres da plenitude ouvir minhas dores
Quanto há pra te dizer do amar
Até mesmo dos entretantos dos meus estalidos
Diria, quem sabe, de mim, euforia rouca

Vento amigo, tira a quietude de minha voz
Que não está perdida na foz de minha guela
Que quer gritar para falar, porque não, de mim
Que sabe que do teu ecoar, os grunhidos de meu falar
Ficam mudos na vastidão do teu ensurdecido girar

Vento amigo, tu me renovas
Vento amigo, tu me relaxas
Vento amigo, tu me acalmas
Vento amigo, tu me salvas de mim
Vento amigo, só tu pra me calar.

Fernando Oliveira - 11.10.2016

sábado, 1 de outubro de 2016

Espiritismo - Ciência do Amor



Ouso afirmar que a Doutrina espírita, bem antes do inicio de sua codificação, através do então professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, já era uma verdade, dado que desde quando há vida, desde a existência do primeiro ser, os espíritos vem se demonstrando em sua plenitude.
Desta forma, devemos consentir que a Doutrina Espírita, surge a partir de fatos que geraram questionamentos entre os homens por meados do século XIX, onde foi observado que diversos objetos se movimentavam. De maneira geral, chamavam de “mesas girantes” ou “dança das mesas”. Este fenômeno foi registrado nos estados unidos e logo passou a ser registrado também na Europa.
Ocorre que estes movimentos não eram estáticos, por assim dizer, muitas vezes era brusco, desordenado; outras vezes o objeto era violentamente sacudido, derrubado, levado numa direção qualquer e, contrário a todas as leis da estática, levantado do chão e mantido no espaço.
Em março de 1848, no humilde vilarejo de Hydesville, Estado de Nova Iorque, surgiram fenômenos mediúnicos que abalaram a opinião pública da época. Tais fenômenos ocorreram numa tosca cabana, residência da família Fox. Onde ali moravam as meninas Kate e Magie, de 11 e 14 anos, sendo as médiuns que doavam fluidos para possibilitar a comunicação do espírito em epígrafe. Os acontecimentos a partir do primeiro diálogo com o Espírito, em 31 de março de 1848, empolgaram a população do vilarejo, surgindo, em novembro de 1849, as primeiras demonstrações públicas, com as irmãs Fox.
E na Biografia de Alan Kardec, escrita por Marcel Souto Maior, assim retrata o efeito das mesas girantes:
“A mesas giravam, saltavam e corriam em tais condições que não deixavam lugar para qualquer dúvida.”
E complementa: “Entrevi, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo. Havia um fato que necessariamente decorria de uma causa.”
Assim surge o pesquisador, que começa a compilar, através de pesquisas e cartas que passa a receber de todo o mundo fatos que indicasse de forma séria e comprovada a existência dos espíritos.
Evidentemente que para tanto era necessário aplicar um método, fato que já adotava desde a época de estudante, pois procurava respostas para o devido entendimento de todos os fatos.
E foi com fidelidade a princípios sérios para avaliar, questionar e validar as manifestações dos espíritos naquela época que Allan Kardec prosseguiu com seu trabalho e assim procedia:
“Melhor rejeitar dez verdades como sendo mentiras do que aceitar uma única mentira como sendo verdade”. 
E esta era sua linha de conduta.
Em 18 de abril de 1857 foi publicada a primeira edição do Livro dos Espíritos. Com uma saída de 1.500 exemplares esgotando com dois meses após publicação.
Um livro de perguntas e respostas acerca das manifestações dos espíritos, os princípios da Doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura. Mas que de forma contundente, traz Deus no centro do seu conteúdo, que da sua primeira pergunta questiona:
- O que é Deus?
E como resposta recebe: 
"Deus é suprema inteligência, causa primeira de todas as coisas."
E desta forma, um mundo novo, e eterno, se descortinava a cada página.
E homens reconhecidamente sérios e de muito respeito na sociedade local contribuíram para realização desta tarefa, como o renomado Benjamin Franklin, inventor do para-raios, o matemático Emanuel Swendenborg e mais dois médicos contemporâneos, o alemão Samuel Hahnemann, considerado o pai da homeopatia, e o cirurgião francês Guillaume Dupuytren.
Nesta época a mediunidade era tida como doença. Assim afirmou o médico Clever de Maldigny: “É uma epidemia recente vinda da américa. Uma moléstia mental altamente contagiosa, que fazia vítimas na Alemanha, Inglaterra e, agora, na França. O mal atacava principalmente as moças sensitivas, mais sujeitas à ação magnética.” E este diagnóstico foi dado a garota Ermance Dufaux, com 12 anos na época.
E justamente através desta menina, médium, diagnosticada como doente que surge o contato mediúnico de um dos espíritos que iria contribuir muito com os trabalhos que Allan Kardec estava desenvolvendo. Surge a comunicação do espírito “São Luis”, o rei Luis IX.
E o Sr. Dufaux, pai da menina Ermance, questiona o espírito São Luis para provar a veracidade de sua presença, solicitando ditar-lhe algo edificante em moral, no que recebe como resposta:
“Sê tu, amigo, como um rio benfazejo que derrama por onde passa a fertilidade e a frescura, perdoa a teus inimigos como o salvador que, quase ao expirar, orou por seus carrascos, dando assim aos homens seu derradeiro exemplo de bondade (...).”
“Ama teus inferiores na hierarquia social. Não imites os homens tiranos de seus irmãos, nem os que, por seu exemplo, transviam as almas humildes e obscuras que lhe cumpre guiar e proteger neste vale de provações para todos.”
Em julho de 1859 Kardec lança um espécie de cartilha intitulada “O que é o Espiritismo.”
E assim definia:
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, envolve as relações entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que emanam dessas relações.”
Em resumo: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como suas relações com o mundo corporal.”
Daí revela-se o tríplice aspecto da Doutrina Espírita: Ciência, Filosofia e Religião.
Em 18 de marco de 1860 foi lançada a nova versão do Livro dos Espíritos, onde os originalmente lançados 501 diálogos se tornaram 1.018 perguntas e respostas, acompanhadas de comentários e notas explicativas assinadas por Kardec.
Em janeiro de 1861 Kardec lança o Livro dos Médiuns, onde consta o ensino dos espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e obstáculos que se pode encontrar na prática do espiritismo.
E num encontro na cidade de Lyon com os seguidores da no doutrina, Kardec conclama os discípulos a se unirem para enfrentar o sarcasmo, a zombaria e lança o slogan que até então se torna lema do espiritismo: 
“Fora da caridade não há salvação”.
Não posso deixar de retratar que todas estas revelações causaram incomodo, em especial a igreja católica e seus seguidores que passaram a retaliar e inclusive confiscar as publicações das obras lançada por Kardec e um dos marcos destas atitudes ocorre na Espanha quando o então Bispo Antônio Palau y Termens impedem a entrada de 300 exemplares legalmente enviados por Kardec ao seu amigo, escritor Mauricio Lachâtre.
Este fato ficou conhecido como “O auto de fé de Barcelona”, no que se transformou num marco do espiritismo. Nesta ocasião Kardec até insistiu com a liberação dos exemplares, ou até mesmo a devolução, no que não teve sucesso, vindo a ser ateados em fogo, como nos atos deliberados pela igreja que considerava a necessidade da inquisição.
E abril de 1864 surge o então intitulado “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, renomeado três anos depois como “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que através de mensagens reflexivas sobre passagens bíblicas dos evangelhos de São Mateus, São Marcos, São Lucas, traz novos contextos e esclarecimentos sobre a essência da moral cristã e assim mostra o poder do:
“Amai-vos uns aos outros”.
E em setembro de 1865, Kardec anunciou na Revista Espírita o lançamento do Livro O Céu e o Inferno – ou a justiça divina segundo o espiritismo. Onde em seu contexto faz menções sobre a passagem da vida corporal a vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas.
Em janeiro de 1868, começaram a circular na França os exemplares da obra assinada por Allan Kardec, intitulada por “A Gênese – ou os milagres e predições segundo o espiritismo”. A ciência é chamada a constituir a gênese segundo as leis da natureza. Deus prova sua grandeza e seu poder pela imutabilidade de suas leis, e não pela suspensão. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.
O Espiritismo tem por base as verdade fundamentais de todas religiões: 
- Deus;
- A alma;
- A imortalidade;
- As penas e recompensas futuras.
Vem a provar a imortalidade da alma, sua individualidade depois da morte, sua sobrevivência ao corpo.
Tudo isso baseado em princípios morais, compilados em todas as obras codificadas por Allan Kardec, onde nos faz atentar sobre a necessidade:
- Da caridade;
- Do amor a Deus;
- Do amor aos homens;
- O cumprimento das leis; e
- O reconhecimento da sua justiça Divina. 
Da qual, em sã consciência, nenhum ser encarnado ou desencarnado terá como fugir.
Como na Carta de São Paulo, apóstolo dos gentios, “Fora da Caridade não há salvação, sem amor a caridade real não acontece, pois ele remete ao esquecimento de si mesmo em beneficio dos mais necessitados”. O AMOR não é apenas a essência da Doutrina Espírita, é indubitavelmente a essência da VIDA.
E para encerrar deixo o texto seguinte:
Trecho do poema “À Villequier” de Victor Hugo, escrito em 1854:
“Eu digo que o túmulo que sobre os mortos se fecha

Abre o firmamento

E que aquilo que embaixo acreditamos ser o fim

É o começo.”
Fernando Oliveira – 29.09.2016.