segunda-feira, 11 de julho de 2011

Em visita a um Presídio Feminino


Em meio aos conflitos da vida e envolvidos com nossas rotinas, preocupados exclusivamente com a necessidade de atender nossas necessidades pessoais deixamos passar despercebidos muitos irmãos em estado calamitoso de sofrimento, dor e desprezo.
O nosso egoísmo não deixa perceber que além de nós tem muitas pessoas carentes de atenção, afeto, um abraço fraterno, um ombro amigo, um olhar sincero, uma simples conversa para acalmar as aflições da vida.
Vivi uma experiência singular. Fui junto com mais dois amigos de ideal cristão, meus irmãos Selmara e Junior, a um presidio feminino visitar uma jovem, que vou preservar sua identidade por questão ética. É uma moça, moradora de rua, que em meio a esta solidão procurou a nós da Casa da Sopa, pois se sentia só, sem ninguém para apoiar, para dar um pouco de paz e conforto ao seu espírito atribulado com os conflitos naturais neste ambiente que preserva uma energia de dor e sofrimento em alto grau de desalento.
Ao encontrá-la, sua surpresa foi tamanha, não tinha esperança que sua missiva chegasse a nossas mãos e a abracei e suas lágrimas foram inevitáveis, como as nossas também.
Fomos ao parlatório e iniciamos nosso diálogo, difícil de fluir, graças à emoção, mas que aos poucos em se aquecendo com o sentimento mais terno que podemos doar a alguém e que não tem paga, o AMOR, conseguimos estabelecer a conversa onde entendemos os motivos de sua prisão.
Na rua os mecanismos muitas vezes são muito radicais e bastante sutis, mas nada pueris. E quem vive na rua precisa se preservar até da obscuridade do preconceito, do radicalismo, do desamor.
E graças a situações assim, longe de proteger ou acusar, que meninas como ela se veem enclausuradas, presas e sós. No presidio tem regras disciplinares da administração e regras bem peculiares definidas imaginem pelas próprias detentas. Muitas até desconhecidas pela sociedade e que ainda teremos que desvendar estes mistérios.
Mas Deus está presente também nestes locais. Almas iluminadas levam o alento, o consolo e felizes descobrimos que diariamente nossa irmã participa de um grupo de oração e através dele se fortalece para continuar sua trajetória até o dia de sua libertação.
Muitas lágrimas, acredito, iremos verter, nós que nos infelicitamos com seu sofrimento, mas muito mais ainda Ela que vive esta dura realidade.
E a prece traz esperança, traz confiança, traz consolo. E neste ato em que juntos comungamos, percebemos que DEUS envia os mensageiros da LUZ para trazer o refrigério para tais corações, tão aflitos, tão doloridos, mas ainda, pasmem, com doçura. O sofrimento não tirou dos seus olhos o brilho da delicadeza feminina. Daí o compromisso de melhorar, de sair da rua, de se voltar para as coisas boas, de ser uma cidadã do bem.
Mas você é minha irmã, não julgamos os erros e sim que és também filha de Deus e portanto uma cidadã como qualquer outro!
Você, como muitos, só está passando uma aragem de sua vida, uma turbulência conflitiva entre o ser e estar, entre o errar e acertar, entre o achar e perder-se ao acaso e o desconhecido. Você está se redescobrindo e vai em breve se ver novamente feliz com a graça do DIVINO amor e do DIVINO amigo de todas as horas JESUS CRISTO.

Um comentário:

  1. As leis das detentas criadas ali naquele universo para lhes garantir uma vida "mais tranquila" deve ser ainda mais dura do que as impostas pela direção. Tomara que esta mulher não se perca ali dentro. Se ela busca Deus, alimento minha esperança de que ela consiga sair dali renovada. Tomara então que não se perca d´Esse caminho. Bjs.

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