Jesus no Sermão da Montanha nos trouxe as Bem-Aventuranças,
indicando-nos várias formas para aproximarmos de Deus.
Disse-nos que com a pobreza de coração herdaríamos o Reino
dos Céus; que se chorarmos seremos consolados; que a mansuetude nos dará a
Terra; que a fome e sede de justiça nos saciará; que para receber misericórdia teremos
que ser misericordiosos; que sendo pacíficos seremos chamados filhos de Deus;
e que a pureza de coração nos permitirá ver a Deus. (Mt. 5:6-10)
A vida em sociedade nos expõe a dilemas e conflitos
cotidianos que nos compelem a tomar decisões, muitas vezes irrefletidas. Quando
não avaliamos as nossas atitudes e pensamos exclusivamente em satisfazer o
nosso ego, nossos desejos materiais e vontades, chegamos a cegar nossas vistas
e obcecados pelo desejo de querer e ter, agredimos, ferimos, machucamos alguém,
deixando sequelas muito grandes no coração do outro, mesmo assim, satisfeitos
por conquistar algo mesmo que para tanto tivéssemos passado por cima de
alguém. Nas ruas, estamos sempre
apressados e não olhamos do lado. Não temos tempo para observar o movimento das
pessoas, se alguém estendeu a mão para um pedido para matar a fome. Desperdiçar
energia com os miseráveis é perda de tempo! Alguns dizem! Se um dos princípios
da lei divina é conviver em harmonia com o próximo e aprender a conviver com
nossas limitações, esquecemos então das orientações do Mestre Jesus, conforme
elencadas nas Bem-Aventuranças.
Em Romanos 2, temos algumas indicações do comportamento
humano, mas lembrando nada que fazemos passa despercebido por Deus que é Justo
e soberanamente bom. Diz assim: Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te
condenas; pois tu que julgas, fazes as mesmas coisas que eles. Mais adiante traz:
Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também,
pensas que escaparás ao juízo de Deus? Mas pela tua obstinação e coração
impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação
do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo sua obra.
No Livro dos Espíritos, Livro II questão 919, pergunta
Kardec: Qual é o meio prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida, e
resistir aos arrastamentos do mal?
Responde Santo Agostinho: Já dizia um sábio, conhece-te a ti
mesmo. “Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações,
perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa, se a
censurais em outrem, ela não poderia ser mais legítima em vós, porque Deus não
tem duas medidas para a Justiça”
No Livro o Céu e o Inferno, Capítulo VII – As penas Futuras
Segundo o Espiritismo, Código Penal da Vida Futura, temos: A felicidade é
inerente à perfeição; O bem e o mal que fazemos resultam das qualidades que
possuímos; Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente
considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha
consequências fatais, como não há única ação meritória, um só bom impulso da
alma que se perca, mesmo para os mais perversos, visto que tais ações
constituem um começo de progresso; Toda falta cometida, todo mal realizado é
uma dívida contraída que deverá ser paga: se não for em uma existência, sê-lo-á
na seguinte ou seguintes; O espírito sofre, quer no mundo corpóreo, quer no
mundo dos espíritos; A duração do castigo está subordinada a melhoria do
espírito culpado;
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XVIII, item 16,
temos o texto Reconhece-se o Cristão pelas suas obras, que diz:
Basta trajar a libré do Senhor para ser fiel servidor? Basta
dizer: “Eu sou Cristão”, para seguir Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e
vós os reconhecereis por suas obras. “Uma arvore boa não pose produzir maus
frutos, nem uma arvore má produzir bons frutos”. Toda árvore que não produz
bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Pois há muitos chamados e poucos
escolhidos.
Na explicação deste texto o Espírito Simeão (Bordéus, 1863)
nos diz que os frutos da árvore de vida são os frutos de vida, de esperança e
de fé.
Paulo de Tarso na 1ª Epístola aos Coríntios nos traz o
seguinte: Ainda quando eu falasse a língua dos homens, e mesmo a língua dos
anjos, se não tivesse caridade não seria senão como um bronze sonante, e um
címbalo retumbante; e quando eu tivesse o dom de profecia, penetrasse todos os
mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; quando tivesse
toda fé possível, até transportar as montanhas, se não tivesse a caridade eu
nada seria. E quando tivesse distribuído meus bens para alimentar os pobres, e
tivesse entregue meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo
isso não me serviria de nada.
A caridade é paciente; é doce e benfazeja; a caridade não é
invejosa; não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é
desdenhosa; não procura seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita
com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija
com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade,
permanecem; mas, entre elas, a mais excelente é a caridade.
Em outra passagem bíblica, Os fariseus, tentando testar Jesus
perguntaram-lhe sobre qual o maior mandamento da lei, e Jesus lhes respondeu:
Amareis o Senhor nosso Deus de todo o vosso coração, de toda vossa alma e de
todo o vosso espírito, que é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo,
que é semelhante àquele: Amareis vosso próximo como a vós mesmos. Toda lei e os
profetas estão contidos nesses dois mandamentos. (Mt. 22: 34-40)
Mas também diz que não entraremos no Reino dos Céus se não
através dele. Lembrando-nos dos seus ensinamentos e da necessidade de
segui-los.
Na Revista Espírita do ano de 1867 – Mês de Setembro, sobre O
Caráter da revelação Espírita, item 23 tem a seguinte explicação:
A parte mais importante da revelação do Cristo, no
sentido de fonte primária, de pedra angular de toda a sua doutrina é o ponto de
vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta já não é o Deus
terrível, ciumento, vingativo, de Moisés; o Deus cruel e implacável, que rega a
terra com o sangue humano, que ordena o massacre e o extermínio dos povos, sem
excetuar as mulheres, as crianças e os velhos, e que castiga aqueles que poupam
as vítimas; já não é o Deus injusto, que pune um povo inteiro pela falta do seu
chefe, que se vinga do culpado na pessoa do inocente, que fere os filhos pelas
faltas dos pais; mas, um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de
mansidão e misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um segundo as
suas obras. Já não é o Deus de um único povo
privilegiado, o Deus dos exércitos, presidindo aos combates para sustentar a sua própria causa
contra o Deus dos outros povos; mas, o Pai comum do gênero humano, que estende
a sua proteção por sobre todos os seus filhos e os chama todos a si; já não é o
Deus que recompensa e pune só pelos bens da Terra, que faz consistir a glória e
a felicidade na escravidão dos povos rivais e na multiplicidade da progenitura,
mas, sim, um Deus que diz aos homens: “A vossa verdadeira pátria não é neste
mundo, mas no reino celestial, lá onde os humildes de coração serão elevados e
os orgulhosos serão humilhados.” Já não é o Deus que faz da vingança uma
virtude e ordena se retribua olho por olho, dente por dente; mas, o Deus de
misericórdia, que diz: “Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o
bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.” Já não é o Deus
mesquinho e meticuloso, que impõe, sob as mais rigorosas penas, o modo como
quer ser adorado, que se ofende pela inobservância de uma fórmula; mas, o Deus
grande, que vê o pensamento e que não se honra com a forma. Enfim, já não é o
Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.
Para encerrar, trago novamente o Livro o Céu e o Inferno, com
o seguinte:
Apesar da diversidade de gêneros e graus de sofrimento dos
Espíritos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três
princípios:
1 – O sofrimento é inerente à imperfeição;
2 – Toda imperfeição, assim como toda falta que dela resulta,
traz consigo o próprio castigo em suas consequências naturais e inevitáveis.
Assim a doença decorre dos excessos e o tédio da ociosidade, sem que haja
necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo;
3 – Como todo homem pode libertar-se das imperfeições, desde
que o queira, pode igualmente anular os males consequentes e assegurar a sua
felicidade futura.
A cada um segundo as suas obras, No Céu como na terra: Tal é
a Lei da Justiça Divina.
Fernando
Oliveira