quarta-feira, 2 de outubro de 2019

KARDEC NA MAIS PURA ESSÊNCIA – Livro Viagem espírita em 1862


Queridos irmãos, abaixo tomo a liberdade de fazer uma crônica sobre o Livro Viagem espírita em 1862, tradução de Evandro Noleto Bezerra, publicado pela FEB. Peço desculpas ao tradutor, à editora e aos queridos leitores se aqui provocar algum excesso, mas usando do princípio da liberdade de expressão, apenas pretendo expor minhas impressões, com total humildade, contando com vossa compaixão e compreensão, mas na expectativa de receber vosso acolhimento fraternal. Segue:

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Estudando esta obra, Viagem Espírita em 1862, encontrei um Kardec com na sua mais pura essência.
Vi um Kardec preocupado. Um Kardec cuidadoso. Um Kardec sensível. Vi o senhor Hypollite Léon Denizard Rivail criterioso.
Vejo um homem que dedicou sua vida a cuidar das pessoas. Um Kardec preocupado com as pessoas, mas acima de tudo se preocupando com o futuro da humanidade, com o futuro do espiritismo. Um homem que queria um espiritismo limpo, desde sua concepção. Um espiritismo que não sofresse mudanças nos seus postulados, um espiritismo correto, diante da responsabilidade que lhe foi incumbida por Deus e Jesus, vislumbrando um horizonte que alcançasse os homens, mesmo compreendendo as limitações da humanidade, evidentemente.
Vejo um Kardec que queria estar perto das pessoas, indo sem medir esforços para os lugares mais distantes da França, sobrepondo suas necessidades intimas, desejando que o espiritismo fosse um patrimônio de todos, não apenas do seu pais natal pois sabia que o espiritismo não estava legado a apenas um país. O espiritismo é uma dádiva para a humanidade. Ele previu o futuro. Enxergou além do seu tempo. Viu além das suas cercanias.
Entendeu que o espiritismo era o divisor de águas para todas as concepções religiosas, porque compreendeu que o espiritismo poderia sim trazer, dar as respostas para tudo que a humanidade não encontrava em outras doutrinas ou filosofias religiosas. Principalmente porque, devido sua natureza criteriosa, aspecto que definia sua personalidade, sua formação acadêmica, compreendeu que a humanidade precisava de respostas. E desta forma percebeu que esta Doutrina, a Doutrina Espírita, tornava-se então o Consolador Prometido, o Consolador prometido por Jesus, dando-nos a certeza de um futuro, deixando-nos confortados. Mas como compreender este futuro? Acredito que Kardec pensou: será que nós, a humanidade, por desconhecimento poderíamos desvirtuar aos princípios básicos, essenciais da Doutrina Espírita?
Kardec também teve um cuidado especial com as crianças, relatando que a criança bem orientada, educada nos preceitos da Doutrina espírita, tornar-se-ia um jovem, um adulto, mais consciente, disciplinado, educado, coerente com os princípios de amor, divisando o equilíbrio psíquico, moral, intelectual e principalmente espiritual.
Preocupou-se também com os médiuns, pois observou que alguns médiuns passaram a ter condutas lamentáveis a cerca da mediunidade, alienados, considerando-se importantes com fato de, em alguns casos, perceberem a presença de espíritos de moral superior, suscitando neles vaidade, fazendo-os se sentirem mais importantes diante de outros irmãos de caminhada, desviando-se de princípios importantíssimos, como a humildade, o amor e a compaixão, esquecendo os ensinamentos de Jesus. Pois bem, meus irmãos, sabemos que a mediunidade é uma oportunidade que Deus nos para nossa redenção, nossa transformação moral, nosso equilíbrio espiritual, e ainda assim muitos ainda não compreendem.
Viu que em alguns casos os médiuns desviaram a proposta verdadeira da mediunidade, ostentando, usando-a como mercadoria ou como oportunidade para sua autopromoção, aproveitando-se dela para benefícios pessoais, materiais, corrompendo a sua proposta de elevação moral. Fato este, que decerto não nos surpreende, pois vezes nos deparamos com casos semelhantes, mesmo passados mais de 150 anos do surgimento do espiritismo.
É evidente que tudo isso afeta a ética, configura um risco grande para o espiritismo, sem excluir o prejuízo moral para a própria pessoa, prejudica ainda a imagem da Doutrina, além do que, tais condutas representam um desserviço ao Espiritismo.
Kardec não dispensou de nenhum cuidado, se esmerava em detalhes para evitar situações como estas. Sempre primou pela qualidade e a excelência em tudo que fez.
Compreendi e aumentei minhas convicções do quão sério é o espiritismo!
Seriedade esta configurada com a riqueza dos detalhes e o esmero na composição da codificação. Seriedade transcrita em cada relato das viagens por ele realizadas. Cada observação, cada informação, cada aprendizado (sim aprendizado), pois Kardec não se eximiu em nenhum momento de colher nestas viagens novas informações, novas lições sobre os espíritos, as comunicações, suas condutas, suas experiências, capturadas a partir de documentos, correspondências, psicografias a ele repassadas pelos companheiros espíritas das cidades por onde passou.
Compreendi como a codificação é importante, pois o irmão Lionês demonstrou através de seus relatos toda seriedade adotada para elaboração destes do que adiante comporiam adendos para as obras da codificação, para as diversas revistas espíritas, com o critério e a sensibilidade do professor, pedagogo e cientista. De alguém que tinha responsabilidade sobre tudo que escrevia, pois via no espiritismo algo que poderia contribuir para a melhoria da humanidade, dando informes de como poderíamos envidar a nossa transformação moral.
Vi em Kardec um homem que demonstrava um especial cuidado social, pois é claro que o espiritismo tem um aspecto social. É claro que Kardec nunca se envolveu com as questões políticas, pois esta não era e não é a proposta do espiritismo. Se a conduta do homem, melhorada através da vivência espírita, reflete positivamente sobre a convivência social, este reflexo abrange então todas as camadas sociológicas, fato este que é positivo ao Espiritismo, mas nunca se exprime como conduta política. O espiritismo é uma Doutrina educadora, orientadora, transformadora, e aqui é apenas este pensamento e tradução do Kardec que trazemos e refletimos.
Um Kardec que faz toda diferença em nossas vidas. O Kardec que para os que já se afirmam espíritas, não pode ser novo, digo isso partindo do pressuposto que até este ponto casa um que assim se afirma já tenha lido e estudado as obras básicas do espiritismo, pois é através do profundo conhecimento da codificação que podemos compreender todo código moral nos traz e muito disso é reflexo da competência e trabalho de excelência do professor descendente da escola de Pestalozzi.
Precisamos estudar! Precisamos evoluir moralmente! Precisamos nos transformar! Precisamos nos educar! Nos disciplinar!
Precisamos nos entregar! Sim, nos entregar! Porque vejo um Kardec que se entregou de corpo e alma ao Espiritismo. Abriu mão da sua vida, abdicou do seu trabalho, se entregou de forma incondicional ao Espiritismo. E isso é algo esperado para cada um de nós, assumidos como espíritas!
Não podemos mais agir como simples passageiros que faz uma viagem já com a estação de parada predefinida. porque o Espiritismo é apenas uma ponte para algo muito maior que nós. O Espiritismo nos mostra que a ultima estação onde iremos chegar é a FELICIDADE FUTURA. Então nessa existência se encontramos o Espiritismo, não o deixemos, fiquemos nele!
Fiquemos com profundidade! Fiquemos de corpo e alma e espírito! Fiquemos de coração! Assim como o fez Kardec! Assim como está anunciado no Evangelho de Jesus através dos mandamentos: “Amareis o Senhor teu Deus de todo o teu Espírito, de toda a tua Alma e de todo o teu Coração” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Ai está essência do evangelho de Jesus. E não é sem propósito que o Espírito Verdade vem nos anunciar o Espiritismo, acendendo em nós a chamo do amor por esta doutrina.
Amemos o Espiritismo também! Amemos de forma profunda, eficaz, eficiente. De forma responsável, consciente, porque nós não podemos levar o Espiritismo para uma seara de ficção, para uma seara de misticismos, para uma seara de equívocos dogmáticos, porque isso não traduz o espiritismo!
O Espiritismo verdadeiro é aquele que transforma as nossas ações através do evangelho de Jesus. O Espírita verdadeiro é o que conhece e pratica o Evangelho de Jesus. O Evangelho que nos ensina a prática do AMOR. E essa pratica do amor Kardec faz traduzir, com toda sua essência, com toda sua verdade, quando enfim disse em suas preleções nestas viagens, a bandeira do Espiritismo, que, finalmente, é:

“FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO!”

Fernando Oliveira - 29/09/2019.