sexta-feira, 23 de junho de 2017

Dai de graça o que recebeste de graça.



Meus irmãos há muito venho me questionando sobre a prática da mediunidade em busca de benefícios pessoais ou até mesmo no propósito da auto divulgação.

Evidentemente que o nobre codificador não poderia deixar de nos abastecer com orientações neste contexto, visto que o próprio Jesus nos traz em suas passagens, quando de suas instruções aos discípulos, a forma correta de se comportar em torno deste assunto, a saber:

Está no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 26: Dai gratuitamente o que recebeste gratuitamente.

No item 1 temos: "Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente." (Mateus, 10:8)

O Dom de curar é um ato divino, concedido por Deus àqueles que priori deveriam utilizar esta divina sensibilidade para o restabelecimento do equilíbrio psíquico/físico/espiritual aos que de alguma forma possam estar em estado de desarmonia. Daí a orientação do Mestre Jesus, conforme descrito por Mateus.

Acrescenta Alan Kardec em sua apreciação sobre esta passagem bíblica:

Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente, disse Jesus a seus discípulos. Por este ensinamento recomenda não cobrar por aquilo que nada se pagou; portanto, o que tinham recebido gratuitamente era o dom de curar as doenças e de expulsar os demônios, ou seja, os maus Espíritos; esse dom lhes havia sido dado gratuitamente por Deus para o alívio dos que sofrem, para ajudar a propagação da fé, e lhes disse para não fazerem dele um meio de comércio, nem de especulação, nem um meio de vida.”

Mas não satisfeito com o comportamento humano da época, que não nos parece distinto nos tempos de então, Jesus acrescenta mais ainda em torno deste tema:

“Disse em seguida a seus discípulos, na presença de todo o povo que o escutava: Guardai-vos dos escribas que se exibem passeando em longas túnicas, que adoram ser saudados em lugares públicos, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nas festas; que, sob o pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas. Essas pessoas receberão uma condenação mais rigorosa. (Lucas, 20:45 a 47; Marcos, 12:38 a 40; Mateus, 23:14)”

A referência desta passagem bíblica faz alusão aos que se sentem revestidos do poder de curar, fazer orações ou afastar os demônios e com isso sentem-se vaidosos por tal ação e ainda acham-se no direito de cobrar como se este DOM seja propriedade exclusiva e com isso pensam poder gozar dos benefícios, em se destacando dos demais, como sendo alguém especial. Cuidado com o orgulho e a vaidade, estas duas máculas da sociedade!

Kardec Alerta:

“Exigir pagamento por orar a Deus por outrem é transformar-se em intermediário assalariado.”

“Como sabemos, Deus não cobra pelos benefícios que concede. Como pode alguém, que nem mesmo é o distribuidor deles, que não pode garantir sua obtenção, pretender cobrar por um pedido que talvez nenhum resultado produza?”

E mais um exemplo da índole e caráter de Jesus se mostra no texto seguinte:

Vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, tendo entrado no templo, começou a expulsar de lá os que vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombos; e não permitiu que ninguém transportasse qualquer utensílio pelo templo. Também os instruiu ao dizer: Não está escrito que minha casa será chamada casa de orações por todas as nações? E, entretanto, fizestes dela um covil de ladrões. Os príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, procuravam um meio de prendê-Lo; pois temiam-No, uma vez que todos estavam tomados de admiração pela sua doutrina. (Marcos, 11:15 a 18; Mateus, 21:12 e 13).”

Jesus mostra claramente que não estava preocupado com o julgamento que fariam de suas atitudes neste caso. Ele deixa claro que a fé não é mercadoria, que o cuidar do próximo tem que ser um ato de Caridade, de benevolência e de entrega plena. Como então utilizar um local destinado à oração e encontro com Deus para fins escusos?!

“A cada um segundo suas obras! (Romanos 2:6)”

Mas e no que tange a Mediunidade? É certo utilizá-la como forma de auto promoção? É justo se sentir diferenciado por saber ter mediunidade, a possibilidade de se comunicar com os desencarnados, de perceber suas presenças e ainda assim utilizar este mecanismo como forma de ser gratificado, como forma de pagamento, para seu uso pessoal? O que dizer então daqueles que tem dons magnéticos e os utilizam para prejudicar o outro, para desequilibrar a vida de alguém apenas pelo fato de não gostar, de ter algum desentendimento?

Assim está no Evangelho Segundo o Espiritismo no texto “Mediunidade Gratuita”:

“Os médiuns de agora – visto que também os apóstolos tinham mediunidade – receberam igualmente de Deus um dom gratuito: o de serem os intérpretes dos Espíritos para instruírem os homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé e não para venderem palavras que não lhes pertencem, visto que não são o produto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre seja deserdado dela e possa dizer: Não tive fé, porque não pude pagá-la; não tive o consolo de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles que  choro, porque sou pobre. É por isso que a mediunidade não é um privilégio, e se encontra por toda parte. Cobrar por ela seria desviá-la de seu objetivo providencial.”

“Quem conhece as condições em que os Espíritos bons se comunicam, a repulsa que sentem por tudo que é de interesse egoísta, e sabe quão pouco é preciso para os afastar, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores esteja à disposição do primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão. O simples bom senso repele semelhante ideia.”

O destaque acima por si só já esclarece que a hipocrisia e a má conduta de alguns que utilizam a mediunidade de forma errada os afastam da assistência dos bons espíritos, pois somos uma forte energética e através de nós mesmos nos associamos aos bons, se formos bons, e aos maus, se o mal desejarmos.

Esclarecem mais os espíritos na codificação:

“Mediunidade séria não pode ser e jamais será uma profissão, não somente porque seria desacreditada moralmente, e logo se assemelharia aos que leem a sorte, mas também porque um obstáculo se opõe a isso. É que a mediunidade é um dom essencialmente móvel, fugidio, variável e inconstante. Ela seria, pois, para o explorador, um recurso completamente incerto, que poderia lhe faltar no momento mais necessário.”

“Aquele, pois, que não tem do que viver, que procure recursos em outros lugares, menos na mediunidade, e que apenas dedique a ela, se for o caso, o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifícios, enquanto se afastarão daqueles que esperam fazer da mediunidade um modo de subir na vida.”

O que nos falta então para agir conforme as orientações do Divino Mestre e dos Espíritos amigos?

Penso que a nossa conduta já define quem somos. Nossas atitudes, comportamentos, formas de agir e pensar.

Edgar Harmond no Livro Passes e Radiações afirma: 
“Referimo-nos aos esforços íntimos em relação aos hábitos, costumes, necessidades e outros aspectos da vida moral do indivíduo, destinados a mudar os seus sentimentos negativos, vencer vícios e defeitos, dominar paixões inferiores e conquistar virtudes espirituais, isto é, a reforma íntima.”

Devemos atentar constantemente para nossos hábitos e costumes. Observar se o certo que incutimos em nosso comportamento e forma de pensar é de fato o correto. Parar de agir como se nossas atitudes não refletissem sobre a vida dos outros. Combater o egoísmo, deixar de ser individualistas, arrogantes, orgulhosos e vaidosos.

Lembro então o Apóstolo Paulo: 
“Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também vos levará a praticar o bem, já que não basta uma virtude negativa: é necessária uma virtude ativa. Para fazer o bem é preciso sempre a ação da vontade; para não se praticar o mal, basta muitas vezes a inércia e a indiferença.”

E assim chancela a máxima que todo cristão deve perseguir e praticar constantemente:

“FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.”

É por isso que Jesus nos orienta “DAI DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE”.

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