domingo, 21 de agosto de 2016

Ação e Reação



Todos nós temos conhecimento da Lei de Newton que diz que “toda força que um corpo recebe é consequente na força que o outro aplicou”, ou seja, para toda interação, na forma de força, que um corpo A aplica sobre um corpo B, dele A irá receber uma força de mesma direção, intensidade e sentido oposto, o que nada mais é que toda ação remete a necessidade de uma reação imediata.
Em se falando da vida, em se falando do homem e em se falando de Deus, como seriam avaliadas e dimensionadas a “Reações” consequentes de “Ações” por cada ser provocadas? Como entender estas situações?
No Livro A Vida Escreve, texto “O Merecimento”, Conta o espírito Hilário Silva, através do médium Chico Xavier, uma situação que envolve o personagem Saturnino Pereira. Pessoa caridosa, amigo de todos no trabalho, sempre servil. Mas o destino o envolve num acidente no local de trabalho que surpreende todos, pois o generoso amigo não merecia;
Neste acidente Saturnino perdeu um polegar, mesmo com todo o braço ferido que ficara bom com o tempo.
Saturnino, espírita, depois do acidente, vai ao centro espírita que frequenta para reunião habitual, quando tem a seguinte informação do orientador espiritual:
“Quando você se preparava para a excursão no berço terrestre, programou experiências no caminho do reajuste, porém formulou uma sentença contra você; Há oitenta anos, era você poderoso sitiante  no litoral brasileiro e, certo dia, porque pobre empregado enfermo não lhe pudesse obedecer às determinações, obrigou-o a triturar o braço direito no engenho rústico”.
Por muito tempo, no plano espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas você, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Vem trabalhando, se esmerando no dever, lutando. E o plantio disso só pode ser avaliado em definitivo por ocasião da colheita. Sei, porém que hoje, por débito legítimo, alijaria todo o braço, mas perdeu só um dedo... Regozije-se meu amigo!
Veja como é serio o Juiz, chamado consciência. Saturnino não se perdoou, não aceitou o fato de ter sido mal para com seu próximo e pediu a expiação similar ao ato cometido, visto que pediu à misericórdia Divina a oportunidade de saldar em vida seguinte as dívidas de atitudes impensadas no mesmo padrão do ato cometido. Evidentemente que ficamos questionando tais atos...
E diante deste fato, até para que pensemos de forma maior, trago a seguinte descrição bíblica:
“Em Romanos 2 temos: Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Mas pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo sua obra.”
Não estamos isentos do jugo de Deus, mas muito antes do jugo do Pai temos o jugo de nossa própria consciência que irá nos acusar e muito dos erros cometidos.
E assim sendo Kardec nos traz orientações preciosas no Livro Céu e o Inferno, a seguir:
Capítulo XII – Código Penal da Vida Futura...
A felicidade é inerente à perfeição; O bem e o mal que fazemos resultam das qualidades que possuímos;
Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha consequências fatais, como não há única ação meritória, um só bom impulso da alma que se perca, mesmo para os mais perversos;
Visto que tais ações constituem um começo de progresso; Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga: se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes;
Isto comprova o olhar de Deus sobre todos nós, encarnados e desencarnados, mas muito mais que um olhar de um Pai justo, percebemos a sua compaixão.
E para enriquecer nossas reflexões sobre o assunto, trago outro relato:
No Livro Ação e Reação do Escritor Espiritual André Luiz – Médium Chico Xavier, temos a história do paciente “Antônio Olímpio”, diz que por conta da ambição e na intenção de tomar posse de toda herança da família, elabora um plano criminoso para acabar com a vida de seus dois irmãos, Clarindo e Leonel. Convida-os para um passeio de barco, no lago do sítio da família, oferece-lhes um licor, já adicionado a um entorpecente, e dado momento quando percebeu a embriaguez de seus irmãos, fez o barco tombar, deixando-os morrer afogados. Saiu do lago e simulou aos gritos o acidente, herdando assim toda fortuna da família, passando a ser propriedade sua, de seu filho e mulher, que nada sabiam;
Ironia ou não do destino, que sabemos não há acaso, depois de anos passados, sua mulher foi acometida de grave doença, vindo a ficar louca e no mesmo lago do sinistro narrado afoga-se; A tristeza toma conta dele e com o remorso a acusá-lo sem esquecer o crime cometido, perde as forças e veio a desencarnar. Para sua surpresa, ao cerrar os olhos, seus irmãos que supunha mortos, surgem como vingadores, atirando-lhe o crime na cara, flagelando-o sem compaixão, conduzindo-o a tenebrosa turba, que permaneceu por muito tempo. Na sua consciência, em espírito, a culpa manteve-se, mesmo após o socorro para o hospital espiritual, onde afirmava: “Ai de mim... Estou preso a terrível embarcação...Quem me fará dormir ou morrer?"
Esta ultima frase do espírito Antônio Olímpio demonstra como é severa a nossa consciência. O peso da culpa nos persegue quando nossos erros nos acusam incessantemente.
E diante deste contexto, ficamos nos questionando: Como pode um irmão, por ambição, egoísmo, acabar com a vida de seus dois irmãos?! Que coisa horrível! Diríamos.
Não podemos deixar de considerar que como nós, Antônio Olímpio era um espírito encarnado revestido pelas mazelas que a matéria nos impõe como, por exemplo, o desejo exacerbado pelo poder, algo que nos cega e não nos permite perceber com clareza nossos erros, como neste caso.
E claro Kardec nos faz refletir trazendo no Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, o seguinte:
Capítulo XVIII, item 16, temos: Procurai os verdadeiros cristãos e vós os reconhecereis por suas obras. “Uma arvore boa não pode produzir maus frutos, nem uma arvore má produzir bons frutos”. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pois há muitos chamados e poucos escolhidos.
Este texto remete a Parábola da Figueira seca, que tão bem conhecemos, mas muito mais que uma figueira, Jesus claramente se referia a nós que secamos nossos corações quando o encolerizamos com sentimentos que nos fazem muito mal como ódio, rancor, inveja, ambição. Precisamos aprender a equilibrar nossos sentimentos e desta forma nos aproximar da condição divina que Deus nos criou em espírito, visando a felicidade futura.
E mais uma vez no Livro o Céu e o Inferno, trago:
1 – O sofrimento é inerente à imperfeição;
2 – Toda imperfeição, assim como toda falta que dela resulta, traz consigo o próprio castigo em suas consequências naturais e inevitáveis. Assim a doença decorre dos excessos e o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo;
3 – Como todo homem pode libertar-se das imperfeições, desde que o queira, pode igualmente anular os males consequentes e assegurar a sua felicidade futura.
Toda esta reflexão é muito importante visando o nosso equilíbrio, sem deixar de levar em consideração que devemos nos melhorar é nessa existência, haja vista que devemos nos assenhorar de tudo que somo capazes de fazer e reconhecer nossas fraquezas. Uma vez tomando conhecimento de tudo que somos capazes podemos, desta forma, evitar tomadas de decisões que podem comprometer toda uma vida onde para ela traçamos planos de felicidade e esta é a meta que devemos perseguir.
E para encerrar trago duas mensagens que nos fará buscar a plena paz:
“Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis que vos façam.”
“A cada um segundo as suas obras, No Céu como na terra: Tal é a Lei da Justiça Divina.” 

Fernando Oliveira.


domingo, 17 de abril de 2016

Mediunidade


Fui convidado por uma casa amiga para palestrar sobre este tema: Mediunidade.
Temos nesta existência uma oportunidade de renovação e sublimação, e que o conhecimento e uso adequado da mediunidade oferecer-nos-á oportunidade de redenção e sublimação.

Evidentemente, que para tanto não posso deixar de me abastecer da literatura espírita, rica em conteúdo sobre este assunto. Começo com o nobre codificador, Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, que nos esclarece: 159. Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por isso mesmo, é médium. Ainda acrescenta: Esta faculdade é inerente ao homem e, por consequência, não é privilégio exclusivo; também são poucos nos quais não se encontrem alguns rudimentos dela. 
Pode-se, pois, dizer que de alguma forma a grande maioria das pessoas é, mais ou menos, médium.

Parece muito contundente a afirmação de Kardec deixando claro que todo mundo seja, mais ou menos médium. Mas esta afirmativa, se observarmos alguns indicativos, podemos entender os motivos que o levam a assumir este conceito. 
Quem já não teve um pressentimento? Quem nunca viu alguém que teve a impressão de já conhecer? E mais, não viveu situações que pensou já ter vivido em outro momento. Na linguagem popular estes fatos já foram classificados com Déjà Vu, mas à luz do espiritismo estes são rudimentos de mediunidade, que podem estar relacionados ao que conhecemos como intuição ou lembranças de seres ou fatos que realmente já foram traçados para vivenciar, na vida presente ou rudimentos de vidas passadas, traço das vidas sucessivas, necessárias para nosso amadurecimento e importantíssimas para a evolução intelecto-moral.

José Herculano Pires, no Livro Mediunidade, a define da seguinte forma: “Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos. Não é um poder oculto que se possa desenvolver através de práticas rituais ou pelo poder misterioso de um iniciado ou de um guru. A mediunidade pertence ao campo da comunicação. Desenvolve-se  naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos afeta com as suas vibrações psíquicas e afetivas.”

Neste conceito vale destacar o alerta do escritor quando se preocupa com o fato da mediunidade ser utilizada de forma inadequada, quando diz: “Não é um poder oculto que se possa desenvolver através de práticas rituais ou pelo poder misterioso de um iniciado ou de um guru.”

Mediunidade é coisa séria, um dom concedido por Deus para que os revestidos por essa oportunidade devem honrar o compromisso assumido de contribuir com a evolução da humanidade e ajudar irmãos encarnados e desencarnados, dando amparo, compaixão, orientação e amor.
Edgard Armond, no livro Mediunidade, afirma que a mediunidade pode ser NATURAL ou de PROVA, onde explica: "À medida que se evolui e se moraliza, o indivíduo adquire faculdades psiquicas e aumenta, consequentemente, sua percepção espiritual. A isso denominamos MEDIUNIDADE NATURAL. A muitos, entretanto, ainda que atrasados em sua evolução e moralmente incapazes, são concedidas faculdades psíquicas como graça. Não as conquistaram, mas receberam-nas de empréstimo, por antecipação, numa posse precária, que fica dependendo do modo como forem utilizadas, da forma pela qual o indivíduo cumprir a tarefa cujo compromisso assumiu, nos planos espirituais, ao recebê-la. A isso denominamos MEDIUNIDADE DE PROVA".

A Mediunidade pode se manifestar de várias formas. Kardec classifica as diversas formas sensoriais, apresentadas pelos médiuns, a saber:

Médiuns de efeitos físicos, Médiuns sensitivos, Médiuns audientes, Médiuns falantes, Médiuns videntes, Médiuns sonâmbulos, Médiuns curadores e Médiuns pneumatógrafos.

Os médiuns de efeitos físicos são mais especialmente aptos a produzirem fenômenos materiais, tais como movimentos dos corpos inertes, os ruídos, etc.

Os médiuns sensitivos são pessoas suscetíveis de sentirem a presença dos espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de roçadura sobre todos os membros, da qual não podem se dar conta. Nesta classificação de médiuns sensitivos Kardec chega define também como impressionáveis e assim destaca: todos os médiuns são necessariamente impressionáveis e a impressionabilidade, assim, é antes uma qualidade geral do que especial, é a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras.

Os médiuns audientes são os que ouvem a voz dos espíritos. E destaca: como dissemos, falando da pneumatofonia, algumas vezes é uma voz íntima que se faz ouvir no foro interior; de outras vezes é uma voz exterior, clara e distinta como a de uma pessoa viva.

Médiuns falantes são os que os espíritos atuam sobre os órgãos da palavra, como atua sobre a mão dos médiuns escreventes. O espírito, querendo se comunicar, serve-se do órgão no encontra mais flexibilidade no médium. Destaca que a passividade de um médium falante não é sempre bastante completa; há os que a intuição do que dizem no próprio momento em que pronunciam as palavras.

Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os espíritos. Há os que gozam dessa faculdade no estado normal, quando estão perfeitamente despertos, e dela conservam uma lembrança exata; outros não têm senão no estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo. O codificador nos alivia informando que esta faculdade raramente é permanente e é, quase sempre, o efeito de uma crise momentânea e passageira.

Quanto aos médiuns sonambúlicos, afirma que o sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade medianímica, ou melhor dizendo, são duas ordens de fenômenos que, com muita frequência, se encontram reunidas. O sonâmbulo atua sob a influência de seu próprio espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe fora dos limites dos sentidos; o que ele exprime, haure em si mesmo; suas ideias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais extensos, porque sua alma é livre.

Sobre médiuns curadores, Kardec alerta ser um tema que exige maior aprofundamento no assunto, mas explica que esse gênero de mediunidade consiste principalmente no dom que certas pessoas têm de curar pelo simples toque, pelo olhar, por um gesto mesmo, sem o socorro de nenhuma medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso não é outra coisa do que o magnetismo.

Aos médiuns pneumatógrafos, dá-se esse nome aos que são aptos a obterem a escrita direta, o que não é dado a todos os médiuns escreventes. Esta faculdade, afirma Kardec, até o presente é muito rara; se desenvolve provavelmente pelo exercício.

Entre tantas faculdades mediúnicas, temos também que destacar, que na via do seu desenvolvimento e de sua demonstração, a mediunidade pode ser mecânica, intuitiva, semi-mecânica, inspirada ou involuntária e de pressentimento, que podem se apresentar através da psicografia ou psicofonia.

A mediunidade mecânica ocorre quando o médium não tem a menor consciência do que escreve ou comunica; a inconsciência absoluta, neste caso constitui o que se chamam os médiuns passivos ou mecânicos.

A mediunidade intuitiva ocorre através do pensamento. O espírito neste caso não atua sobre a mão para fazê-la escrever, não a toma, não a guia; ele age sobre a alma, com a qual se identifica. Nesta circunstância, o papel da alma não é absolutamente passivo, pois é ela que recebe o pensamento do espírito e que o transmite. Nesta situação, o médium tem a consciência daquilo que escreve, embora não seja seu próprio pensamento.

O Médium semi-mecânico participa dos gêneros de mediunidade mecânica e intuitiva; sente uma impulsão dada à sua mão, malgrado seu, mas, ao mesmo tempo, tem a consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam.

Toda pessoa que recebe, seja no estado normal, seja no estado de êxtase, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas ideias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados, que é uma variedade da mediunidade intuitiva.

Quanto à mediunidade de pressentimento, destaca que é uma intuição vaga das coisas futuras. Certas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida; podem devê-la a uma espécie de segunda vista que lhes permite entreverem as consequências das coisas presentes e a filiação dos acontecimentos.

Hermínio C. Miranda, nos alerta no livro Diálogo com as Sombras que a mediunidade, longe de ser a marca da nossa grandeza espiritual, é, ao contrário, o indício de renitentes imperfeições. Representa, por certo, uma faculdade, uma capacidade concedida pelos poderes que nos assistem, mas não no sentido humano, como se o médium fosse colocado à parte e acima dos vis mortais, como seres de eleição. É, antes, um ônus, um risco, um instrumento com o qual o médium pode trabalhar, semear e plantar, para colher mais tarde, ou ferir mais uma vez, com a má utilização dos talentos sobre os quais nos falam os evangelhos. O médium foi realmente distinguido com o recurso da mediunidade, para produzir mais, para apressar ou abreviar o resgate de suas faltas passadas. Não se trata de um ser aureolado pelo dom divino, mas depositário deste dom, que lhe é concedido em confiança, para uso adequado. Enfim: o médium utiliza-se de uma aptidão que não faz dele um privilegiado, no sentido de colocá-lo, na escala dos valores, acima dos seus companheiros desprovidos dessas faculdades.

Ainda no Livro dos Médiuns, Capítulo XVII, item 220, Kardec traz um alerta quando questiona aos espíritos: Qual a causa do abandono do médium pelos espíritos? Onde os espíritos respondem: “O uso que ele faz da sua faculdade é o que mais influi sobre os bons espíritos. Podemos abandoná-lo quando dela se serve para coisas frívolas ou com objetivos ambiciosos; quando se recusa a transmitir nossa palavra ou nossos fatos aos encarnados que os pedem ou que têm necessidade de ver para se convencerem. Esse dom de Deus não é dado ao médium para que se divirta, e ainda menos para servir à sua ambição, mas para seu próprio melhoramento e para fazer conhecer a verdade aos homens. Se o espírito vê que o médium não responde mais aos seus objetivos e não aproveita as instruções e as advertências que lhe dá, se retira para procurar um protegido mais digno.”

Todavia, sabemos que a perfeição não é inerente ao homem, em especialmente nós que habitamos no planeta terra, classificado pelos espíritos como orbe em processo de “expiação e prova”. Mas não podemos deixar de relatar que a busca contínua pela perfeição através do esforço e aprimoramento das virtudes garantiremos a aproximação dos bons espíritos, bem como ações que nos proporcionem o bem e a felicidade tão necessários para harmonia e bem-estar.

Deste fato, no Capítulo XX do Livro dos Médiuns, Kardec mais uma vez questiona aos espíritos: Qual seria o médium que poderia chamar de perfeito? No que recebe a seguinte resposta: “Perfeito, ah! Bem sabeis que a perfeição não está sobre a Terra, de outro modo que não estaríeis nela; dizei, pois, bom médium, e isso já é muito, porque são muito raros. O médium perfeito seria aquele ao qual os maus espíritos não tivessem jamais ousado fazer uma tentativa para enganá-lo; o melhor é aquele que, não simpatizando senão com os bons espíritos, foi enganado o menos frequentemente.”

E segue no item 227 afirmando: Se o médium, do ponto de vista da execução, não é senão um instrumento exerce sob o aspecto moral uma influência muito grande. Uma vez que, para se comunicar, o Espírito estanho se identifica com o espírito do médium, essa identificação não pode ocorrer senão quando há sobre o espírito estranho uma espécie de atração ou de repulsão, segundo o grau de sua semelhança ou dessemelhança; ora, os bons tem afinidade com os bons, e os maus com os maus; de onde se segue que as qualidades morais do médium têm uma influência capital sobre a natureza dos espíritos que se comunicam por seu intermédio.

Orienta a conselheira espiritual Joanna de Ângelis, no Livro Momentos de Consciência:


A existência humana é um constante desafio.

Todo desafio propõe esforço para a luta.

Quando o ser recua num tentame, eis que perde a oportunidade de afirmar os seus valores, a prejuízo do crescimento pessoal.

Cabe-lhe, portanto, logicar para agir, medir as possibilidades e produzir, trabalhando pelo aprimoramento interior, que responde pela harmonia psicofísica do seu processo evolutivo.

Desse modo, a superação dos conflitos se dará mediante o esforço ingente oferecido pelo ser em evolução que se deixe plenificar.


Das muitas orientações dos amigos espirituais, desde a codificação de Allan Kardec, a livros complementares como os de Léon Denis, Emannuel, Joanna de Ângelis, J. Herculano Pires, Hermínio C. Miranda e Edgard Armond, destaco a grande necessidade da “Reforma Intima” como parceira para facilitar a aproximação deles, os espíritos amigos, e essencialmente do nosso anjo da guarda, para nos ajudar a cumprir a missão que assumimos perante Deus e velar por nós. No processo de reforma íntima, já aprendemos que fazendo as escolhas pelo bem, sendo humilde, perdoando, amando, fazendo caridade, criamos alicerces para a felicidade neste processo de transformação e aprendizado, e desta forma, poderemos ser aureolados com a proteção destes entes do amor e da bondade.

Para encerrar destaco Léon Denis, no Ultimo capítulo do Livro no Invisível, o seguinte ensinamento:

“Um imenso trabalho em tal sentido se realiza atualmente; uma obra considerável se elabora. O estudo aprofundado e constante do mundo invisível, que o é também das causas, será o grande manancial, o reservatório inesgotável em que se há de alimentar o pensamento e a vida. A mediunidade é a sua chave. Por esse estudo chegará o homem à verdadeira ciência e à verdadeira crença que não excluem mutuamente, mas que se unem para fecundar-se; por ele também uma comunhão mais íntima se estabelecerá entre vivos e os mortos, e socorros mais abundantes fluirão dos Espaços até nós. O homem de amanhã saberá compreender e abençoar a vida; cessará de recear a morte. Há de, por seus esforços, realizar na Terra o Reino de Deus, isto é, de PAZ e de JUSTIÇA, e chegado ao termo da viagem, sua derradeira noite será luminosa e calma como o ocaso das constelações à hora em que os primeiros albores matinais se espraiam no horizonte.”


Que a graça de DEUS, nosso pai, nos conceda a condição de médiuns servis e prontos para o serviço redivivo, tendo como ferramenta de trabalho o amor incondicional, em nos aproximando deles, traduzindo suas mensagens, dos irmãos da esfera imaterial, do além vida.


“LUZ DA CARIDADE A NOS GUIAR A PLENITUDE DA VIDA QUE NÃO CESSA APENAS COM O CERRAR DOS OLHOS DA MATÉRIA E CONTINUA COM A REVELAÇÃO DE QUE SOMOS ESPÍRITOS ETERNOS, TRANSITORIAMENTE REVESTIDOS POR UMA VESTIMENTA QUE NOS SERVE COMO INSTRUMENTO PARA O APRENDIZADO E PARA O APRIMORAMENTO NO CAMINHO PARA DA FELICIDADE SUPREMA.”


Fernando Oliveira – 17.04.2016.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Fora da Caridade não há Salvação


Normalmente quando chegamos no final de cada ano, temos o hábito de, além dos demais meses do ano, pensar um pouco mais no próximo e com isso decidimos fazer o chamamos de caridade. Todavia, esquecemos que o ato de doar ou fazer algo pelo próximo deve ser contínuo.

Desta forma, para não esquecermos destes valores, tomo a liberdade de replicar o que temos no Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo e na própria Bíblia, que a meu ver é suficiente para avaliarmos se estamos no caminho certo:


O MAIOR MANDAMENTO:
Os fariseus, tendo sabido que JESUS  tapara a boca dos saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: – “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” – Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (S. MATEUS, 22:34 a 40.)
Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas.(S. MATEUS, 7:12.)
Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.(S. LUCAS, 6:31.) 
NECESSIDADE DA CARIDADE, SEGUNDO S. PAULO
Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; – ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. – E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade (S. PAULO, 1ª Epístola aos Coríntios)
FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo.
Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as consequências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação.
Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. – Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.)
OS OBREIROS DO SENHOR
Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!”
Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Clamarão: “Graça! graça!” O Senhor, porém, lhes dirá: “Como implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos e que vos negastes a estender-lhes as mãos, que esmagastes o fraco, em vez de o amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal qual a quisestes. Nada mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são para os que não tenham buscado as recompensas da Terra.”
Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1862.)

Fica a pergunta final: Estamos sendo caridosos da forma correta de um bom Cristão?
Paz e Luz para todos!

Fernando Oliveira - 05/12/2015.

sábado, 14 de dezembro de 2013

A cada um é dado conforme suas obras

Jesus no Sermão da Montanha nos trouxe as Bem-Aventuranças, indicando-nos várias formas para aproximarmos de Deus.
Disse-nos que com a pobreza de coração herdaríamos o Reino dos Céus; que se chorarmos seremos consolados; que a mansuetude nos dará a Terra; que a fome e sede de justiça nos saciará; que para receber misericórdia teremos que ser misericordiosos; que sendo pacíficos seremos chamados filhos de Deus; e que a pureza de coração nos permitirá ver a Deus. (Mt. 5:6-10)
A vida em sociedade nos expõe a dilemas e conflitos cotidianos que nos compelem a tomar decisões, muitas vezes irrefletidas. Quando não avaliamos as nossas atitudes e pensamos exclusivamente em satisfazer o nosso ego, nossos desejos materiais e vontades, chegamos a cegar nossas vistas e obcecados pelo desejo de querer e ter, agredimos, ferimos, machucamos alguém, deixando sequelas muito grandes no coração do outro, mesmo assim, satisfeitos por conquistar algo mesmo que para tanto tivéssemos passado por cima de alguém.  Nas ruas, estamos sempre apressados e não olhamos do lado. Não temos tempo para observar o movimento das pessoas, se alguém estendeu a mão para um pedido para matar a fome. Desperdiçar energia com os miseráveis é perda de tempo! Alguns dizem! Se um dos princípios da lei divina é conviver em harmonia com o próximo e aprender a conviver com nossas limitações, esquecemos então das orientações do Mestre Jesus, conforme elencadas nas Bem-Aventuranças.
Em Romanos 2, temos algumas indicações do comportamento humano, mas lembrando nada que fazemos passa despercebido por Deus que é Justo e soberanamente bom. Diz assim: Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu que julgas, fazes as mesmas coisas que eles. Mais adiante traz: Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Mas pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo sua obra.
No Livro dos Espíritos, Livro II questão 919, pergunta Kardec: Qual é o meio prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida, e resistir aos arrastamentos do mal?
Responde Santo Agostinho: Já dizia um sábio, conhece-te a ti mesmo. “Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa, se a censurais em outrem, ela não poderia ser mais legítima em vós, porque Deus não tem duas medidas para a Justiça”
No Livro o Céu e o Inferno, Capítulo VII – As penas Futuras Segundo o Espiritismo, Código Penal da Vida Futura, temos: A felicidade é inerente à perfeição; O bem e o mal que fazemos resultam das qualidades que possuímos; Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha consequências fatais, como não há única ação meritória, um só bom impulso da alma que se perca, mesmo para os mais perversos, visto que tais ações constituem um começo de progresso; Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga: se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes; O espírito sofre, quer no mundo corpóreo, quer no mundo dos espíritos; A duração do castigo está subordinada a melhoria do espírito culpado;
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XVIII, item 16, temos o texto Reconhece-se o Cristão pelas suas obras, que diz:
Basta trajar a libré do Senhor para ser fiel servidor? Basta dizer: “Eu sou Cristão”, para seguir Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e vós os reconhecereis por suas obras. “Uma arvore boa não pose produzir maus frutos, nem uma arvore má produzir bons frutos”. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pois há muitos chamados e poucos escolhidos.
Na explicação deste texto o Espírito Simeão (Bordéus, 1863) nos diz que os frutos da árvore de vida são os frutos de vida, de esperança e de fé.
Paulo de Tarso na 1ª Epístola aos Coríntios nos traz o seguinte: Ainda quando eu falasse a língua dos homens, e mesmo a língua dos anjos, se não tivesse caridade não seria senão como um bronze sonante, e um címbalo retumbante; e quando eu tivesse o dom de profecia, penetrasse todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; quando tivesse toda fé possível, até transportar as montanhas, se não tivesse a caridade eu nada seria. E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres, e tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso não me serviria de nada.
A caridade é paciente; é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, permanecem; mas, entre elas, a mais excelente é a caridade.
Em outra passagem bíblica, Os fariseus, tentando testar Jesus perguntaram-lhe sobre qual o maior mandamento da lei, e Jesus lhes respondeu: Amareis o Senhor nosso Deus de todo o vosso coração, de toda vossa alma e de todo o vosso espírito, que é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: Amareis vosso próximo como a vós mesmos. Toda lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos. (Mt. 22: 34-40)
Mas também diz que não entraremos no Reino dos Céus se não através dele. Lembrando-nos dos seus ensinamentos e da necessidade de segui-los.
Na Revista Espírita do ano de 1867 – Mês de Setembro, sobre O Caráter da revelação Espírita, item 23 tem a seguinte explicação:
A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo, de Moisés; o Deus cruel e implacável, que rega a terra com o sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem excetuar as mulheres, as crianças e os velhos, e que castiga aqueles que poupam as vítimas; já não é o Deus injusto, que pune um povo inteiro pela falta do seu chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere os filhos pelas faltas dos pais; mas, um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras. Já não é o Deus de um único povo privilegiado, o Deus dos exércitos, presidindo aos combates para sustentar a sua própria causa contra o Deus dos outros povos; mas, o Pai comum do gênero humano, que estende a sua proteção por sobre todos os seus filhos e os chama todos a si; já não é o Deus que recompensa e pune só pelos bens da Terra, que faz consistir a glória e a felicidade na escravidão dos povos rivais e na multiplicidade da progenitura, mas, sim, um Deus que diz aos homens: “A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celestial, lá onde os humildes de coração serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.” Já não é o Deus que faz da vingança uma virtude e ordena se retribua olho por olho, dente por dente; mas, o Deus de misericórdia, que diz: “Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.” Já não é o Deus mesquinho e meticuloso, que impõe, sob as mais rigorosas penas, o modo como quer ser adorado, que se ofende pela inobservância de uma fórmula; mas, o Deus grande, que vê o pensamento e que não se honra com a forma. Enfim, já não é o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.
 
Para encerrar, trago novamente o Livro o Céu e o Inferno, com o seguinte:
 
Apesar da diversidade de gêneros e graus de sofrimento dos Espíritos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:
1 – O sofrimento é inerente à imperfeição;
2 – Toda imperfeição, assim como toda falta que dela resulta, traz consigo o próprio castigo em suas consequências naturais e inevitáveis. Assim a doença decorre dos excessos e o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo;
 
3 – Como todo homem pode libertar-se das imperfeições, desde que o queira, pode igualmente anular os males consequentes e assegurar a sua felicidade futura.
A cada um segundo as suas obras, No Céu como na terra: Tal é a Lei da Justiça Divina.
 
Fernando Oliveira