domingo, 28 de julho de 2013

As drogas e o Espiritismo

Ele é apenas um garoto, está nos arroubos de sua adolescente idade, tem 20 anos aproximadamente. Seu nome A, tem pai, tem mãe, mais dois irmãos, um com 25 anos o outro mais velho, uma família normal, nos ditames da sociedade. Ele conheceu o mundo e se encantou com a possibilidade de ser livre. Conheceu pessoas e através delas os prazeres da vida. Descobriu um falso prazer, descobriu a sensação de euforia que as Drogas oferecem, mas descobriu também que esta euforia é temporária, queria senti-la mais, e decidiu se aventurar pelo mundo na busca disso.
Esqueceu-se dos valores da família, dos seus vínculos, desprezou o amor dos pais.
Para manter seu vício, não media consequências, precisava de dinheiro para comprar drogas, queria a euforia dos entorpecentes. Envolveu-se também com as bebidas.
Não tinha dinheiro e começou a arquitetar de que forma teria esta posse. Começou a olhar ao seu redor e descobriu que tinha alguns objetos que poderiam ser utilizados para obter dinheiro e com isso o Crack. Começou a se desfazer de suas roupas, relógio, sapatos, bolsa da escola. Deixou de frequentar as aulas, pois passava noite afora com os supostos amigos de aventura, eles queriam A por perto. A, tinha algo a oferecer: suas posses. Agiam como verdadeira sanguessuga, se A, não tinha dinheiro, A, tinha um objeto que rapidamente se transformaria em grana, num linguajar próprio.
A, já não tinha mais nada, apenas algumas peças de roupa para trocar. Enquanto isso seus pais e irmãos viam o desenrolar deste cenário em plena preocupação, visto que isso era muito novo.
A, começou a tirar as coisas de casa, primeiro algum objeto de um irmão, depois descobriu o local que mãe guardava o dinheiro do pão. E se não tinha nada gritava, xingava, provocava, gerava balbúrdia no seu lar e saía aos desesperos à procura de algo para permutar pelas drogas.
Surge uma ideia na cabeça de A, porque não roubar alguém? Nossa como sou esperto! Sim, vou fazer isso, vou subtrair algum objeto do primeiro bobo que surgir à minha frente!
Assim A o fez. Começou a observar ao seu redor e viu que uma moça distraída falava ao celular. E quando ela menos esperava A, alcançou sua mão, retirando seu celular, empurrando-a e saiu correndo desesperadamente, ensandecido. Um novo prazer A experimentou, a adrenalina causada pelo crime do roubo.
A família de A, não sabe como combater este mal. Isso gerar transtornos profundos nas relações. Os irmãos dizem que não querem continuar em casa, tendo A, a roubar seus objetos. Os pais adoecem, surgem traumas profundos. A família considera o envolvimento de A, com as drogas, erro de criação e que A, é um vagabundo, passa a desprezá-lo.
A, percebe o desprezo da família. Sua família decide interna-lo. Gastam todas as posses, ainda restantes, considerando que, retirando-o do convívio familiar e da aproximação dos amigos, estes tais amigos que o influenciaram para o consumo das drogas, certamente A, mude e deixe de consumir as drogas.
Ledo engano. A, quando internado, fica profundamente triste e em sua mente rodeia apenas a ideia de que sua família nunca lhe amou, que eles não o querem por perto. Vem a crise de abstinência. A, precisa do Crack, é insuportável: Espasmos, calafrios, dores, vômitos. Os médicos e enfermeiros da clinica onde A, foi internado aplicam sedativos. A, apaga literalmente.
A, desperta no dia seguinte sem entender o que está acontecendo. A, lembra-se das drogas. A, lembra-se que sua família o desprezou. A, quer sair deste lugar, precisa pensar em algo para fugir. A, é acompanhado pelos enfermeiros para um passeio no pátio e percebe um muro alto. Decide que irá fugir pulando este muro.
A, aproveita uma pequena distração do enfermeiro e escala o muro como um animal selvagem que luta por sua liberdade. Seu coração pulsa forte. Ele vê-se nas ruas, corre desesperadamente, sai sem rumo. Em sua mente apenas a certeza que não voltará para casa. Sabe também que existem lugares onde encontrará os fornecedores da droga que tanto necessita, mas como conseguir? Está sem dinheiro, decide roubar.
A, rouba. Acha um local onde comprar as drogas, vai para as ruas, conhece outras pessoas, que também como ele, são usuários de drogas, que tem mentalidade diferente, que entendem que todos estão contra eles e que desta forma contrários as regras e aos convencionalismos sociais estriam protegidos. A, sente fome, esquece-se da própria higiene, quer se drogar desesperadamente. A, está obcecado por esta monoideia: drogas.
A, faz amizade com outro jovem que é usuário de drogas que fala de uma forma fácil de ganhar dinheiro. A, fica curioso pede para este amigo lhe explicar, como? O amigo Z de A, diz pra ele que é possível usar o próprio corpo como mercadoria. A, descobre a prostituição. A, trona-se garoto de programa. Mesmo nas condições precárias de higiene, existem pessoas dispostas a pagar pelo sexo fácil, sem usar os instrumentos de proteção, e até mesmo sem conhecê-los. A, faz sexo sem preservativo. A, descobre que está com um escorrimento, uma secreção na sua genitália. A, contrai sua primeira doença venérea. O amigo Z de A fala que é normal, que tomando uma bezetacil (mesmo sem nenhuma indicação médica) resolve e assim ele faz. Considera que ficou bom, volta para as ruas, continua se drogando, volta à prostituição. Perde o controle sobre si próprio, esquece que ainda tem família, esquece-se dos verdadeiros amigos. A, torna-se soro positivo e mesmo assim continua se prostituindo.
A história de A se confunde com muitas outras que estão entregues à própria sorte.
A, como muitos outros que se encontram pelas ruas, tomam conhecimento de algumas pessoas que se dedicam a ajuda-los.
Estes desconhecidos de bom coração que dão alimento, oferecem roupas, abrem as portas das instituições que frequentam para oferecer banho, uma palavra amiga, um consolo, indicam uma forma diferente de viver. A não entende porque estas pessoas fazem isso. Pensa: Como pode esse pessoal deixar de estar em suas casas para se dedicar a nós?
Compreender os dilemas e conflitos que cada usuário de drogas passa é uma preocupação de muitas instituições e pessoas que buscam formas de colaborar com o reequilíbrio destes indivíduos, que como A, muitas vezes são invisíveis para a sociedade.
São jovens, homens, mulheres, que graças a esta forma corrompida de viver se alienam e sofrem as tristes consequências decorrentes de suas escolhas impensadas.
As consequências são fome, pouca higiene, desprezo, doenças sexualmente transmissíveis, esquecimento, roubo, latrocínio, homicídio, suicídio.
 
Ai entra o espiritismo na busca da compreensão destes diversos fatores, dos diversos motivos que os leva a optar pelas drogas, como forma de fuga.
Há que se entender, dentre as diversas terapias recomendáveis para solucionar o problema decorrente do envolvimento com as drogas, temos que considerar também o tratamento espiritual, através de passes, água magnetizada, e desobsessão, de acordo com as metodologias aplicadas em cada centro espírita disponível para os atendimentos destes casos tão complexos. Que enquanto espíritos, somos eternos, que além dos motivos visíveis pelos olhos da carne, existem certamente os problemas espirituais e podem ser consequentes de outras encarnações decorrentes de escolhas e atitudes indevidamente conduzidas nesta condição meramente material de um espírito em processo de evolução. Por este prisma, olhando para o SER INTEGRAL, admitimos que podemos sofrer, além do efeito psicopatológico, os efeitos de diversas encarnações cheias de compromissos necessitados de ajustes.
Joanna De Ângelis, no Livro o Homem Integral, na sua introdução diz que: “O Espiritismo, por sua vez, sintetizando diversas correntes de pensamento psicológico e estudando o homem na sua condição de Espírito eterno, apresenta a proposta de um comportamento filosófico idealista, imortalista, auxiliando-o na equação dos seus problemas, sem violência e com base na reencarnação, apontando-lhe os rumos felizes que deve seguir”.
E onde entra o livre arbítrio nesta concepção? Somos todos livres para nossas próprias decisões, só que, associadas a estas decisões, devemos assumir as responsabilidades e arcar com as consequências das nossas escolhas.
Jesus, psicólogo por excelência, nos indica lembrando nas bem aventuranças, como um código de condutas, condição necessária para nos mantermos equilibrados e em sintonia com o nosso ser astral.
Mas é através do amor que encontramos as melhores explicações e orientações para combatermos os diversos dilemas ocasionados pelas drogas. Este mal do século.
Estamos numa época em que toda a sociedade está voltando o seu olhar para os jovens. Os jovens que saem as ruas para protestar por seus direitos, por melhor condição de vida.
Mas o jovem de hoje será o adulto de amanhã que encontra em suas referências as relações interpessoais, que encontra no seu cotidiano o relacionamento familiar. A célula máter da sociedade. “Amareis o Senhor teu Deus sobre todas as coisas”, “Amareis o teu próximo”, “Amareis o teu inimigo”. Quiçá, que entre os membros de nossa família, não estejamos estabelecendo um reencontro com aquele que em vidas passadas nos foi um algoz ou que nós mesmos não tenhamos sido seu malfeitor. Entre tantas explicações, a única certeza é que não podemos conduzir nossas vidas em equilíbrio se não conseguimos viver em harmonia com o nosso próximo e muito mais ainda com o nosso próximo mais próximo, nossa mãe, nosso pai, tio, avô, avó, irmão, primo.

As muitas ações estão direcionadas para a busca de forças externas com as próprias instituições filantrópicas e o governo que se preparam para apoiar a sociedade no enfrentamento das dependências e consequências que o envolvimento com as drogas podem trazer para a vida da humanidade. Se através de políticas públicas, seja através da família, seja através de instituições religiosas, com as casas espíritas, sem compaixão, respeito, humildade, beneficência, perdão e amor, jamais teremos condições de sair vitoriosos contra o vilão que aqui chamamos de drogas, mas essencialmente não devemos esquecer que temos que confiar na providência divina. Temos que ter fé, acreditar que Deus está no controle de tudo e que sem ele não teremos forças para conquistar a elevação e a sublimação de nossos corações na experiência das problemáticas que a diversas drogas nos afetam.
Orai e vigiai, mas muito mais que isso, em cada oração que fizermos, peçamos a Deus pelo reequilíbrio de muitos homens, mulheres, jovens e crianças que migram por esta vida como verdadeiros zumbis alienados pelo uso destes alucinógenos destruidores da saúde psíquico-física que tanto afetam a humanidade.

Um comentário:

  1. Infelizmente, a história de A se repete incontáveis vezes por dia, se tornando a mesma de B à Z. Muitos dos que leram essa dissertação lembraram de alguma família que passou por um caso bem parecido. Por sorte, esses infelizes encontram verdadeiros anjos que tentam ampará-los com um cuidado que nós, pessoas "normais" (que não somos acostumados a ver tamanha bondade) não entendemos o por que de saírem de suas casas, em seu momento de descanso, para dar alimento, conversar horas seguidas, tratar ferimentos, abraçar, dar amor a pessoas que a maioria de nós vemos como animais (não sejamos hipócritas ao negar), sujos, mal vestidos. E mais, nos impressionamos ao saber que essa é a verdadeira caridade. A maior intenção do espiritismo, a CARIDADE, ao meu ver, é a mais eficaz para resolvermos os problemas do povo. Não podendo confundir caridade com outras doações que costumamos fazer, pois, não estamos sendo caridosos ao doar um lençol ou alimento algumas vezes na vida. A verdadeira caridade, a que Deus reconhece, é a que fazemos por meio de renúncia. Renúncia de nossos prazeres e tudo o que nos alegra. Ninguém falou que seria fácil fazer o bem.
    Esse texto nos traz um momento de reflexão importantíssimo. Existem muitos que precisam de nós. Como daremos amor a essas pessoas quando não sabemos dar nem aos que nos rodeiam?
    Muitos o lerão e dirão: vou mudar, tentar ajudar de alguma forma.
    Não esqueçamos o real significado de caridade. Será mais hipócrita do que era antes de ler esse texto se disser isso e não praticar.
    Parabenizo ao querido Fernando Oliveira por, ao lado de Deus, sempre tentar abrir nossos olhos para nossas atitudes, sempre nos dando o verdadeiro exemplo a ser seguido para nos tornarmos pessoas melhores.

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